Portugal
Alcochete: "Errei, devia ter parado após a primeira declaração", assume Bruno
2019-02-15 22:25:00
Ex-presidente do Sporting critica GNR pelo "show-off" de levar os jogadores para o posto do Montijo

Bruno de Carvalho admitiu ter errado na forma como abordou o ataque a Alcochete, aproveitando para deixar críticas à equipa de comunicação, à GNR e até... a Jorge Jesus.

Numa análise aos incidentes na Academia, o presidente destituído do Sporting começou por lembrar que "houve uma televisão que deixou uma câmera apontada para um carro branco, de onde de repente aparece um conjunto de pessoas a correr".

Sobre o ataque aos jogadores e à equipa técnica, o ex-dirigente reiterou ter sido "um crime hediondo". E pouco mais disse, pois foi esse o principal "erro" que cometeu nessa altura.

"Os elementos da minha comunicação deviam ter-me parado após a primeira declaração", assumiu, confessando que a série de afirmações que então prestou "não correu bem".

"O Bruno de Carvalho fez uma péssima declaração", admitiu o próprio: "Devia ter feito só uma declaração, a dizer que era um crime hediondo, e parado ao fim da primeira frase. Ou então repetir várias vezes só essa parte".

Um erro que cometeu porque "o homem Bruno de Carvalho estava totalmente destruído".

"Eu não assisti só a isso quando estive na Academia, assisti às imagens, vi ao vivo o estado dos jogadores, da equipa técnica e vi as maiores figuras do Estado a apontarem-me o dedo", lembrou.

"Os elementos da minha comunicação deviam ter-me parado após a primeira declaração", insistiu: "Foi uma das várias situações em que não fui ajudado. Ser líder tem muito de solidão, o líder também comete asneiras, não é de ferro, é um homem normal, com dias bons e dias maus".

Depois de admitir os erros, o ex-dirigente passou ao ataque, responsabilizando – sem identificar – quem não o deixou sair de Alcochete.

"Não me deixaram sair da Academia", garantiu, não respondendo sobre quem o impediu.

"Só consegui sair depois da última carrinha de dez jogadores. Eu pedi à polícia para não levar os jogadores, se já tinha acontecido porque é que foi preciso o 'show-off' de ir até ao Montijo? Faziam os interrogatórios ali e depois iam para casa descansar. Até isso foi exagerado, as pessoas não são obrigadas a prestar declarações só nos postos", insistiu.

Desde então, Bruno de Carvalho nunca mais foi visto ao lado do plantel.

"Os jogadores foram mandados para casa pelo Jorge" Jesus, acusou.

"O presidente estava com uma série de assuntos em mãos e errou. Foi um erro não ter despedido o Jorge naquela altura. A minha vida transformou-se na tempestade perfeita e isso foi muito bem aproveitado pela oposição no Sporting", continuou.

O então presidente do Sporting retirou-se para não ser "um elemento perturbador".

"Autoexcluí-me. Que me perdoe o Desportivo das Aves, que ganhou com todo o mérito, mas o Sporting tinha toda a obrigação de ganhar o jogo, mesmo com o que aconteceu em Alcochete", argumentou: "Se o líder do balneário [Jorge Jesus] achou que os jogadores não estavam preparados devia ter escolhido outros. Não cabe na cabeça de ninguém que o Sporting vá ao final da Taça com o Desportivo das Aves e perca".