Portugal
Bruno Varela gostava de voltar ao Dragão mas... "sem bolas de golfe"
2019-02-25 10:00:00
Guardião formado no Benfica alinha agora no Ajax de Amesterdão

Por mais jogos que realize e defesas que faça, Bruno Varela jamais esquecerá o dia 19 de março de 2017, quando ajudou a travar o FC Porto, em pleno Dragão, quando os azuis e brancos podiam ter assumido a liderança do campeonato, após um empate do Benfica, no dia anterior diante do Paços de Ferreira. Então a defender a baliza do Vitória de Setúbal, Varela e os companheiros arrancaram uma igualdade que se viria a revelar decisiva no desfecho da Liga portuguesa, vencida pelas águias nessa época.

O cenário estava montado em pleno Dragão com quase 50 mil nas bancadas, a grande maioria, claro está, adeptos portistas que esperavam uma vitória dos azuis e brancos que, nesse dia, podiam assumir a liderança do campeonato fruto do empate benfiquista, na véspera, no Estádio da Capital do Móvel em Paços de Ferreira.

O nulo encarnado deixava o FC Porto à mercê do primeiro lugar, tendo, para tal, que vencer na receção ao Vitória de Setúbal. E a verdade é que tudo parecia correr bem aos portistas quando Jesús Corona, ao cair do pano do primeiro tempo, marcou e colocou os nortenhos a vencer.

Porém, no regresso dos balneários, os sadinos empataram por João Carvalho, jogador formado no Benfica, e até final a turma Nuno Espírito Santo não conseguiu bater Bruno Varela, num jogo que acabou por permitir ao Benfica continuar na liderança, que manteve no final do campeonato e que resultou no 'tetra' para a equipa da Luz.

Agora, Bruno Varela recorda esse jogo e diz que, se pudesse, voltar a disputar um duelo na carreira era esse que queria mas... sem um artefacto curioso e usado em outra modalidade desportiva.

"O jogo em que fui mais assobiado, que me chamaram mais nomes, que me atiraram isqueiros, moedas e bolas de golfe verdadeiras", recorda Varela, em entrevista ao jornal 'A Bola'.

E prosseguiu: "Tive sorte que não me acertaram com nada. Apesar de ter sofrido um golo, empatámos 1-1, foi um jogo marcante, porque se o FC Porto ganhasse ia para primeiro e, no fim de semana seguinte, havia um Benfica-Porto. Posso dizer que desfrutei mais desse jogo do que um clássico pelo Benfica por essas razões. O estádio estava cheio, porque, como o Benfica tinha empatado no dia anterior, as pessoas já estavam a perspetivar o primeiro lugar antes de irem à Luz. Gostava de o repetir, com os meus companheiros da altura do Setúbal, mas sem bolas de golfe [risos]."

Nesta entrevista, Bruno Varela sustenta ainda as sensações sentidas quando jogou no Estádio da Luz com a águia ao peito.

"Adorei jogar na Luz, ser aplaudido, porque o meu sonho sempre foi defender a baliza da equipa principal e felizmente já o cumpri..

Ainda assim, Varela revela o que há de "diferente" com o ambiente que viveu e sentiu no Dragão como adversário enquanto defendeu as redes sadinas.

"É um sentimento diferente: aquele ambiente do estádio da Luz arrepia-me. Ia ver alguns jogos quando tinha seis e sete anos e aquilo para mim era um mundo, nunca imaginei estar lá dentro. Mas com o Porto há aquela rivalidade lixada, porque eles sabem que eu sou benfiquista. Gosto de jogar nos estádios dos adversários quando estão cheios… Os adeptos deles assobiam quando temos a bola, assobiam quando demoro mais um bocado a repor a bola em jogo, quando faço uma boa defesa e gosto daquele silêncio no estádio quando o golo é da minha equipa."

O guarda-redes falou também sobre Bruno Lage, atual técnico da equipa principal do Benfica, que Varela conhece das camadas jovens da Luz.