Portugal
Bruno de Carvalho: "No Sporting mando eu, ponto. Em mim, mandam os sócios"
2018-02-22 23:25:00
Bruno de Carvalho esteve na Sporting TV para abordar o pós assembleia geral e a forma de trabalhar da comunicação social

Bruno de Carvalho esteve hoje no programa "Verde no Branco" da Sporting TV e voltou a deixar duras críticas ao estado do jornalismo em Portugal, assumindo não ter algo contra a comunicação social (CS), mas contra os maus profissionais da área. "As pessoas não podem ter medo da comunicação. Eu não tenho nada contra a CS, só contra os maus profissionais. Contra os que usam a calúnia". "A comunicação não é a toda poderosa que acha. Porque tem um drama: as redes sociais. Por isso não abandono as redes sociais. Vale mais um post meu do que as vendas destes jornais. Eu não posso abandoná-las pois todos os dias sou injuriado, humilhado e difamado", acrescentou mais tarde.

"A imprensa jogou tudo o que tinha para que eu perdesse a AG. A azia foi pior do que o golo do Coates. Ficaram doidos quando receberam os resultados. Eles tentaram de tudo. Até dia três e depois de dias três. Tentaram de tudo. Foram do mais baixo possível. Foi desde assuntos familiares, até ao Sporting. Tentaram manchar-me de todas as maneiras", desabafou Bruno de Carvalho. "Sou um amante incondicional do 25 de abril. Detesto o 26, porque nos tornámos numa sociedade de tolinhos. A comunicação social não me perdoa eu ser a prova de que o poder deles também é limitado".

"Sou presidente do Sporting há cinco anos e numa altura em que a própria CS dizia que o Sporting ia fechar e atravessava uma Belenização. Retirei o Sporting desta situação. Um Sporting que não era respeitado pelas entidades, pela Liga, pela Federação, a UEFA e a FIFA só sabiam da nossa história pelos livros. Mas há algum jornalista que saiba mais que eu? Mas o problema é que se arrogam, de facto. De que são seres superiores. Que pegam numa caneta e dão cabo de uma pessoa", afirmou o líder verde e branco.

"O problema é que eu a escrever sou o maior. Vir enfrentar a pessoa, a nível de conhecimento, é chato. Rui Santos, esse guru de trazer por casa do futebol, não foi lá porquê? [sessão de esclarecimento convocada por Bruno de Carvalho] Isso é que era de jornalista, isso é que era de homem. Um jornalista que é jornalista tem sede se saber e deconhecimento. Vai ao local. Nem que seja para provar que a pessoa que lá está não serve para nada. O que ficou provado é que a CS não tem capacidade nem know how para me enfrentar. Sinceramente, eles não têm argumentação, então agarram-se ao estilo", acrescentou ainda Bruno de Carvalho, que definiu como uma "falta de respeito para o Sporting" o facto de apenas seis órgãos de comunicação social terem estado presentes em tal sessão de esclarecimento quando foram convocados 39 jornalistas. "Não fugia a um repto, principalmente se isso fosse a minha profissão".

Bruno de Carvalho acusou ainda Marco Silva de ter fornecido informações falsas à CS acerca de uma reunião entre o próprio, Bruno de Carvalho e um elemento de uma das claques do Sporting que nunca aconteceu, bem como um episódio em que Marco Silva terá impedido Bruno de Carvalho de aceder aos balneários do Sporting. "A partir do momento em que uma pessoa diz a toda a gente que foi despedido e nunca tinha sido, só podia ser ele. Se eu alguma vez tivesse estado com um elemento da claque, com o Marco Silva, o Marco Silva tinha deixado de ser treinador naquela altura. Completamente falso", assegurou Bruno de Carvalho.

Segundo Bruno de Carvalho, "tudo isto só está a unir ainda mais os Sportinguistas" pois cada vez que vai a eleições, entende, sai delas com posição reforçada, voltando a destacar a diferença de tratamento de que é alvo face a, por exemplo, Luís Filipe Vieira. "Se eu estivesse a dever um bilião e duzentos mil euros. Se eu tivesse invadido um estúdio de televisão. Se eu tivesse aquele discurso numa AG. Se eu aparecesse de pijama e a comer batatas fritas… Uma figura patética… Se fosse eu aparecer naquele estado… Este estilo de presidência é o futuro. Este tipo de pessoas, frontais, sem medo, enfrentando os tubarões, são o futuro".

"É uma tristeza que quem manda na CS não tivesse o bom senso de falar com o Sporting porque 'realmente isto é demais'", concluiu o presidente do Sporting. "Ninguém pense que eu vou travar uma cruzada contra o jornalismo. O mau jornalismo sim, vai passar um mau bocado. O bom jornalismo é sempre bem vindo a Alvalade. Eu também sou cidadão, quero bom jornalismo".

