Portugal
Bruno Paz, um “ladrão” de maçãs mascarado de William e Matuidi
2018-12-17 19:00:00
"Pegou no cesto e foi-se embora com as maçãs todas".

“Ainda é melhor do que o Miguel Luís. Este, sim, tem de ser aposta”. Esta frase foi veiculada várias vezes, nos últimos dias, a propósito da aposta de Marcel Keizer em Miguel Luís e Bruno Paz, dois jovens formados em Alcochete e lançados na passada quinta-feira, na Liga Europa.

O Bancada falou, então, com Francisco Aguilar, José Marinheiro e Tiago Calila, todos ex-colegas de Bruno Paz, que nos contaram histórias com maçãs, com desilusões e que nos traçaram o perfil deste jovem de 20 anos.

Antes das histórias, falemos da bola. Quem segue o futebol de formação sabe que Bruno Paz faz da polivalência uma arma, podendo jogar a médio-defensivo, segundo médio, lateral ou até mesmo numa ala. Mas qual é, afinal, a melhor posição para ele? Os ex-colegas imaginam-no mais como médio-defensivo.

Matuidi ou William? Os dois

Francisco Aguilar, atualmente a jogar no Alverca, gosta de ver Bruno Paz o mais atrás possível. “Quando joguei com ele, a posição em que mais gostei de o ver fazer era médio defensivo. Ocupa bem os espaços e, com bola, pensa muito bem o jogo. Pode fazer quer médio quer lateral, mas sempre preferi vê-lo a médio”, diz, ao Bancada, tal como José Marinheiro, atual guarda-redes do Alcochetense: “O Bruno, quando jogou comigo, muitas vezes foi utilizado como central e como médio defensivo. Tem caraterísticas muito interessantes: a qualidade de passe, a capacidade física e, sobretudo, uma tranquilidade e calma fora do normal (viu-se a calma dele ao entrar no jogo de quinta-feira). Para mim, é, claramente, um médio”.

Pedimos aos três ex-colegas que apontassem um craque mundial com o qual Bruno Paz tivesse semelhanças. Todos falaram de William, apesar de Bruno Paz, com 1,79m, ter menos oito centímetros. Francisco Aguilar considera que “faz lembrar William pela calma e serenidade que tem a jogar”, enquanto Tiago Calila, jogador do Fátima, nos fala de alguém que faz a equipa jogar: “É um jogador muito calmo e com muita tranquilidade dentro de campo. Não tem medo de ter a bola no pé e faz a equipa jogar. Um jogador parecido com o William Carvalho: calmo e tranquilo em campo e com uma excelente visão de jogo e grande qualidade de passe”.

José Marinheiro, apesar de dizer que “pela calma, a comparação com William é inevitável”, vai mais longe. “Penso que se assemelha ao Matuidi, devido à capacidade física. Tem tudo para vir a ser um craque. Caso a aposta se mantenha – no meio campo –, ele vai fazer o resto”.

“Para nós era só ’Paz’”

Bruno Paz, barreirense, chegou ao Sporting para jogar nos iniciados, após passagens por Vinhense, Barreirense e Belenenses dos benjamins aos infantis. Desde essa chegada a Alcochete, foi sempre um dos nomes mais falados na formação leonina, tendo mesmo chegado a um Euro sub-19 (derrota com a Inglaterra na final, em 2017).

Já conhecemos o jogador Bruno Paz jogador, bem como o seu percurso. Falta conhecer o homem. Tiago Calila avança, ao Bancada, que Bruno Paz “é cinco estrelas e contagiava o balneário com a sua alegria”, enquanto Francisco Aguilar fala da humildade, honestidade e capacidade de trabalho. “Para além disso, consegue estar sempre muito calmo e alegre. É uma pessoa cinco estrelas”, acrescenta.

Já José Marinheiro faz questão de explicar que, na Academia, não havia Bruno Paz. Havia Paz. “Para nós era só ‘Paz’. É um miúdo extraordinário, muito humilde e que não gostava de dar nas vistas. Mas dentro do balneário era muito animado e estava sempre bem-disposto e na brincadeira”.

“Devolve lá as maçãs!”

Bruno Paz, apesar do caráter animado, é bastante reservado. José Marinheiro afiança que o ex-colega “não se metia em grandes aventuras” e Francisco Aguilar lembra-se de uma história embaraçosa.

“Em Alcochete, tínhamos sempre umas maçãs dentro de um cesto para comer depois do treino. Quando ele chegou à Academia, não sabia que era uma maçã para cada jogador. Então pegou no cesto e foi-se embora com as maçãs todas. Já ia a meio caminho quando lhe disseram que não era para ele levar o cesto e ele veio devolver com um sorriso muito envergonhado. Foi muito hilariante”.