Jorge Ferreira, Manuel Mota, Nuno Almeida, Vasco Santos, Hugo Pacheco, Rui Silva, Bruno Esteves e Paulo Baptista. São estes os nomes dos árbitros que Francisco J. Marques, diretor de comunicação do FC Porto, liga a um “esquema de corrupção” de arbitragem por parte do Benfica, que, entretanto, já reagiu às acusações. O caso, já apelidado de “Apito amolgado”, remonta a 2013/14 e os juízes em questão estariam controlados pelas águias, segundo a acusação portista. Fomos, então, analisar os registos de todos os envolvidos, olhando para as partidas em que dirigiram o Benfica nas últimas quatro épocas.
O primeiro facto que salta à vista foi o facto de nessa mesma temporada, de 2013/14, dois dos juízes citados, Hugo Pacheco e Rui Silva, acabaram por ser despromovidos da primeira categoria e apenas o portuense dirigiu um encontro das águias nessa temporada. Registo ainda para o facto de Paulo Baptista ter “arrumado o apito” após 2014/15 e de Bruno Esteves não ter dirigido qualquer jogo das águias em 2014/15, o mesmo acontecendo com Jorge Ferreira na época que agora acabou.
É ainda possível verificar que o Benfica perdeu apenas oito pontos nos 38 jogos dirigidos nas últimas quatro épocas na Liga pelos juízes acusados. Nuno Almeida, que, com onze jogos, foi, de todos os envolvidos, o que mais jogos arbitrou nas últimas quatro épocas, esteve no empate do Benfica no Bessa, no último jogo desta época, e ainda na derrota em Arouca, na temporada passada. O outro jogo que o Benfica não venceu teve a arbitragem de Vasco Santos e aconteceu já nesta temporada, no terreno do Marítimo (2-1).
Depois, se analisarmos as expulsões e os penáltis assinalados pelos oito juízes, apenas o “despromovido” Hugo Pacheco não regista qualquer incidência. Manuel Mota e Nuno Almeida saem “limpos” neste capítulo, uma vez que o juiz da AF Braga assinalou um penálti contra e outro a favor, tendo ainda expulsado dois jogadores do Benfica e um adversário. Já árbitro da AF Algarve assinalou um penálti a favor e outro contra, não tendo exibido qualquer cartão vermelho.
Por outro lado, Jorge Ferreira e Bruno Esteves têm quatro incidências registadas, entre expulsões e penáltis, sempre a favor dos encarnados. O juiz bracarense marcou um penálti a favor do Benfica e expulsou três jogadores adversários. O juiz da AF Setúbal tem um registo idêntico, tendo apenas os lances ocorridos em épocas distintas. Sobra ainda Paulo Baptista com duas incidências, ambas a favor dos encarnados, tal como Vasco Santos.
Casos polémicos mostram “equilíbrio”
Os números da tabela mostram apenas lances marcados e não os que poderão ter ficado por assinalar. Dessa forma, recorrendo aos especialistas do site Casos.pt, é possível analisar ao pormenor os lances mais polémicos dos árbitros em questão nas duas últimas temporadas em jogos dos encarnados. Três dos juízes – Hugo Pacheco, Rui Silva e Paulo Baptista – já não estão englobados nesta pesquisa e, de acordo com os ex-árbitros residentes do Casos, Manuel Mota e Vasco Santos não tiveram qualquer lance mal ajuizado – considera-se mal ajuizado um lance que os dois árbitros do painel estejam em concordância quanto à decisão errada.
No entanto, o cenário é diferente para Bruno Esteves, Jorge Ferreira e Nuno Almeida. O primeiro é visado apenas num lance. Esta temporada, na 25.ª jornada, o juiz da AF Setúbal validou o quarto golo do triunfo do Benfica na receção ao Belenenses, por 4-0, mas Mitroglou estava em posição irregular. Ainda assim, um lance sem interferência direta no resultado.
Por sua vez, Jorge Ferreira tem dois lances visados pelos especialistas do Casos na receção do Benfica ao Moreirense, quer terminou com um triunfo das águias por 3-2 e que foi disputado na terceira jornada da temporada 2015/16. O 2-2 para o Moreirense é apontado em posição irregular e terá ficado por mostrar um cartão vermelho a Vítor Gomes, também do Moreirense. Embora a tabela se refira apenas a jogos do campeonato, o juiz bracarense foi ainda o árbitro que dirigiu a primeira mão das meias-finais da Taça de Portugal desta época, em que o Benfica venceu o Estoril-Praia por 2-1, com o golo do triunfo a ser apontado por Mitroglou em posição irregular.
Por fim, Nuno Almeida, segundo painel do Casos, deixou um penálti por marcar a favor do Benfica, por falta sobre André Almeida, no trunfo caseiro sobre o SC Braga, por 5-1, na 28.ª jornada da temporada 2015/16. Esta época, o juiz algarvio dirigiu a receção dos encarnados ao GD Chaves, num encontro a 23.ª jornada, em que ficaram dois lances por assinalar: falta de Mitroglou sobre um defesa contrário no lance em que inaugurou o marcador e penálti por marcar contra o Benfica, por falta de Eliseu.
