Portugal
Bruno de Carvalho diz que sportinguistas deviam "ganhar vergonha na cara"
2020-05-15 11:00:00
Ex-presidente clama por justiça passados dois anos do ataque a Alcochete

O ataque a Alcochete aconteceu precisamente há dois anos e Bruno de Carvalho, que chegou a estar entre os arguidos, tendo mesmo sido detido por suspeita de ser autor moral da invasão, e agora viu o seu nome sair da acusação, depois do Ministério Público pedir a sua absolvição, clama por justiça neste caso.

"Atacaram a minha honra, o meu nome, a minha família, os meus pais e toda a gente sem exceção e pensam que vou fazer o quê? Uma festa ou atirar foguetes? Para quê? Para saber o que já sei desde o dia 15 de maio [2018]?", questiona o ex-presidente, dizendo ainda que encara a decisão de que foi alvo, em Alvalade, com a explusão de sócio, como a aplicação da "'pena de morte' sem sequer ouvirem uma pessoa que conheciam há cinco anos e meio".

"Já não falo do julgamento de Alcochete", referiu o antigo líder, lamentando a forma como foi afastado do cargo de presidente e de associado do emblema leonino.

"Ou estou a exagerar? O que me podiam fazer de pior?", questiona Bruno de Carvalho num vídeo publicado na sua página de Youtube.

Bruno de Carvalho aponta ainda para a única coisa que admite agora aos sportinguistas.

"No mínimo, os sportinguistas, tinham de meter a mão na consciência. Sou daqueles que acha que algumas pessoas com intervenção pública deviam pedir desculpa mas, eu dos sportinguistas não é isso, porque as desculpas evitam-se. Sabe o que deviam fazer? Rapidamente, ganhar vergonha na cara e marcar uma Assembleia para me restituirem a minha condição de associado com os plenos poderes. É a única desculpa que lhes permito."

O ex-dirigente realça ainda que durante o seu mandato fez várias denúncias que "ainda estão a mexer".

"A dos vouchers. Por muito que lhes custe ainda está a mexer e já saí do futebol há dois anos", referiu o ex-presidente do Sporting, dizendo que foi tentando mostrar onde estavam "os obstáculos na engrenagem para o Sporting ser campeão".

"Isto é extra quatro linhas", referiu, lamentando o que teve de "aturar no futebol".

"Isso é que fartou as pessoas. As pessoas não estão habituadas a ouvir a verdade e não querem ouvir a verdade".

Bruno de Carvalho recorda ainda que tirou o Sporting "da falência" e deu-lhe "sempre lucro".

"Tive meses sem receber salários porque achava que devia dar o exemplo", sublinhou, projetando o futuro do Sporting.

"Tem de comemorar títulos não idas à Champions nem segundos lugares", realça.

O julgamento da invasão à academia do Sporting, em Alcochete, com 44 arguidos, foi adiado ‘sine die’ (sem data prevista), devido à pandemia da covid-19, segundo um despacho judicial.

A 15 de maio de 2018, jogadores e equipa técnica do Sporting foram agredidos por adeptos ligados à claque leonina Juve Leo. Este processo tem 44 arguidos, acusados de coautoria de 40 crimes de ameaça agravada, de 19 crimes de ofensa à integridade física qualificada e de 38 crimes de sequestro, todos estes (97 crimes) classificados como terrorismo.

Nas alegações finais, a procuradora do Ministério Público (MP) pediu a absolvição de Bruno de Carvalho e dos outros dois arguidos acusados de autoria moral da invasão à academia – Nuno Mendes (Mustafá) e Bruno Jacinto - e defendeu penas máximas de cinco anos para a maioria dos arguidos, considerando ainda não provado o crime de terrorismo.