Portugal
A velha história de quem tem os melhores cavalos
2017-11-18 20:50:00
Benfica venceu o Vitória de Setúbal, por 2-0.

Não se esqueça: ainda é a finalizar que se ganham jogos! Rui Vitória falou de cavalos, antes da partida, e não é abusivo considerar que os melhores cavalos da Luz venceram os menos bons cavalos do Sado. Parece redutor resumir desta forma o triunfo (2-0) do Benfica frente ao Vitória de Setúbal, para a Taça de Portugal? Talvez. Mas o certo é que, num jogo dividido e com muitas oportunidades de golo, foi mais feliz quem finalizou melhor.

O jogo foi dividido praticamente durante 90 minutos. O Benfica teve mais tempo a bola em zonas ofensivas, mas o Vitória foi tão capaz como os encarnados de chegar a zonas de decisão. Num jogo recheado de ocasiões de finalização (contam-se quase uma dezena para cada equipa), o Vitória só não assustou (ainda) mais o Benfica porque não soube finalizar algumas das oportunidades que teve.

O Benfica surgiu novamente em 4x3x3, algo que lhe permitiu estar menos refém dos fogachos individuais dos alas – algo recorrente no 4x4x2 –, tendo Krovinovic (belo jogo) sempre em jogo, quer a conduzir, quer a combinar com Cervi e Grimaldo. Essa maior proximidade entre os jogadores, com bola, deu aos encarnados mais controlo, menos vertigem, e, sobretudo, maior qualidade a criar. Como a manta não tapa tudo, faltou presença na área, junto a Jonas, que não poucas vezes viu os cruzamentos de Cervi serem inconsequentes. Do lado direito, Pizzi e Rafa passaram ao lado do jogo. O ala português não é forte no um contra um puro, mas sim em progressão. A jogar na ala, como fez hoje, torna-se inconsequente, bastando que o lateral contrário encoste no português e lhe tire espaço para arrancar de trás.

Do outro lado, o Vitória aproveitou o recorrente desposicionamento de Samaris, que continua a mostrar que, como 6, é curto. E por falar em Samaris, já lhe dissemos que o grego faz faltas atrás de faltas? É enorme a diferença para Fejsa e isso nota-se não só na limpeza (ou falta dela) com que aborda os lances, mas, sobretudo, na cultura posicional. Com Pizzi e Krovinovic mais preocupados em conseguir criar com qualidade, foi na zona de um Samaris perdido e abandonado que o Vitória mais perigo criou, quer com a chegada à área de João Amaral (jogador a pedir outros voos), quer com o jogo em apoio frontal de Paciência. Para além dessa zona central, o Vitória conseguiu explorar bem os corredores, mostrando a impressionante e confrangedora dificuldade de Douglas (e hoje, também de Grimaldo) no um contra um defensivo.

Táticas à parte, vamos ao que decidiu o jogo: como já explicámos, o Benfica soube finalizar o que criou. O Vitória, não. Cervi fez o primeiro, aos 26 minutos, com um belo remate de fora da área, e Krovinovic fez o segundo, já aos 81, finalizando com categoria uma assistência de Cervi.