Portugal
"Bruno de Carvalho dará, tem de dar, um grande presidente do Sporting"
2020-04-15 16:10:00
Eurico acredita no regresso de um líder que Alvalade "necessita". Leia a segunda parte da entrevista ao Bancada

Eurico Gomes apresenta uma visão muito negativa, relativamente ao futebol português, em particular os organismos, sendo que apenas a Federação escapa a esta onda de críticas.

Na segunda parte da entrevista ao Bancada, o antigo internacional português, bicampeão no Sporting, Benfica e FC Porto, volta a surpreender, ao elogiar a liderança de Bruno de Carvalho, no Sporting, considerando que o ex-presidente seria (ou será, como acredita) o melhor presidente que o clube pode ter.

Eurico recorda ainda os tempos de Vale e Azevedo, com quem trabalhou no Benfica, e lembra as portas fechadas por Heynckes, alemão que impediu que o treinador português entrasse na equipa técnica.

Eurico não poupa Pedro Proença, nem qualquer um dos dirigentes da arbitragem. E manifesta pouca crença numa autorregulação do futebol.

Recentemente usou as redes sociais para defender Bruno de Carvalho e considerar que seria o melhor presidente que o Sporting poderia ter.
Na minha carreira, trabalhei com bons presidentes. No Benfica, tive a felicidade de iniciar o meu percurso com um senhor, um autêntico senhor. Borges Coutinho. Era um senhor. Nós, jovens, quando olhávamos para ele víamos um senhor. Era um grande apoio para nós, que nos ajudou a perceber o que era o Benfica. No Sporting, tive João Rocha e no FC Porto tive Pinto da Costa. Os jovens jogadores só não aprendem se não quiserem. Depois, temos de ter a inteligência de avaliar o perfil de cada um. No que diz respeito a Bruno de Carvalho, eu vejo nele um líder que se ajusta excecionalmente bem às necessidades do Sporting, nas qualidades que apresenta, sobretudo em relação à ambição e à dinâmica.

E que dinâmica é essa que Bruno de Carvalho tem, mais do que todos os outros?
É um homem que tem a capacidade de aglutinar a multidão. O Sporting é um clube de multidões. É um homem que, com a sua ambição, consegue agregar, ir de encontro àquilo que os adeptos querem: resultados, vitórias. Depois, é um jovem. É um jovem que estava a aprender. Se o percurso de Bruno de Carvalho tivesse tido continuidade, iria ter mais-valias. De certeza quase absoluta, Bruno de Carvalho dará, tem de dar, um grande presidente do Sporting.

O que falhou então, neste percurso de um presidente quase unânime?
Bruno de Carvalho tem um defeito. Conto aqui uma história. O clube que está mais ligado a mim e que me fez e faz, durante toda a minha vida, convites para eventos é o Benfica. O Sporting, pontualmente, convida-me. Um dia, Bruno de Carvalho fez um convite à imprensa, num célebre jogo em Alvalade, com o Belenenses, no Dia das Mães. Jorge Jesus treinava o Sporting e Domingos Paciência orientava o Belenenses. O Belenenses ganha por 3-1. E por culpa dessa derrota, o homem ficou destruído. Nos bastidores desse jogo, eu vi um homem completamente devastado, a sofrer pelo seu clube. Ele queria fazer daquele um dia de festa e a derrota destruiu aquele homem. Senti que estava ali alguém que poderia trazer um bom futuro ao clube.

E enganou-se, Eurico?
Ele conseguiu agregar, criou infraestruturas, como o Pavilhão João Rocha, num clube tão eclético, o mais eclético. Se me perguntam se gostei da atitude do presidente, eu respondo “não”, porque aquilo não é postura de presidente. Mas ele tem todos os atributos de um grande presidente. É um ‘feeling’ que eu tenho. A única coisa que ele precisa é de estar bem rodeado, para aprender com os conhecimentos daqueles mais experientes. Se ele tiver um, dois homens experientes que o respeitem, ele será um belíssimo presidente, porque vai aprender.

