Portugal
"A justiça desportiva tem muito a exigir à estatal", diz diretora da Liga
2020-02-24 17:20:00
Dirigente aborda caso que envolve Marega e dá outros exemplos

Sónia Carneiro, diretora executiva e coordenadora da Liga, aborda a questão do racismo, que tem estado na ordem do dia no futebol nacional, após o caso a envolver o portista Moussa Marega, em Guimarães.

"Vamos ser sérios", revela a dirigente com responsabilidades no organismo que promove o futebol nacional.

Sónia Carneiro aproveita para lembrar que os regulamentos desportivos procuram "sancionar entidades e agentes desportivos por atos ou omissões que lhes sejam imputáveis".

"E nesse conspecto, tanto uma, como outra, vão bem mais longe do que a lei", salienta Sónia Carneiro, em artigo publicado no jornal 'O Jogo'.

A diretora da Liga revela ainda que "a justiça desportiva tem muito a exigir à estatal", até porque o "efeito dissuasor (preventivo) das normas sancionatórias não se basta com uma moldura pesada".

Neste caso, considera Sónia Carneiro, a situação depende "em grande medida de uma perceção do risco de uma efetiva punição".

"O que se verifica, porém, é que o tempo que medeia entre a comissão do ilícito e o cumprimento da sanção aplicada rasga esta conexão".

Sónia Carneiro dá exemplos recentes de casos do género e aproveita para lembrar que "entre o ilícito e o seu sancionamento em primeira instância (desportiva), medeiam cerca de 150 dias".

Aqui chegados, a diretora da Liga lembra que "esta decisão não transita, no caso de recurso, até ser confirmada por uma instância judicial e aí começa um longo calvário".

Segundo explica no jornal 'O Jogo' a dirigente da Liga de Clubes as situações acabam por aguardar ainda "resolução no TAD ou nos Tribunais Administrativos há 327 dias, num caso, e mais de 530 dias, nos outros dois". "Será mesmo a norma que está mal redigida?", deixa no ar a dúvida.

Recentemente, recorde-se, o avançado do FC Porto recusou-se a permanecer em jogo e abandonou o campo, ao minuto 71, de um jogo entre Vitória de Guimarães e FC Porto, após ter sido alvo de insultos racistas por parte dos adeptos do clube vimaranense, numa altura em que os dragões venciam por 2-1.

O Ministério Público instaurou um inquérito na sequência deste incidente, que já mereceu a condenação do Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, e do primeiro-ministro, António Costa, entre outros.