Portugal
Arouca, Benfica, o Tratado de Versalhes e um craque perdido
2018-11-22 16:00:00
Mora em Arouca uma promessa que se perdeu.

O Benfica-FC Arouca, da Taça de Portugal, marcado para esta quinta-feira, suscitou-nos alguma curiosidade, para além do evidente interesse particular de haver um dos três grandes ao barulho. É que olhando para o plantel do clube do distrito de Aveiro vemos que se trata de uma autêntica “sociedade das nações”. Mas há mais: anda por lá um rapaz que, outrora, foi um daqueles craques de Football Manager. Apareceu como grande promessa venezuelana, mas apenas isso: uma promessa não cumprida. A ler mais à frente.

Antes, vamos a um pouco de história. Em 1919, criou-se a Sociedade das Nações, organismo que, com a assinatura do tratado de Versalhes, trataria de manter a paz e controlar o cumprimento das sanções impostas pelo tratado aos países derrotados na I Guerra Mundial. Falhou redondamente nessa hercúlea missão, como ficou provado em 1939, com os alemães a tratarem de espoletar da II Guerra Mundial.

Hoje, no Estádio da Luz, o objetivo é semelhante: a “Sociedade das Nações” de Arouca terá a hercúlea missão de controlar o bastante mais poderoso Benfica – ilustremo-lo como a gigante Alemanha –, com um grupo de gente que vem de todo o lado.

Vejamos: o Arouca é a equipa da II Liga com menos jogadores portugueses – apenas nove num plantel de 27 – e tenta, a nível nacional, seguir o exemplo dos grandes: é a sétima equipa dos campeonatos nacionais com menos portugueses. Segue o exemplo de FC Porto e Sporting (sete portugueses cada), iguala o do Benfica (nove portugueses) e é superado ainda pelos já tradicionalmente “brasileiros” Marítimo, Nacional, Rio Ave e Portimonense. A título de curiosidade, até porque o que nos interessa mesmo é ir ao Arouca, fica o registo das equipas da Liga Portuguesa em matéria de nacionalidades.

Voltando ao Arouca, justifiquemos a tal alcunha de “sociedade das nações”: o Arouca tem nada mais nada menos do que nove nacionalidades no plantel, algo banal na I Liga, mas um valor consierável no panorama do segundo escalão. Há gente da Suíça, da China, da Bélgica, do Gana ou do Congo, para além dos mais naturais portugueses, brasileiros e cabo-verdianos. Ah! E há um venezuelano.

Aprendeu com Gilardino e Belotti

Ao adepto comum talvez o nome do venezuelano Manuel Arteaga não diga grande coisa. Aos fãs de Football Manager talvez já diga qualquer coisa. Aos amantes de competições internacionais de camadas jovens será, certamente, um nome familiar.

Arteaga é um avançado venezuelano que esteve em duas edições do Sudamericano, competição que recentemente teve craques como Neymar, Casemiro, Ferreyra, Salvio, Coutinho ou Vinícius Jr. Arteaga esteve no Sudamericano sub-17, em 2011, e no sub-20, em 2013. No primeiro acabou mesmo por fazer dois golos e despertar a cobiça do Parma, que o pediu emprestado. Após a segunda presença no Sudamericano, o Palermo contratou este jovem avançado.

A aventura acabou por não funcionar propriamente bem, mas ele andou por lá, ao lado de gente como Gilardino, Franco Vásquez, Cristante, Maresca ou Belotti.

A partir daqui foram saltinhos permanentes. Este candidato a globetrotter já conta, aos 24 anos, com passagens por Venezuela, Itália, Croácia, Bolívia, Bélgica e, desde este verão, Portugal.

Ainda não conseguiu justificar por que motivo o Arouca quis contratar o jogador que fez 7 e 8 golos nas duas últimas temporadas. Por cá, ainda está a zeros. A Luz seria um palco perfeito para se estrear a marcar, ou não fosse ele um rapaz que prometeu palcos desse género.