Estaria disponível para trabalhar com Bruno de Carvalho?
Sim, por duas razões. Desde logo pelo Sporting, um clube que nenhum profissional que queira voltar ao futebol pode rejeitar. Depois, porque se trata de Bruno de Carvalho... Eu arriscava. Eu arriscava. Ou melhor: eu apostava.

Defender Bruno de Carvalho dessa forma é, provavelmente, a crítica mais dura a Frederico Varandas...
Eu já defendia Bruno de Carvalho antes de ele ser substituído pelo Varandas. E depois acompanhei toda a manobra até Alcochete.

O ataque em Alcochete não é um detalhe.
Não... Isto não passa como um avião por cima de nós... Aquilo entra em todos nós, sobretudo nas pessoas sensíveis, como é o meu caso. Mas eu sou só futebol, não sou mais nada. Entrava, com certeza, com muito prazer. Em primeiro lugar porque, sem vaidade, acredito que seria uma mais-valia para o Sporting. Eu conheço o fenómeno dos três grandes. Aprendi neles, sei como é cada família dos três grandes. Estive 30 anos diretamente ligado a mudanças de cadeiras.

Com a exceção do FC Porto, onde não ocorreu qualquer mudança de cadeira.
É verdade. O sucesso do FC Porto teve continuidade, na figura do presidente Pinto da Costa.

Não há muitos sportinguistas a defender o regresso de Bruno de Carvalho.
Não sei se concordo. Sei que ele é homem. Tem verticalidade. É sério. É como eu: diz o que pensa. O problema dele, ao contrário de mim, é não pensar no que diz. Um jovem como ele, com tanta ilusão, necessitaria de alguém capaz de lhe dar uns bons conselhos. Repare: de repente, o sonho dele concretizou-se. Tornou-se presidente do clube que sempre amou. Provavelmente, iludiu-se.

Deslumbrou-se?
Completamente. Ele não era um maníaco, não era um louco, é um deslumbrado. E os comportamentos dele ditaram a sua saída. As coincidências que determinaram a sua saída não desmentem um facto: ele merece ser presidente do Sporting. Ele, hoje, tem muito mais força junto da massa associativa do que antes, até porque agora não estaria acompanhado dos incompetentes que lá estavam.

Bruno de Carvalho não desiste e quer regressar. Acha possível esse regresso?
Se depender só da sua vontade e da vontade dos adeptos, não tenho a menor dúvida de que ele regressará. Mas o futebol não é só quando a flor ficou bonita. A flor nasce e fica muito bonita. Mas até lá pode sempre haver alguém que mate a flor, que a queime. No futebol, há muitas formas de... O futebol está repleto de casos de flores que poderiam tornar-se bonitas, mas que foram queimadas...

Está a dizer que há pessoas no Sporting a ‘minar’ esse eventual regresso?
Continuam a minar. Continuam a minar. Ele sempre esteve nessa situação, também por culpa dele. Ele tomou muitas decisões para satisfazer o ego dele, e não pelo interesse do clube. O Sporting é um clube que precisa de ser unido e precisa de todos. Todos, mas com regras, com disciplina, na defesa do clube. Ele devia ter cuidado com as figuras que estão ali só para se aproveitarem do clube. Essas pessoas deveriam ter sido postas nos seus lugares. Esse foi o rastilho para um processo que ainda continua. É pena, porque o Sporting merece paz. E quem sofre são os adeptos... Não distingo sócios de adeptos. Os adeptos mereciam mais vitórias, mais sucesso. E no caso do Sporting parece que quanto mais perdem mais gostam do clube. Adeptos assim deveriam ser alvo de um estudo científico...

Como assim?
Nenhum adepto do Benfica ou do FC Porto deixa de amar o seu clube por uma série de derrotas. Mas o Sporting acumula maus resultados desportivos há décadas. O desgaste dos adeptos do Sporting é tremendo. Mas eles estão lá... Sempre. Trata-se de um património notável, porque os adeptos são a alma de um clube. E o Sporting tem este património, tão valioso, que nunca perderá.

