Portugal
Bruno de Carvalho descreve detalhadamente cela e tratamento dado na prisão
2020-05-15 17:20:00
Ex-presidente do Sporting promete processar "forte e feito" Cândida Vilar e o Estado

Bruno de Carvalho assume que o que viveu na sequência do ataque à Academia "não há nenhum juiz que vá apagar" e realça que a "a acusação de Alcochete foi tudo fantasia".

No comentário com assinatura que assina semanalmente na sua página de Youtube, desta feita gravado no dia em que se cumprem dois anos do ataque ao centro de treinos leonino, o antigo líder verde e branco revela, pela primeira vez, as condições que experimentou durante os dias em que esteve detido à espera de ser presente a um juiz de instrução criminal.

"Ninguém vai apagar uma filha entrar em casa com uma árvore de Natal e ver o pai a ser detido, um cão a cheirar-lhe a roupa íntima, ser metido numa cela com dois metros quadrados", detalhou.

Bruno de Carvalho diz ainda que tinha uma "banheira turca, vulgo buraco no chão, uma janela ampla que era uma coisinha redonda que não tinha meio metro, onde entrava um frio de rachar" e a "área útil" era de "dois metros quadrados".

Além disso, na cela onde esteve detido, o lavatório com "torneira automática" era "um buraco na parede que escorria água azul".

Ao fazer a descrição da cela onde esteve detido, o ex-presidente do Sporting acusa ainda as autoridades de lhe negarem o direito a tomar banho.

"Estive lá quatro dias e deixaram-me tomar banho só no quarto dia", referiu, falando ainda da "visita que essa digníssima senhora Cândida Vilar, que vai ser processada forte e feio como o Estado português, foi lá perguntar se me tinham dado os compromidos. Acham que não me deixaram tomar banho por esquecimento?".

Bruno de Carvalho realça ainda que a opinião pública julga que esteve "numa cela tipo Sócrates com televisão, ar puro".

"Aquilo nem colchão tinha", referiu, dizendo que sofre de claustrofobia e esteve "dois anos sem conseguir dormir no quarto à conta do que fizeram".

Criticando ainda o valor fixado na caução que teve de pagar para sair, admitindo que foi "bem estabelecida para 'matar' o cordeiro".

"Foi inacreditável e acertaram no valor que eu tinha na conta", que era um ano e alguns meses de trabalho.

"Ainda não me foi devolvido", revelou, exigindo que lhe metam "o dinheiro na conta".

Nas alegações finais, recorde-se, a procuradora do Ministério Público (MP) pediu a absolvição de Bruno de Carvalho e dos outros dois arguidos acusados de autoria moral da invasão à academia – Nuno Mendes (Mustafá) e Bruno Jacinto - e defendeu penas máximas de cinco anos para a maioria dos arguidos, considerando ainda não provado o crime de terrorismo.