Portugal
Casillas, a lenda não desiste e teima em fazer história
2018-02-08 16:00:00
Internacional espanhol entrou no top 10 dos guarda-redes com mais jogos ao serviço do FC Porto

Aos 36 anos, Casillas teima em fazer história. O internacional espanhol já viveu melhores dias de dragão ao peito, mas apesar de não ser titular nesta fase da temporada, acaba por marcar presença nos jogos mais marcantes da época. A titularidade frente ao Sporting, na primeira mão das meias-finais da Taça de Portugal, que terminou com o triunfo do FC Porto, por 1-0, permitiu ao mítico guaridão campeão do Mundo e campeão da Europa de seleções alcançar o centésimo jogo de dragão ao peito, tornando-se no décimo guarda-redes do clube a chegar à barreira centenária em encontros oficiais: de 2015/16 para cá, fez 73 jogos no Campeonato, quatro na Taça de Portugal, três na Taça da Liga (provas onde nunca tinha feito sequer um minuto até à presente temporada), 18 na Liga dos Campeões e dois na Liga Europa, tendo sofrido 73 golos.

Esta marca, mais uma de um vasto palmarés, não deixou necessariamente o camisola 1 do FC Porto indiferente. Radiante pelo feito, o guarda-redes espera agora ter a recompensa dos títulos. "É muito bom. Quando cheguei vinha com muita ilusão. No primeiro ano tive sensações diferentes, pois foram muitos anos no mesmo clube, mas com a estabilidade do ano anterior e este creio que é positivo", afirmou, após a importante vitória, sublinhando: "Oxalá cheguem mais jogos e saia com campeonatos e taças, o que queremos todos. Na nossa mente está o campeonato, que é o mais importante. A Liga dos Campeões é um sonho: temos de ir com humildade, desfrutar mas também sonhar."

Casillas tornou-se no segundo estrangeiro a alcançar o registo centenário (só superado por Helton), e no segundo guarda-redes mais rápido da história a fazê-lo, apenas batido por Zé Beto. O espanhol necessitou de 907 dias para completar o centésimo jogo de dragão ao peito contra 815 dias do antigo internacional português. Vítor Baía, o mais utilizado da história do FC Porto, precisou de 934 dias para atingir o jogo número 100.

Além de Casillas, apenas nove guardiões alcançaram semelhante marca ao serviço dos dragões: Vítor Baía, Helton e Barrigana são os três com mais jogos, seguidos de Américo, Zé Beto, Rui Teixeira, Fonseca, Tibi e Acúrsio. Mlynarczyk, campeão europeu pelos dragões em 1986 e vencedor da Taça Intercontinental, ficou a nove jogos do centenário, contabilizando, então, 91 jogos com a camisola azul e branca.

O Bancada mostra-lhe o registo individual do top 10 de guarda-redes ímpares na história do FC Porto. A começar por Vítor Baía, que totalizou uns impressionantes 566 jogos de dragão ao peito.

VÍTOR BAÍA (566 jogos)

Estreou-se na baliza do FC Porto a 11 de setembro de 1988 num empate a uma bola em Guimarães com Quinito no comando técnico dos dragões. Este foi o primeiro momento de uma vasta carreira de 17 (!) temporadas ao serviço dos azuis e brancos culminadas com 566 jogos, correspondentes a... 25 títulos: uma Liga dos Campeões, uma Taça UEFA, uma Taça Intercontinental, dez Campeonatos Nacionais, cinco Taças de Portugal e 7 Supertaças. Foi internacional português em 80 ocasiões.

HELTON (334 jogos)

Defendeu a baliza do FC Porto durante 11 temporadas (de 2005/06 a 2015/16), ao longo das quais completou 334 jogos de dragão ao peito. Conquistou uma Liga Europa, sete Campeonatos Nacionais, seis Supertaças e quatro Taças de Portugal. Foi internacional pelo Brasil em três desafios. A estreia ao serviço do FC Porto ocorreu a 11 de janeiro de 2006 num triunfo de 2-1 na Figueira da Foz, diante da Naval. O holandês Co Adriaanse era o treinador.