Qual foi o maior erro de Bruno de Carvalho?
Não sei, mas posso dizer que fiquei estupefacto por ele ter deixado blindar o grupo de trabalho, na altura em que entra o Jorge Jesus. Não pelo Jorge Jesus, que foi contratado como treinador, mas pelo facto de ter exigido alguém que blindasse o balneário.

Está a falar de Octávio Machado?
Claro. Com o Octávio foi criado um muro, que impediu que Bruno de Carvalho tivesse acesso àquilo que se passava dentro do grupo. E por isso perdeu um elemento de grande apoio: o Inácio. Octávio Machado não estava ao serviço do Sporting.

Estava ao serviço de quem?
Estava ao serviço do treinador, que exigiu que ele estivesse ali. Tudo bem, Bruno de Carvalho aceitou a opção. Mas estas coisas que acontecem no Sporting não podem acontecer. Tem de se pensar numa estratégia em prol do clube. Depois, quando se ganha, distribuem-se os louros por todos. Um líder tem de ser alguém com mão de aço e luva de veludo...

Ter jogado nos três grandes reforça a autoridade destas suas palavras?
Eu só consegui construir a minha carreira graças a uma ligação de profissionalismo verdadeiramente sã, verdadeiramente digna com os adeptos.

Se pudesse escolher, em qual dos três grandes gostaria de ser campeão, como treinador?
Tinha de ser o Sporting... Tinha de ser o Sporting. O Benfica tem uma estrutura que lhe permite conquistar títulos de forma recorrente. O FC Porto também. Mas estou melhor preparado para integrar uma estrutura de futebol, de baixo para cima, do que para o cargo de treinador.

Trabalhou com Vale e Azevedo no Benfica.
Sim. O José Veiga era o responsável pelo futebol e foi através dele que recebi um convite da estrutura do Benfica, para eu entrar. Só que o Jupp Heynckes nem sequer queria que eu aparecesse junto do grupo. O Shéu, meu antigo colega, um homem maravilhoso, conseguiu convencer a direção de que não faria sentido eu não ser apresentado com o alemão... E lá fui apresentado, mas Heynckes queria que eu fizesse observação de jogos.

E esses relatórios eram valorizados?
Um dia, Heynckes diz-me que não valia a pena ler um relatório que eu fiz de preparação de um jogo, porque o preparador físico dele, espanhol Martin Delgado, conhecia tudo sobre a equipa adversária. E que equipa é essa? Precisamente. O Celta de Vigo. Fiz um relatório todo ‘XPTO’, todo bonito, para agradar ao Jupp Heynckes. E escrevi que Mostovoi podia fazer a diferença e prejudicar o nosso resultado. Ele não quis saber e levou 7. E o Mostovoi fez uma grande exibição. Até marcou um golo.

De regresso a Vale e Azevedo. É hoje considerado o ‘pai’ da pior crise do clube. Tem essa opinião?
É a 'persona non grata' do Benfica, pelas razões perfeitamente conhecidas. Ele, de facto, desrespeitou o regulamento do clube. E como presidente não o deveria ter feito. Mas eu sou testemunha de alguns factos. Estive no gabinete dele por diversas vezes. Ele recebia telefonemas de Londres e, de uma forma incisiva, exigia que o dinheiro fosse colocado na conta bancária, para poder pagar salários aos jogadores e para respeitar outros compromissos do clube. Eu assistia àquilo e concluía o óbvio: ‘este homem tem de ter uma força financeira incrível para gerir este clube’. Ele dizia-me: ‘Eurico, em Portugal nem nos fiam sabão azul e branco para lavar a roupa’. Foi uma fase muito difícil do clube. Vale e Azevedo não foi tão mau para o Benfica como as pessoas querem fazer crer, como as pessoas julgam. Ele foi o presidente que entrou na pior fase da vida do Benfica.

A teoria que faz ‘lei’ é que o período pós-Vale e Azevedo é o pior da história do Benfica. Mentira?
Completamente. Ele, como advogado, errou, facilitou. Mas, do ponto de vista teórico, eu compreendo porque é que ele errou. Ele meteu muito dinheiro no Benfica. Com certeza, foi recuperando o dinheiro que investiu e achou-se no direito de ser ressarcido naquela verba que, posteriormente, deu origem aos processos em tribunal.

