Aboubakar mostrou o caminho para uma vitória do FC Porto frente ao Boavista, no dérbi 135 da Cidade Invicta, mais difícil do que o resultado aparenta. Antes do golo do camaronês, aos 50 minutos, tinha ficado para trás uma história diferente da partida. Um Boavista de mangas arregaçadas que esteve melhor na primeira parte, em que anulou o processo ofensivo do FC Porto com uma grande atitude em campo e uma boa organização defensiva, adoptando linhas subidas e uma pressão alta.

O golo de Aboubakar, no início da segunda parte, acabou por desbloquear as dificuldades que a equipa de Sérgio Conceição estava a sentir. O FC Porto tornou-se mais seguro e consistente, apesar de o Boavista ter tentado responder com um livre frontal de Fábio Espinho a sinalizar a reação axadrezada. Jorge Simão, aliás, foi lesto a responder do banco com a saída de um central, Sparagna, e a entrada de um médio ofensivo, Rochinha, e a troca de avançados com a saída de Yusupa e a entrada de Leonardo Ruiz. Uma mudança de risco do técnico do Boavista mas que não deu os frutos desejados, não só porque a equipa quebrou com as mudanças, mas sobretudo porque do outro lado estava agora uma equipa mais compacta, com um meio-campo proativo muito por culpa de uma mudança que acabou por revelar-se fundamental para o FC Porto na partida.

Ao lançar André André para o lugar de Corona,aos 70 minutos, Sérgio Conceição devolveu o 4x3x3 ao FC Porto e a equipa ganhou mais consistência a meio-campo, equilibrou-se e, agora, já conseguia travar as investidas do Boavista. Com Danilo, André André e Herrera no 'miolo', o FC Porto ganhou a batalha do meio-campo e os avançados passaram a ser melhor servidos. Foi com o plano B que a equipa consolidou o triunfo que, porém, talvez seja algo exagerado pelas dificuldades que o Boavista conseguiu criar ao FC Porto na primeira parte, mas justo pela perspicácia do treinador portista que leu bem o jogo. Os golos de Marega e Brahimi, aos 80 e 85 minutos, respetivamente, foram já obtidos numa fase em que o Boavista ainda tentava conseguir alguma coisa do jogo, descurando as ações defensivas. 

Na primeira parte, no entanto, o Boavista dificultou a vida ao FC Porto dando uma imagem muito positiva que não pode ser apagada do jogo. Com as linhas subidas e apostando num jogo muito intenso, fechando bem os espaços, os axadrezados conseguiram não só travar o processo ofensivo do FC Porto como fazê-lo sentir desconfortável no jogo. Um jogo intenso, com muitos duelos individuais, 'quentinho', próprio de um dérbi, no entanto sem muitas oportunidades claras de golo para os dois lados. O mérito do Boavista foi mesmo o de ter conseguido anular aquilo que o FC Porto procurava fazer. Faltava dar o passo seguinte que Aboubakar refutou no início do segundo tempo abrindo o caminho para a vitória do FC Porto que vale  sobretudo pela maneira como a equipa soube cerrar fileiras depois de uma primeira parte difícil e assim continuar na liderança do campeonato.