Portugal
Cláudio Ramos: o "Cabeças" de Viseu que defende que se farta
2018-04-17 22:15:00
O Bancada falou com quem conhece o jogador do CD Tondela e ficou a saber mais sobre o guardião com mais defesas da Liga

Se lhe contarmos que Cláudio Ramos é o guarda-redes da presente edição da Primeira Liga com mais defesas, 112 no total, ou que é o guardião com mais penáltis defendidos na Liga desde a subida do CD Tondela ao escalão principal (seis), muito provavelmente nos dirá: isso não é surpresa para ninguém, o rapaz defende que se farta. E tem razão. Por isso decidimos contar-lhe que entre os amigos, o Cláudio é conhecido como “Cabeças” e que um dia quis levar os colegas a um bar, a pé, mas que escondeu o facto de esse bar estar a uma hora de distância. Mas há mais.

A defesa de Cláudio Ramos ao penálti batido por Guedes em forma de Panenka é apenas mais um pretexto para escrevermos algo sobre um dos guarda-redes que mais destaque tem merecido no nosso futebol. Se não ficar convencido com os números que lhe apresentámos no início deste texto veja o miúdo a jogar e perceberá que estamos na presença de um keeper acima da média. Forte entre os postes e ao nível dos melhores no um-contra-um. Esteve presente na ascensão do CD Tondela até ao escalão maior do futebol português e o Bancada descobriu umas histórias engraçadas sobre o “Cabeças” de Viseu.

Cláudio Ramos defende penálti na partida frente ao Rio Ave (1-1) Foto: Fernando Veludo/Lusa

O “Cabeças” e o receio de ir à pendura

“O Cabeças ia sempre com medo quando eu ia a conduzir”, contou, ao Bancada, Márcio Sousa, antigo capitão do CD Tondela e grande companheiro de Cláudio Ramos, nas aventuras do dia-a-dia, durante muitos anos. O atual jogador do Moncarapachense, a disputar o Campeonato de Portugal, recordou algumas das aventuras vividas com Cláudio Ramos, a quem chama carinhosamente Cabeças - ou Morteiro -, “pelas dimensões avantajadas da cabeça”, explicou Márcio Sousa, que parecia não convencer o colega com os seus dotes ao volante.

“O que acontecia, todos os dias, era o seguinte: como vivíamos os dois em Viseu, ele vinha até minha casa e depois eu levava o meu carro para os treinos e como eu estava sempre ensonado ele ficava com medo. Dizia-me que eu era perigoso e que nunca estava atento. Um dia vínhamos a caminho e eu estava a falar ao telefone. Atrás vinha um carro sempre a buzinar e o Cláudio, na pendura, disse-lhe para ele passar por cima. O carro ultrapassa-nos e diz-nos que é polícia. Bem. O Cláudio calou-se logo, cheio de medo, e não fez mais gesto nenhum. Pensámos que estávamos tramados, mas ele lá nos deixou ir.”

O bar que fica a dez minutos. Só que não...

A verdade é que os caminhos de Viseu nunca foram estranhos para Cláudio Ramos, afinal de contas, é natural de Touro, Vila Nova de Paiva. E em dia de festa por aquelas zonas se quiserem ir beber um copo perguntem ao Cláudio, mas atenção, preparem-se para andar. Para andar muito. Quem nos recorda o momento caricato é Ruca, atualmente emprestado pelo CD Tondela ao Alki Oroklini, do Chipre. Aconteceu depois da vitória sobre o SC Braga (2-0) no última jornada da temporada passada. Os dois golos garantiram a permanência na Primeira Liga e a noite foi de festejos.

“Fomos todos jantar e festejar e há sempre alguns abusos, nada de extraordinário mas um copito a mais num ou noutro colega”, começou por explicar Ruca, ao Bancada. A época tinha sido longa e complicada, ninguém levará a mal um copo de vinho a mais a estes jogadores. “Depois do restaurante, já eram três ou quatro da manhã, fomos levar um colega nosso a casa, em Viseu, e depois íamos apanhar um táxi para irmos a um bar que o Cláudio dizia que conhecia. Mas àquela hora, naquela zona, apanhar um táxi era uma missão impossível. Vira-se o Cláudio, ´pessoal também podemos ir a pé, o bar fica a dez minutos’.” Oh dez minutos. “Demorámos mais de um hora a chegar ao bar, com o Cláudio a dizer que estávamos a chegar. ‘E já ali’ dizia ele para mim e para o Hélder”. A verdade é que quando chegaram ao tal bar, o segurança disse-lhes que só tinham dez minutos pois estava na hora de fechar.

Estas são algumas histórias sobre um rapaz bem disposto e sempre pronto a ajudar os colegas. Alguém que tem um sonho, mas que ama o CD Tondela. Pelo que tem feito entre as quatro linhas arrisca-se a um dia ter de se despedir do clube que tanto respeita, um clube onde se fez homem e jogador e onde é respeitado por todos, garantem os colegas.