A ideia que os adeptos têm de Vale e Azevedo é, portanto, injusta.
Não é de todo justa. Ele era negociante, advogado, habilidoso, mas, com o Benfica, não sei se ele deu, ou se tirou... No Benfica, ele perdeu mais do que o que ganhou. Eu repito: ele entra no clube numa altura em que nem um sabão azul e branco fiavam... Há gente muito competente, dentro do Benfica, que sabe disso.

E Luís Filipe Vieira? Como olha a presidência de Vieira?
Conheço toda a história de Vieira. Fui muito jovem para Lisboa. E ia ao café com ele. Na primeira oficina dele, cabia lá um carro. Eu até ia lá com o meu. Desde aí, foi sempre a crescer. A história dele é conhecida. Ele como gestor é danado. É danado, mesmo. Ele ganhou experiência no Alverca e colocou o clube a um nível muito elevado, com boa organização. Ele chega ao Benfica e quer lá saber se é do Benfica ou não é do Benfica... Os melhores profissionais que lá estão são do Sporting. Não lhe chamem visionário. Ele é ambicioso. E tudo aquilo que é o Benfica, que com o atual presidente cresceu... Como cérebro, Vieira é fora do comum. Eu defendo que os clubes não podem viver de líderes que não sejam bons gestores. Não têm de ser homens do futebol. Hoje, já não existe o presidente mecenas, aquele presidente que era empresário e viu empresas cair na falência porque ajudou os clubes. Hoje, tem de haver um casamento perfeito entre o bom gestor e o homem que percebe de futebol.

Esta paragem do campeonato representa um forte revés financeiro para os clubes, ainda que alguns, em particular o Benfica, possam estar melhor preparados.
O Benfica, perante um terramoto, não vai abaixo. Tem uma capacidade empresarial muito forte. E o mérito é do seu líder. O FC Porto está a pagar uma fatura...

Que fatura é essa?
Pouca inovação, nos últimos anos. As grandes empresas, tal como os clubes, necessitam de novas dinâmicas. E o FC Porto ainda vive assente numa estrutura que foi, de facto, proveitosa, mas numa determinada época. Parou, acomodou-se, na altura em que adquiriu o património imobiliário que tem hoje. Achou que estava tudo feito: sucesso desportivo e infraestruturas.

Culpa Pinto da Costa?
Pinto da Costa levou o clube a uma dimensão superior, com grandes resultados desportivos. Mas estagnou, ao contrário do Benfica. O grande suporte do FC Porto (para a almofada que necessitará agora) seria a formação... Deixou de formar e deixou de vender. Sem vender produto, alguém deveria ter percebido que não haveria sobrevivência.

Mas o FC Porto vendeu bem, durante muitos anos. E tinha uma política de contratações muito assertiva.
Nos últimos 30 anos, o FC Porto foi um dos clubes que mais venderam na Europa, é certo. E toda a gente pergunta onde está o resultado dessas vendas. Onde está? Bom, eles terão uma explicação plausível. Certo é que está sufocado, a enfrentar uma situação financeira em que não deveria viver.

E o Sporting?
O Sporting teve uma boa política de formação. Mas era um clube com sorte. Apareciam por lá jogadores que davam grandes craques. Cristiano Ronaldo, Figo... As pessoas que tinham responsabilidade de descobrir talentos, e de os projetarem na equipa principal sem medo, falharam, nos últimos anos. Falhou esse lado humano, a capacidade de perceber quem tem talento. E o clube acabou por mergulhar num mar de problemas, porque nunca teve presidentes preocupados com isso. Teve presidentes preocupados com as suas vaidades, com a valorização da sua imagem, enfim... Se calhar, ainda hoje acontece isso.

