Portugal
Accioly, o brasileiro mais açoriano que adora Luisão
2018-08-15 18:30:00
Defesa-central do Santa Clara estreou-se no escalão principal do futebol português aos... 37 anos

Está a cumprir a nona época com a camisola do Santa Clara, a sétima consecutiva, sempre nos escalões secundários. São muitos os anos de Danildo José São Pedro Accioly Filho nos Açores, mas só no domingo, Accioly, como é conhecido no mundo do futebol o brasileiro mais açoriano, conseguiu finalmente estrear-se na escalão principal do futebol português. Aos... 37 anos. 

Accioly fez parceria com o reforço ex-Glasgow Rangers Fábio Cardoso na zona central do terreno. Ao longo das épocas soube tornar-se numa referência, capitaneando a equipa agora liderada por João Henriques, à imagem de Luisão no Benfica, o seu ídolo. "Não o conheço pessoalmente mas admiro o papel que ele tem no Benfica, no relvado e fora dele. É um elemento com o qual o treinador pode sempre contar", costuma referir, ele que tal como o defesa benfiquista deixou o Brasil bem cedo rumo ao palcos europeus.

Natural de Salvador, na Bahia, o capitão do Santa Clara chegou a Portugal no verão de 2006, oriundo do ABC. Fez duas épocas como titular indiscutível com o antigo treinador do Sporting Paulo Sérgio no comando técnico. Rumo depois ao Inter Baku, do Azerbaijão, onde esteve durante quatro temporadas, mas sem grande sucesso. Foi, então, que no verão de 2012 recebeu novo convite do Santa Clara. Não hesitou e voltou aos Açores, onde está há sete anos de forma permanente. "O Santa Clara foi o clube que me abriu as portas quando vim do Brasil depois de quatro anos longe, durante os quais senti muitas saudades", afirmava no regresso, mosirando gratidão: "É com grande alegria que volto a esta casa." Ao longo destas épocas, somou quase 300 jogos de águia ao peito, ao longo dos quais apontou 16 golos, fruto do poderio que denota no jogo aéreo.

Quinze anos depois, o Santa Clara voltou ao convívio dos maiores. Na estreia desta época, perdeu no derradeiro minuto de compensação na sequência de um penálti frente ao Marítimo e Accioly foi a voz de comando na hora da derrota, dando voz à vontade do plantel açoriano de emendar o que acabou por ser uma entrada em falso.

Nos Açores, Aciolly tem vivido o que de melhor o futebol lhe deu, mas a tragédia verificada com a Chapecoense marcou pela negativa a carreira do jogador brasileiro, que se havia tornado amigo de Filipe Machado, que com ele formou a parceria de centrais durante a passagem pelo Azerbeijão. "Perdi um amigo", exclamava com grande emoção o central do Santa Clara, na sala de imprensa do Estádio de São Miguel, horas depois da tragédia. "Quero daqui mandar uma palavra aos familiares, porque nunca estamos preparados para isso. Morreu um grupo de pessoas e um amigo em particular, o que é muito triste e espero que todos tenham força."