Portugal
Com futebol assim, quem precisa de grandes ou muitos milhões
2017-11-04 18:45:00
CD Tondela venceu Boavista depois de estar a perder por 2-0, num jogo repleto de emoção e oportunidades de golo.

A lógica do futebol dificilmente destacaria o CD Tondela-Boavista como um dos jogos a observar durante a jornada 11 da liga portuguesa. Porém, perder a receção dos tondelenses ao Boavista foi perder, seguramente, uma das partidas mais emocionantes que presente temporada nacional irá oferecer. Quem o viu certamente não esquecerá tão facilmente. Mesmo tendo sido preciso aguardar mais de sessenta minutos por um golo, não faltaram até então oportunidades suficientes para que CD Tondela e Boavista tivessem chegado ao golo mais cedo. No Estádio João Cardoso choveram ocasiões de golo, mas foi na segunda parte da visita do Boavista a Tondela que a partida atingiu toda a sua plenitude numa das mais espetaculares recuperações que a temporada 2017/18 irá poder observar.

CD Tondela e Boavista defrontaram-se esta tarde no Estádio João Cardoso e com as duas equipas a procurar regressar às vitórias após derrotas na jornada anterior, poder-se-ia adivinhar que ambos os conjuntos sairiam para jogo à procura da vitória, mas dificilmente se poderia imaginar quantas oportunidades criariam para tal. A primeira parte foi cheia, repleta de futebol e intenção, onde apenas faltaram os golos. Desde o apito inicial que assim foi. No João Cardoso o início foi prometedor, mas foi na segunda parte da partida que a mesma atingiu o seu clímax. Futebol entusiasmante para o adepto, mas seguramente desesperante para os treinadores. Em quinze minutos de jogo, erros individuais e deficiências defensivas permitiram que tanto CD Tondela como Boavista criassem facilmente diversas oportunidades de jogo. A fase prematura da partida podia antever que assim acontecesse somente até que ambos os conjuntos assentassem o seu jogo mas, a verdade, é que do início ao fim da partida as oportunidades de golo surgiram frequentemente – logo no minuto inicial, Ricardo Costa, de cabeça, obrigou Vagner a uma das defesas da tarde.

Caída a surpresa em Tondela, pela entrada positiva e ofensiva de ambos os conjuntos em campo, apenas se estranhou que o resultado se mantivesse a zero quando a partida seguiu para intervalo, principalmente, pela dificuldade que a equipa da casa mostrou em defender situações de bola parada, momento da partida que o Boavista aproveitou para aterrorizar Cláudio Ramos. Foi assim que Fábio Espinho, Rossi, Idris (em três ocasiões) e Sparagna (particularmente, que nem isolado praticamente em cima da linha de golo conseguiu aproveitar a desorganização defensiva tondelense) quase levaram os axadrezados a vencer para intervalo, enquanto o CD Tondela, por Ricardo Costa, Pedro Nuno, Hélder Tavares ou Tomané, ao contrário do adversário, criou oportunidades mais pela sua organização ofensiva que devido a situações de bola parada. O nulo seguia com os jogadores para intervalo, mas nem por isso surgiu, na segunda, com vontade de manter no marcador.

A entrada do CD Tondela na segunda parte foi particularmente avassaladora. Em apenas dez minutos, um par de ocasiões de Tomané e uma de Murilo ameaçaram desfazer o nulo em pouco tempo. Uma entrada tão forte que obrigou mesmo Jorge Simão a intervir e a substituir Rui Pedro por Njie. Foi com o conjunto tondelense por cima da partida, porém, que o golo chegou… para o Boavista. Sem estranheza, após um lance de bola parada quando Rossi deu o melhor seguimento ao pontapé de canto batido por Renato Santos. O golo mudou o jogo. Pelo menos, por alguns minutos. Com o CD Tondela ainda a recompor-se do golpe, Ricardo Costa derrubou Njie na área e permitiu que Fábio Espinho, de grande penalidade, aumentasse a contagem para o Boavista. Cláudio Ramos ainda defendeu o primeiro remate, mas nada pode fazer na recarga. Njie, entrado minutos antes, saiu lesionado para não mais voltar.

Os golos do Boavista surgiram contra o rumo da partida, mas nem por isso o CD Tondela se rendeu. A estoicidade que a equipa mostrou nas duas últimas temporadas transpô-la hoje para campo e em oito minutos deu a volta ao marcador. Heliardo e Boyd, que saltaram do banco aos 67 minutos, imediatamente antes do segundo golo do Boavista, foram decisivos. Se o segundo sofreu a grande penalidade que permitiu ao CD Tondela reentrar na partida (convertida sem engano por Murilo), o primeiro, foi o autor de ambas as assistências que permitiram a Tomané (primeiro) e a Murilo, depois, dar a volta ao marcador e consumar a reviravolta para o CD Tondela. Foi o clímax de uma partida inesperadamente entusiasmante, mas tão típica da equipa de Pepa.