Portugal
Agra foi o Salvador de um Aves que apenas necessitava de soltar a ansiedade
2017-09-11 22:30:00
Turma de Ricardo Soares alcançou primeiro triunfo na Liga após vencer na receção ao Belenenses com direito a reviravolta

Com apenas um ponto em quatro jornadas e após uma entrada intranquila, penalizada com um golo encaixado aos 25 minutos, na receção ao Belenenses, restavam poucas soluções ao Aves que não lutar com todas as forças para inverter um contexto muito delicado. A equipa de Ricardo Soares foi à luta, primeiro com o coração e, depois de libertada a ansiedade, com outro engenho que ainda não se tinha visto, acabando por carimbar a primeira vitória da temporada na Liga, num encontro em que teve o condão de se ir transfigurando – para melhor – com o avançar do cronómetro.

O Belenenses até foi a equipa que entrou melhor no encontro, com mais bola e melhor controlo das emoções, fruto de uma situação de menor pressão na tabela. Os azuis do Restelo ameaçaram num lance em que Maurides introduziu a bola na baliza, mas em posição irregular. Um lance que despertou o Aves, lançando a equipa da casa ao ataque. O conjunto de Domingos aproveitou os espaços concedidos e esteve perto de marcar aos 24 minutos, num lance em que Mama Baldé, primeiro, tem um atraso deficiente para o poste, e Maurides, depois, à boca da baliza, atira ao lado. Mas o golo não demoraria a surgir, pois na jogada seguinte o central Nuno Tomás aproveitou uma bola devolvida pela barra para inaugurar o marcador, aos 25 minutos, fazendo o segundo golo na Liga.

A partir daí o jogou mudou. O Aves subiu mais no terreno, percebendo que estava numa situação de tudo ou nada. A equipa nortenha foi crescendo, chegando mais perto da área adversária, mas tinha dificuldades em perfurar na área com perigo. Até que Salvador Agra o conseguiu pela primeira vez e logo com eficiência máxima. Servido por Arango, da esquerda, tirou Florent da jogada com mestria e empatou o encontro com um remate cruzado, aos 42’. Era o golo que trazia a tranquilidade que a equipa de Ricardo Soares tanto tinha precisado nos últimos jogos.

A entrada no segundo tempo já foi feita sem ansiedade, com mais qualidade no processo de construção e com Gauld, que começou o jogo na esquerda, no meio, depois de o técnico ter reajustado o posicionamento da equipa no decorrer do primeiro tempo. E foi no coração da área que o médio escocês surgiu a operar a reviravolta, com um remate de primeira, após assistência primorosa de Salvador Agra da direita, aos 53 minutos. Nos minutos seguintes deu-se a metamorfose completa da equipa avense, que num ápice deixou de parecer a equipa desligada das últimas jornadas e do início do encontro, para parecer um conjunto com nota artística e de aspirações mais elevadas, que não passam pelo fundo da tabela – a qualidade do plantel, diga-se, assim o exige.

No entanto, o jogo ainda não estava terminado. Domingos fez uma dupla alteração e conseguiu abanar a equipa, que se lançou à procura do empate. A colocação de Diogo Viana a lateral direito foi bem conseguida e foi dali que surgiu maior perigo até ao final do encontro, através de vários cruzamentos bem medidos do extremo adaptado a defesa. O Belenenses ainda dispôs de algumas oportunidades para empatar, sobretudo por Chaby, que aos 70’ surgiu sozinho na pequena área e conseguiu atirar ao poste, e aos 88’, quando não recebeu da melhor forma um cruzamento de Viana, quando estava na cara do veterano Quim. Já não havia nada a fazer e o Aves conseguia mesmo vencer por 2-1, largando os últimos lugares da tabela, logo no encontro que marcou o regresso de Quim às balizas da Primeira Liga.

Quanto ao árbitro João Pinheiro conseguiu gerir o encontro sem problemas de maior. Não deu muito nas vistas e isso é um dos melhores elogios que se lhe pode fazer. Na parte final acabou por ter mais trabalho, soltando cartões com mais facilidade para suster os ânimos. Nota positiva para o juiz de Braga, que também não teve lances complicados para resolver – decisão acertada do assistente no golo de Maurides.