Portugal
Como é que se diz? Futebol é eficácia?
2017-10-29 22:40:00
Vitória de Guimarães foi vencer à Vila das Aves, por 3-1.

Aves: mais bola, mais remates, mais oportunidades. Vitória: mais eficácia, mais golos, mais pontos. O Vitória de Guimarães venceu no terreno do Aves, por 3-1, num triunfo que veio da eficácia e com um resultado que, se não for injusto, é, pelo menos, demasiado pesado. Só não lhe dizemos que isto resume o jogo porque, assim, já não leria o resto da crónica.

Dizer que o resultado foi injusto é demasiado duro, mas dizer que foi estranho talvez se adeque. A equipa de Lito Vidigal foi superior nos dados estatísticos e mostrou-se mais perigosa no relvado. No entanto, no futebol, isso não basta. O Vitória, uma equipa experiente e com jogadores capazes na finalização, acabou por “matar” o Aves com eficácia. Muita eficácia.

Héldon continua a mostrar muito futebol

Para quem gosta de futebol, a primeira parte foi muito interessante. Muito espaço para jogar, bola cá e lá e, sobretudo, lances de qualidade nos dois lados do campo. O jogo começou logo com o Vitória em vantagem. Aos quatro minutos, um passe magistral de Héldon, a rasgar a defesa do Aves, isolou um Raphinha que já leva oito golos na temporada.

O Vitória optou por não pressionar muito a saída de bola do Aves – que obrigou sempre os centrais vitorianos a bater longo – e isso permitiu que a equipa de Vidigal pudesse pensar o jogo. O Vitória perdia a bola rapidamente, sobretudo por tentar esticar de imediato, e o Aves, apesar de também verticalizar bastante, acabava por ter mais critério em zonas ofensivas. O que faltou? Finalização. Guedes jogou bastante bem em apoio frontal e a distribuir nas alas, mas, depois, e também por isso, não tinha a presença na área de que a equipa precisava.

O golo do Aves acabou por surgir de penálti e de outra forma estava visto que não daria. Com um empate que até já soava mal, Héldon tratou de levar o jogo para intervalo com um resultado totalmente injusto. Mas atenção a este caboverdiano: está com o drible muito fácil e cada vez melhor na decisão, aquele que era o seu maior problema.

Um Aves parecido, mas um Vitória diferente

Na segunda parte, tudo mudou. Notou-se que Pedro Martins pediu a Celis para subir um pouco no terreno, ganhando bolas e fazendo faltas mais à frente. Assim, condicionou a primeira fase de construção avense e o Vitória conseguiu tomar conta do jogo. A Vidigal faltou a sagacidade de perceber que era preciso presença ofensiva, dado que as bolas de Amilton e Agra (ambos a bom nível) nunca tinham sequência. E a parte final do jogo mostrou que Arango, que entrou bem, deveria lá ter estado mais tempo, se calhar até ao lado de Guedes. 

O facto é que quem tratou do resto foi Rafael Martins, que finalizou com categoria e matou o jogo, aos 70 minutos. Após o 3-1, não houve futebol. Faltas, luta, bolas perdidas e um Vitória que se mostrou adulto, a controlar o jogo com bola. 

Por fim, nota para o bom trabalho do árbitro Luís Ferreira. Não detetámos erros significativos e elogiamos a gestão emocional do jogo, adiando os cartões e levando os jogadores à lei do diálogo. Às vezes corre mal essa abertura de espírito, mas, hoje, correu bastante bem.