Portugal
"A imagem mais forte é a entrada no balneário. Sentimo-nos impotentes"
2019-12-05 09:55:00
Nélson Pereira viu Misic ser "agredido com um cinto no tronco" e empurrões a Patrício e Acuña

Nélson Pereira, treinador de guarda-redes à data do ataque à Academia de Alcochete, contou, no Tribunal de Monsanto, o que viveu na tarde do dia 15 de maio. 

"Vi-os aproximarem-se através da janela. Corri para a zona dos balneários, achei que podia fechar a porta, mas não tinha a chave. A imagem mais forte e desagradável é a entrada no balneário. Sentimo-nos impotentes. Tentei impedir e um deles disse-me: 'Nélson, não é nada contigo, é com o Acuña e o Battaglia", contou, citado pelo jornal 'A Bola'.

O ex-guarda-redes afirmou ainda ter visto Misic "ser agredido com um cinto no tronco" e empurrões a Patrício e William: "Lembro-me da frase, dita alto, 'isto vai correr mal, vamos embora daqui'".

Nélson falou também sobre a reunião entre Bruno de Carvalho e a equipa técnica, na véspera do ataque, sublinhando que na altura da mesma já "circulavam notícias" sobre o despedimento de Jorge Jesus. 

Em 15 de maio do ano passado, durante o primeiro treino da equipa de futebol do Sporting, após uma derrota na Madeira com o Marítimo, por 2-1, cerca de 40 adeptos ‘leoninos’ encapuzados invadiram a academia do clube, em Alcochete, e agrediram vários jogadores, bem como o então treinador, Jorge Jesus, e outros membros da equipa técnica.

O atual líder da claque Juventude Leonina, Nuno Mendes ‘Mustafá’, o antigo presidente do Sporting Bruno de Carvalho e Bruno Jacinto, ex-oficial de ligação aos adeptos do clube, estão acusados, como autores morais, de 40 crimes de ameaça agravada, de 19 crimes de ofensa à integridade física qualificada e de 38 crimes de sequestro, todos estes (97 crimes) classificados como terrorismo.

Os três arguidos respondem ainda por um crime de detenção de arma proibida agravado e ‘Mustafá’ também por um crime de tráfico de estupefacientes.

Aos arguidos que participaram diretamente no ataque à academia, o Ministério Público imputa-lhes a coautoria de 40 crimes de ameaça agravada, de 19 crimes de ofensa à integridade física qualificada e de 38 crimes de sequestro, todos estes (97 crimes) classificados como terrorismo.

Estes 41 arguidos vão responder ainda por dois crimes de dano com violência, por um crime de detenção de arma proibida agravado e por um crime de introdução em lugar vedado ao público.