Portugal
"As pessoas do FC Porto quiseram que um miúdo de 20 anos pudesse resolver tudo"
2020-02-14 17:10:00
Pedro Martins recorda a "aprendizagem brutal" no Dragão

Pedro Martins 'começou' a carreira de treinador no FC Porto, como adjunto de José Couceiro, num período "muito difícil" para os dragões, ainda a 'ressacarem' da conquista da Liga dos Campeões de 2004.

A equipa técnica de José Couceiro chega ao Dragão para suceder a Victor Fernandez, que já tinha sido a alternativa a Luigi del Neri, que abandonou o clube cerca de um mês após ter sido apresentado.

"O José Mourinho saiu, saíram muitos jogadores importantes e a exigência manteve-se muito alta. Outros atletas ficaram, mas tinham propostas aliciantes para sair", começou por lembrar Pedro Martins, em entrevista ao Maisfutebol.

O agora treinador do Olympiacos, líder do campeonato grego, tinha acabado de se estrear como adjunto no Vitória de Setúbal quando Couceiro o chamou para o acompanhar na mudança para o Dragão.

O plantel do FC Porto "tinha qualidade", mas os resultados dessa época de 2004/05 ficaram bem longe de corresponder às expetativas dos adeptos portistas.

A 'culpa', segundo Pedro Martins, foi da "exigência" de algumas "pessoas" da estrutura, que não identificou. E deu como exemplo Luís Fabiano, "um dos melhores avançados" que já treinou.

"Tinha um potencial tremendo, mas as pessoas do FC Porto não tiveram paciência com ele. Quiseram que um miúdo de 20 anos, chegado do Brasil, pudesse resolver tudo. Era impossível, ou quase", reforçou.

Uma exigência "normal em clubes como o FC Porto" e que permitiu a Pedro Martins "uma aprendizagem brutal", em especial na "gestão emocional" dos plantéis.

"O Diego estava a acabar de chegar, o Bosingwa queria ser médio e não gostava de ser lateral, mas percebeu que seria aí que podia fazer uma carreira interessante", descreveu, antes de apresentar "mais casos".

"O Ibson era um bom médio, depois ainda chegou o Cláudio Pitbull. Eram muitos jogadores jovens e não era fácil substituir Paulo Ferreira, Ricardo Carvalho, Deco e outros. Esse plantel precisava de tempo, mas no futebol português não há paciência. O Diego, por exemplo, fez mais tarde anos fantásticos na Alemanha. O futebol não é uma ciência exata", complementou.

Já como treinador principal, Pedro Martins orientou o Vitória de Guimarães, formação que recebe este domingo o FC Porto. E foi precisamente nos conquistadores que sofreu a única chicotada psicológica da carreira.

"Não guardo mágoa", garantiu.

"A fasquia estava muito elevada, depois dos resultados da primeira época, e continuou elevada mesmo depois de perdermos sete jogadores. Os treinadores são os primeiros a serem fustigados. Havia medidas financeiras a serem tomadas, percebo. Adoro o Vitória, será sempre um clube especial para mim. Infelizmente, essas separações fazem parte deste mundo", concluiu Pedro Martins.