Varandas?
Não falo de pessoas. O Sporting é um clube de oportunistas, que não se preocupam em despir o fato, em vestir o fato-macaco e ficar na galeria dos melhores presidentes. Repare que Bruno de Carvalho quase não fez nada no Sporting e já está na galeria dos melhores presidentes.

Esse olhar crítico estende-se a todo o futebol português?
Não vejo gente com competência, nas pessoas que estão a liderar o futebol português, para lidar com este problema. A exceção é Fernando Gomes, presidente da Federação. Está a fazer um trabalho fantástico, fabuloso. Espero que escolham um bom substituto, porque ele estará de partida para a FIFA e para a UEFA.

E Pedro Proença, presidente da Liga?
Não reconheço a Pedro Proença, ou a qualquer ex-árbitro, a menor competência para liderar o futebol profissional. Eles andaram a ser criticados por falta de isenção, por falta de brio, ao longo de uma carreira, e depois acabam a liderar uma Liga de Clubes?

Mas o problema está nas pessoas, ou também nas instituições?
Se calhar, também está na arquitetura do futebol. Há coisas que não compreendo. Não me importo de dar as minhas ideias. E não me estou a oferecer para empregos e ‘tachos’. Apenas dou ideias. E digo o que penso. O futebol português de tem mudar e avançar para outra cultura, diferente daquela que persistiu nas últimas décadas, de suspeição, de corrupção.

Há incapacidade de autorregulação?
Não há hipótese de autorregulação. Quem dirige não têm cabedal. Só o Governo pode pôr um travão. A Federação faz todo o sentido, mandatada para organizar o futebol. Depois, teria de haver um organismo público, uma espécie de ministério do futebol. Um gabinete isento, que não esteja sob alçada dos clubes. Com regras bem definidas, um núcleo duro de pessoas competentes, a trabalhar com um ministro, o futebol avançaria.

E a arbitragem?
Outro problema... Luciano Gonçalves, presidente da APAF. Quem é o Luciano Gonçalves? Fontelas Gomes, presidente do Conselho de Arbitragem. O que é que ele fez? Um líder tem de ser respeitado e ter estatuto. Depois, olhamos para a Liga e vemos um Pedro Proença. São estas pessoas que ocupam cargos tão relevantes no futebol português... Com este nível de exigência, qualquer dia eu candidato-me a presidente da Liga. Eu sei que não vou ganhar, mas olhe que isto já me passou pela cabeça várias vezes.

A sério?
Sim, mas desisto logo. Repito: sei que não iria ganhar, porque entramos nas Associações de Futebol... O presidente eleito não seria o melhor. O presidente bonzinho é aquele que os clubes, por questões de estratégia, querem lá pôr. E se entrasse um elemento estranho, começavam as movimentações... O dinheiro não fala, o dinheiro não mata, mas é o dinheiro que movimenta o mundo. Enquanto não houver uma injeção de cultura, com uma genética de seriedade e isenção, o futebol não tem hipótese nenhuma de recuperar. É preciso mudar os paradigmas.

Certo, mas é com os paradigmas atuais que terão de ser tomadas decisões. E se os campeonatos não forem retomados? O que fazer?
Não há gente competente nem isenta para ter a sensibilidade de perceber que o futebol, neste ano, não pode ter reinício dos campeonatos. Os profissionais têm o direito e dever de exercer a sua profissão. Mas o futebol que poderá vir, com o eventual regresso do campeonato, não terá a qualidade. Mas tudo o que for feito terá de ir ao encontro de quem lidera o futebol, de quem tem interesses financeiros. Olhe, eu proponho que, simbolicamente, entreguem o título a todos os clubes... No meu tempo de futebolista, os presidentes prejudicavam os negócios e a família para ajudar os clubes. Hoje, não... A escolha dos presidentes é feita através da máquina do investimento. O futebol já perdeu para o capital... O futebol perdeu. E o povo também, porque é enganado. Ele vai apoiar o seu clube, a sua camisola, mas não vai dar dinheiro ao seu clube. O futebol é a maior máquina de movimentar dinheiro, pessoas e dinheiro...

Leia aqui a primeira parte da entrevista de Eurico Gomes ao Bancada.