O jogo foi dividido, apesar de não se ver isso na posse de bola (35% para o Feirense, 65% para o Rio Ave). Assim sendo, este foi um bom exemplo de que quem tem mais bola nem sempre é a equipa que melhor joga ou que, sequer, merece ganhar. O Feirense teve menos bola, atacou menos, mas rematou mais e criou mais oportunidades de golo, acabando assim por conquistar os primeiros três pontos da Liga. Com Tiago Silva em clara evidência ao fazer o 1-0 e assistir Edinho para o segundo. Do lado do Rio Ave, uma equipa cujo meio-campo funcionou mal, Galeno levou os colegas às costas. Contudo, sozinho não fez mais do que chatear a defesa fogaceira.
Foi o Feirense quem começou por cima. A estratégia de Nuno Manta Santos era clara: pressionar alto a saída de bola do Rio Ave de modo a impedir os visitantes de avançarem de forma organizada pelo terreno de jogo. No início isso foi conseguido, mas o Rio Ave foi conseguindo subir e anular essa pressão, o que permitiu a Gelson Dala rematar para defesa de Caio Secco logo aos 5'. Os vila-condenses começaram a ter mais posse de bola, mas o ritmo era lento e ninguém criou oportunidades de golo até chegar o primeiro... golo.
Aos 20', Tiago Silva pegou na bola do lado direito do meio-campo ofensivo do Feirense e, com um fantástico pontapé cruzado, inaugurou o marcador. A força e a colocação do remate do médio português fizeram com que Leo Jardim, guarda-redes do Rio Ave, nem tirasse os pés do chão - e fez bem, porque não valia a pena. Logo a seguir, Luís Machado esteve perto do 2-0 e, caso a bola tivesse entrado, teria sido um grande golo. O extremo veio da esquerda, puxou para dentro e rematou em arco, mas a bola tocou no poste e saiu pela linha final. Estes remates de fora de área iam acontecendo porque os médios e avançados do Feirense apareciam nessa zona sem qualquer oposição dos defesas do Rio Ave, que esperavam a penetração adversária.
Sem saber sair a jogar com qualidade e competência (foram vários os passes que acabaram diretamente em jogadores do Feirense), o Rio Ave não conseguia incomodar a defesa do Feirense, que marcou o segundo golo. De livre direto, Tiago Silva cruzou para o coração da área adversária e Edinho, apesar de veterano, mostrou continuar a ter veia goleadora e cabeceou sem dó nem piedade para o 2-0. Estavam decorridos 33 minutos e Tiago Silva juntava uma assistência ao golo que já havia conseguido. Até ao final da primeira parte foi o Rio Ave quem voltou a ter mais bola e teve, pela primeira vez, uma clara oportunidade de golo. Num livre semelhante ao que resultou no tento de Edinho, Galeno colocou a bola na cabeça de Tarantini e o remate deste ficou a centímetros do poste de Caio Secco.
A segunda parte começou com um ritmo mais elevado. O Rio Ave começou a estar mais vezes dentro da área do Feirense, mas foram os fogaceiros a criar a primeira grande chance depois do intervalo. Ainda assim, Crivellaro não respondeu ao cruzamento de Vítor Bruno da melhor forma e falhou à boca da baliza. Gelson Dala respondeu com um cabeceamento ao lado na área contrária e, aos poucos, foi-se intensificando a pressão do Rio Ave. Galeno era o motor da equipa de José Gomes, cujo meio-campo não ia funcionando e a dependência no brasileiro emprestado pelo FC Porto era muita. Foi ele que inventou a jogada finalizada por Tarantini aos 64', mas o remate do capitão do Rio Ave não acertou no alvo por muito pouco.
O Feirense, como quem não quer a coisa, não atacava muitas vezes, mas quando o fazia era um dado adquirido que era com muito perigo. Aos 71', Tiago Silva cruzou de forma perfeita para João Silva, que tinha acabado de entrar par ao lugar de Edinho, e o ponta-de-lança, de cabeça, rematou ao lado. O pânico instalou-se na área do Rio Ave, ainda que não tenha passado de um susto.
A equipa visitante continuou a ir para cima da defesa do Rio Ave e ameaçou a baliza de Caio Secco em algumas ocasiões (o canto batido por Galeno com remate de Borevkovic aos 76', por exemplo, foi uma delas), mas a vitória estava mais ou menos controlada pelo Feirense, que pareceu mais esclarecido em campo. Mais eficaz, pelo menos, foi, e isso fez com que os três pontos não abandonassem Santa Maria da Feira. Vila do Conde, por outro lado, não recebe nada e começa a Liga da pior forma. Depois da brilhante campanha de 2017/18, vai ser complicado chegar ao mesmo nível para um Rio Ave muito longe do que apresentava com Miguel Cardoso.