BARRIGANA (324 jogos)

Natural de Alcochete, representou o FC Porto durante 12 temporadas (entre 1943 e 1955). Estreou-se a 5 de dezembro de 1943  com um empate a dois golos em Guimarães, diante do Vitória, pela mão do húngaro Lipo Herczka. Foi o primeiro de um total de 324 encontros de dragão ao peito. Conquistou três títulos no Campeonato do Porto e somou 12 internacionalizações.

AMÉRICO (255 jogos)

Completou 13 épocas no FC Porto (entre 1952 e 1969), tendo conquistado um Campeonato Nacional e uma Taça de Portugal ao serviço dos azuis e brancos. A estreia teve lugar em Évora, perante o Lusitano, a 21 de dezembro de 1952, numa derrota de 3-0. era o argentino Lino Taioli o treinador do FC Porto. Foi internacional português por 15 ocasiões.

ZÉ BETO (180 jogos)

Representou o FC Porto durante sete temporadas consecutivas (de 1982 a 1989), tendo efetuado o primeiro jogo de dragão ao peito a 23 de janeiro de 1983, na goleada de 5-0 aplicada, no Estádio das Antas, ao Famalicão, pela mão de António Morais. Conquistou nove titulos: uma Taça dos Campeões, três Campeonatos Nacionais, duas Taças de Portugal e três Supertaças nacionais.

RUI TEIXEIRA (178 jogos)

Natural da Mealhada, vestiu de azul e branco durante 17 temporadas seguidas (de 1961 a 1978). O FC Porto foi, aliás, o único clube que representou ao longo da vasta carreira, sendo agora treinador de guarda-redes. Conquistou um título de campeão nacional.

FONSECA (173 jogos)

Jogou de dragão ao peito durante seis temporadas, entre 1977 e 1983, tendo efetuado o primeiro jogo a 4 de setembro de 1977, pela mão de José Maria Pedroto, num triunfo de 3-0 sobre o Vitória de Setúbal, no Estádio das Antas. Foi campeão nacional por duas vezes, tendo ainda conquistado uma Supertaça.

TIBI (129 jogos)

Foi guarda-redes do FC Porto durante seis épocas, de 1972 a 1977 e na temporada de 1980/81, ao longo das quais efetuou 129 jogos, o primeiro dos quais a 20 de maio de 1973 numa vitória dos dragões sobre o Boavista, no Estádio das Antas, por 1-0. O chileno Fernando Riera era o treinador de então. Conquistou uma Taça de Portugal e foi internacional por duas vezes.

ACÚRSIO (109 jogos)

Titular dos dragões entre 1955 e 1961, somou 109 jogos de azul e branco. Estreou-se a 1 de janeiro de 1956 num triunfo frente ao Sporting por 3-1, sob o comando técnico do brasileiro Dorival Yustrich. Conquistou dois Campeonatos Nacionais e uma Taça de Portugal e foi internacional português por oito casiões.

CASILLAS (100 jogos)

O extraordinário currículo que ostenta ainda não teve correspondência em Portugal no que diz respeito a títulos. Contratado ao seu clube de sempre, o Real Madrid, em 2015, foi uma das contratações mais sonantes de um clube português a nível de currículo: além de ser campeão mundial e bicampeão europeu de seleções, o guarda-redes conquistou um total de 18 títulos pelos merengues (cinco Campeonatos, duas Taças, quatro Supertaças, três Ligas dos Campeões, duas Supertaças Europeias, um Mundial de Clubes e uma Taça Intercontinental), num total de 725 (!) jogos. Chegou agora aos 100 desafios pelo FC Porto, pelo qual se estreou a 15 de agosto de 1985 com um triunfo de 3-0 frente ao Vitória de Guimarães na era Lopetegui.