Portugal
A (última?) vez de Casillas ou a confirmação absoluta de José Sá
2017-12-14 09:30:00
Jogo com o Vitória de Guimarães vai desempatar e desequilibrar de forma decisiva o mapa de utilização dos dois guardiões

O jogo de hoje com o Vitória de Guimarães no Estádio do Dragão relativo à Taça de Portugal poderá significar a viragem completa na baliza do FC Porto. José Sá ou Casillas? Sérgio Conceição não abriu o jogo, alimentando aquela que é a dúvida maior no onze a apresentar pelo FC Porto. “Raramente digo a equipa que vai jogar… o Casillas está convocado. Pode jogar como pode não jogar. É uma questão que veremos. Vou apresentar o melhor onze que me dê garantias de que passamos à próxima fase”, referiu o treinador dos azuis e brancos.

A questão assume maior pertinência tendo em conta que Sérgio Conceição apostou no internacional espanhol no último e sofrido desafio da Taça de Portugal, perante o Portimonense, que os azuis e brancos venceram por 3-2 com dois golos obtidos no últimos minutos de compensação por intermédio de Aboubakar e Brahimi. Como será agora, numa altura em que surgem notícias dado conta que Casillas já confidenciou a pessoas mais próximas que pretende deixar o Dragão na reabertura do mercado de transferências em Janeiro?

Neste contexto, a decisão do treinador assume particular relevância, pois poderá significar que o internacional espanhol ainda poderá ter relevância no grupo de trabalho ou indiciar mesmo que não faz parte das contas, acentuando a vontade do jogador de sair.

Com José Sá como aposta principal no campeonato e na Liga dos Campeões, à partida Casillas só terá oportunidade de surgir no onze em duas ocasiões: ou hoje, frente ao Vitória de Guimarães, ou no dia 21 na receção ao Rio Ave, referente à Taça da Liga.

O jogo com o Vitória de Guimarães vai desempatar e desequilibrar o mapa de utilização dos dois jogadores. É que José Sá contabiliza somente mais um jogo disputado do que Casillas. Ou seja, caso a escolha recaia sobre o espanhol, os dois jogadores ficarão precisamente com o mesmo número de minutos esta temporada (1080). 

Nesta altura, José Sá soma 12 jogos na condição de titular, correspondentes a 1080 minutos e 9 golos sofridos, enquanto Casillas contabiliza 11 jogos, inerentes a 990 minutos com nove golos sofridos. Isto quer dizer que em termos de eficácia e de rendimento a diferença entre os dois guarda-redes é residual. Os números mostram que o atual titular tem uma média de 0,75 golos sofridos, enquanto Casillas regista uma média de 0,72. Mais idêntico seria difícil. Da ação dos dois guarda-redes, suportada num quarteto defensivo à "prova de bala", resulta aquela que é, de longe, a defesa menos batida da Liga. O FC Porto soma apenas cinco golo consentidos em 14 jornadas, menos quatro do que Sporting e Benfica, que contabilizam nove golos sofridos.

A mudança na baliza dos dragões aconteceu de forma surpreendente na deslocação do FC Porto a Leipzig. Sem que nada o fizesse prever Sérgio Conceição, que havia apostado em José Sá na goleada dos dragões ao Lusitano de Évora, da Taça de Portugal, por 6-0, reforçou a titularidade do guardião internacional nos escalões mais jovens de Portugal. A estreia nem foi particularmente feliz pois o ex-maritimista ficou ligado ao primeiro golo dos alemães, mas o treinador portista não perdeu tempo a sair em sua defesa, lançando uma série de indiretas a... Svilar e colocando José Sá como concorrente de Rui Patrício na Seleção Nacional, numa das conferências mais "quentes" da época (ver vídeo).

Daí para cá, José Sá foi sempre a primeira opção e Casillas, que fez o último jogo como titular em Alvalade, no empate a zero com o Sporting, só reapareceu no complicado jogo da Taça de Portugal, frente ao Portimonense. Mesmo na Taça da Liga, no caso concreto, no empate a zero no Estádio do Dragão, frente ao Leixões, foi o português o escolhido. Iker Casillas não gostou e pediu explicações ao treinador, quer desfez qualquer dúvida que pudesse existir. "Houve essa conversa, porque o Iker quis entender qual a razão para ter saído da equipa. Eu expliquei-lhe a ele e ao grupo. Eles entenderam e não houve essa estranheza toda porque eles sabem quais as minhas regras, a forma como eu lidero, a forma como exijo aos jogadores que estejam sempre a 100% no treino, seja um treino com oito jogadores porque os outros estão na seleção ou seja um treino com 25 jogadores. É exatamente a mesma coisa. Eu tenho que ser coerente no balneário. Já disse muitas vezes que isso é independente de um jogador se chamar Joaquim, Manuel, António...se eu abrir exceções, por um jogador perco o grupo todo. Isso eu não quero, não é a minha forma de liderar", afirmou Sérgio Conceição, especificando claramente o motivo: "Posso fechar os olhos a 15 dias de treino que acho que não foram de acordo com o meu nível de exigência? Não posso. Se fechar a um vou fechar a outro, o João Costa vai-me dizer a mesma coisa. Voltando o Iker a trabalhar como eu quero, como está agora, luta com o José Sá, o Vaná, o João Costa e daqui a dois meses o Fabiano por um lugar na baliza. É tão simples como isto."

JOSÉ SÁ EM NÚMEROS

Liga 

6 jogos

540 minutos

2 golos sofridos

Liga dos Campeões

4 jogos

360 minutos

7 golos sofridos

Taça de Portugal

1 jogo

90 minutos

0 golos sofridos

Taça da Liga

1 jogo

90 minutos

0 golos sofridos

Total

1080 minutos/9 golos sofridos

Média de golos sofridos

0, 75

CASILLAS EM NÚMEROS

Liga

8 jogos

720 minutos

3 golos sofridos

Liga dos Campeões

2 jogos

180 minutos

3 golos sofridos

Taça de Portugal

1 jogo

90 minutos

2 golos sofridos

Taça da Liga

0 jogos

Total

990 minutos/8 golos sofridos

Média de golos sofridos

0,72