A vida dá muitas voltas e se hoje se pode estar por cima, amanhã pode não ser assim ou vice-versa. O futebol, tantas vezes motivo de discussão e discórdia, também une e abre caminhos. Que o diga Rúben Semedo, central português que há cerca de um ano estava detido numa prisão em Espanha por problemas fora dos relvados e, um ano depois, é chamado à seleção portuguesa.

O mundo é como uma bola de futebol e gira. Gira tanto que há sempre vitórias para conquistar mesmo depois de algumas derrotas e desaires. E o último ano de Rúben Semedo tem sido uma verdadeira montanha de emoções.

Quando foi detido, a carreira de Rúben Semedo parecia terminada mas o lado mais perfumado do futebol permitiu 'resgatar' o atleta que, depois de cinco meses fechado na cadeia, voltou para a liberdade e entregou-se ao futebol. Primeiro nos espanhóis do Huesca, por empréstimo do Villarreal.

Depois, a entrega foi tanta que o Rio Ave lhe abriu as portas na segunda metade da última época.

Marco Carvalho, diretor-geral dos vilancondenses, não esconde a alegria por ver o atleta chegar ao topo da carreira (como tantas vezes os jogadores admitem que o é quando se vai à seleção do país).

"Quando ninguém acreditava... nós tínhamos a certeza", salientou o dirigente do Rio Ave, em reação à chamada do central que, nesta época, deixou o clube nortenho e se mudou para o Olympiacos da Grécia, onde tem sido pedra fundamental no onze de Pedro Martins.

A vida atrás das grades, para onde foi mandado por alegadamente ter sequestrado, agredido e ameaçado um homem com uma arma ilegal, faz parte do passado.

"Deixar a prisão foi nascer outra vez", chegou a desabafar Rúben Semedo, em entrevista ao jornal 'A Bola', em abril deste ano.

Quinze meses depois, aí está o menino que foi criado no bairro social do Casal da Mira a atingir o patamar da Seleção Nacional.