A ASSEMBLEIA GERAL

O presidente do Sporting abordou ainda a Assembleia Geral que permitiu ao clube aprovar todos os pontos em discussão. "Esta Assembleia Geral foi muito importante para a minha sanidade mental e para nos sentirmos à vontade para fazer o nosso trabalho. Vivemos num país em que se paga a patetas para falar na televisão. Os sem abrigo precisam e não iriam dizer patetices".

Bruno de Carvalho criticou, porém, a forma como a Comunicação Social fez a leitura dos resultados obtidos na Assembleia Geral do Sporting. "Se não tem sido uma Assembleia Geral Extraordinária eu não estaria aqui a falar consigo. Se têm ido só 500 ou 600 pessoas não estava aqui a falar consigo. E continuamos mais uma semana a ouvir os chavões, apoiados pela Comunicação Social que desde 2011 falam de que fali empresas, que sou um Vale e Azevedo... Porque é que a ERC ou o Sindicato dos jornalistas, ou o CNID, não fazem nada? Abri e fechei empresas. Quando achei que devia. Tenho 46 anos e consegui que a minha mãe trabalhasse ao meu lado nos seus últimos 10 anos laborais. Tenho muito orgulho. Não o fiz com tachos ou tachinhos. É pena que a CS não tivessem sabido fazer a leitura. É isso que distingue aquilo que nasceram para liderar dos que nasceram para debitar. É muito diferente eu ter tido 90% nas eleições cuja mensagem foi clara ‘acreditamos no seu programa’, já estes 90% tiveram uma leitura diferente ‘não acreditamos que seja o Vale a Azevedo, nem em toda a manipulação feita pela CS’ e por isto está aqui o nosso voto de confiança. E a CS não consegue tirar estas ilações".

"Porque se marcou esta Assembleia Geral de dia 17? Marcou-se porque numa AG com oito pontos, de assuntos importantes, chegámos a um ponto em que se queria discutir o regulamento disciplinar e as alterações estatutárias... e vínhamos de uma campanha de chavões. Não se discutia nada, só se falava em pidesco, rei da rolha, ditador, coreano, nazi, venezuelano... Olhámos para a AG e retirámos uma conclusão ao não quererem discutir esses dois pontos. Ficava em causa o nosso trabalho, a nossa credibilidade enquanto órgãos sociais. Era tudo chavões, sempre foi um mar de chavões. Esta AG foi muito importante pois foi mais uma prova de como se faz má comunicação social em Portugal. Não conheço quem vive disto e coloca na mão de uma minoria o seu futuro. Depois de ter sido eleito com a maior votação de sempre do Sporting. Falou-se de amuo, chantagem, espada contra a parede", justificou Bruno de Carvalho.

O JOGO ENTRE O SPORTING E O ASTANA

Bruno de Carvalho analisou ainda o encontro entre Sporting e FC Astana que terminou empatado a três golos e que permitiu a passagem do Sporting aos oitavos de final da Liga Europa. Para o presidente do Sporting, há que compreender a gestão feita por Jorge Jesus e em momento algum esteve em causa o empenho dos jogadores. "Fizemos gestão, mas que nunca colocou em causa a passagem. Queríamos vencer e apanhámos um balde de águia fria. É a vida, é o futebol, com o Tondela foi ao contrário. É fácil todos falarmos, em cada português há um treinador. A gestão do plantel deve ser feita pelo treinador. Confiamos plenamente no treinador para essa missão. Foi evidente que no último jogo havia necessidade premente para vencer, lutámos até ao último segundo e fomos compensados. Hoje facilitou-se um pouco, pelo excesso de jogos e por estarmos qualificados. Distraíram-se um pouco e depois o primeiro golo é duvidoso, há um jogador em fora de jogo que perturba a visão ao Rui Patrício. Depois marcaram mais dois golos fortuitos que acontecem uma vez e o Astana conseguiu dois. Não voltará a acontecer em 200 anos. Não era o resultado que queríamos, mas missão cumprida e olhar já para segunda-feira".

"Passagem sim, mas não foi propriamente agradável o empate. Cumprido um objetivo, temos pena de não contribuir com mais pontos para o ranking. Tornámos o jogo fácil e depois a parte final não estávamos à espera. Estamos nas frentes, com atitude e compromisso a querer dar alegrias", acrescentou ainda.

Para Bruno de Carvalho, de nada valerá o resultado frente ao FC Porto se o Sporting não vencer já esta segunda feira. "Contra o FC Porto será importante se ganharmos na segunda, senão isso deixa de ter importância. É bom pensar jogo a jogo. Não há lugar a mais deslizes em nenhuma das frentes. Se queremos ser campeões temos de almejar ganhar os jogos todos que faltam. Jogos importantes serão todos, independentemente de serem rivais diretos ou não. Temos de estar concentrados. O que se retira deste resultado é que passámos, Portugal continua a ser representado nas provas europeias pelo Sporting".