P.A.I.M., ou seja, Para Ajudar e Inspirar Miúdos. Não é coincidência que Fábio Paim seja a cara do projeto preconizado por José Oliveira e Bruno Neiva. Aos 30 anos, aquele que foi, em tempos, a maior promessa da academia do Sporting, decidiu pendurar as chuteiras e abraçar uma vida de partilha de experiências e ensinamentos para com os mais jovens. “O nosso objetivo é fazer com que os miúdos, jogadores de futebol, possam ter a possibilidade de aprender com qualidade sentindo-se inspirados e motivados a serem os melhores naquilo que fazem… serve para o futebol e para a vida!” É este o lema do “Projeto Fábio Paim”.
A escolha de Fábio Paim para a cara do projeto tem por base o passado que lhe é reconhecido por todos. “O Fábio é, provavelmente, o melhor ou dos melhores jogadores que alguma vez apareceu na formação em Portugal, a nível técnico individual”, referiu Bruno Neiva em declarações à revista TV7Dias. “O Fábio está muito mais responsável e super empenhado. Está com uma postura diferente de há uns anos atrás e achamos que é o momento certo para avançar”, prosseguiu, sendo que do outro lado está um Fábio Paim que se mostrou “orgulhoso” por fazer parte do projeto.
O projeto tem como sede as instalações do SC Coimbrões, clube da Série B do Campeonato de Portugal, da cidade de Santa Marinha, em Vila Nova de Gaia. Em que é que vai consistir então este projeto que visa potenciar jovens dos nove aos 15 anos a futuros futebolistas? “A avaliação vai ao pormenor, à exaustão. (...) [Semana de treinos em Lisboa] Será muito parecido com um estágio de uma equipa profissional, com a diferença de irem dormir a casa. De resto, tudo igual. O dia será inteiramente dedicado ao futebol, mas não passa só pelo treino. Haverá sessões táticas com recurso ao vídeo, entre outras atividades”, referiu José Oliveira ao Record. De facto, alargar o projeto a outras localizações e países era um objetivo que começa já a ser cumprido, pois foi anunciado que o Projeto Fábio Paim já chegou a Angola.
“Neste momento o projeto alargou as suas competências e está já a preparar semanas de treino intensivo por todo o país e pelo estrangeiro, e outras atividades de cariz social. Fomos já convidados por clubes, instituições governamentais e por particulares que querem ver o projeto e o próprio Fábio Paim, com a sua equipa, em ação. É nossa pretensão internacionalizar o projeto tornando-o num projeto de referência na área desportiva, especialmente no que ao futebol diz respeito”, pode ler-se em blog do projeto.
No que diz respeito às especificidades do treino, não vão ser apenas os aspirantes a jogadores de campo que poderão treinar com o projeto. “Temos uma equipa de treinadores de campo e de guarda-redes com provas dadas enquanto jogadores e treinadores”, prosseguem as palavras dos responsáveis numa nota de esclarecimento. Para além disso, a parte motivacional também vai representar uma grande fração daquilo que é pretendido. “Contamos com um departamento de psicologia coordenado por uma Mestre em Psicologia do Desporto de Alto Rendimento para ajudar na parte motivacional dos atletas e potenciar fatores como a concentração, atenção, visão periférica e rapidez de raciocínio, elementos que podem ser trabalhados em gabinete.”
O percurso de alguém que muito prometeu e não chegou lá
A carreira de futebolista de Fábio Paim é a principal história de alguém que estava destinado a ser muito mais do que aquilo que conseguiu ser no panorama do desporto rei. Tudo começou na academia do Sporting, onde era apontado como a próxima ‘grande coisa’ no futuro do panorama futebolístico. Hoje em dia é Cristiano Ronaldo quem tem o proclamado estatuto de maior jóia produzida nas escolas do Sporting, mas houve tempos em que esse papel esteve para ser atribuído a Paim. “Eu não era melhor que o Cristiano Ronaldo… eu era muito melhor! Ainda o Ronaldo nem 500 euros ganhava, já eu tinha contrato profissional. (...) Só que ele trabalhava muito mais do que eu”, salientou Paim recentemente em declarações ao Record.
Pois bem, quando Paim chegou a idade de sénior começaram a surgir os empréstimos sucessivos: passou pelo Olivais e Moscavide, Trofense, FC Paços de Ferreira, Chelsea, Rio Ave e Real SC, sem convencer em nenhum deles. Tudo porque a mentalidade nunca foi aquela que quem pretende chegar ao topo da montanha que é o futebol deve ter. Quando deixou de pertencer ao Sporting, passou por Torreense, 1.º de Agosto (Angola), Benfica de Luanda (Angola), Futebol Benfica, Al Kharaityat (Catar), AD Oliveirense, Shenzhen FC (China), Mosta FC (Malta), Nevezis (Lituânia), Union 05 (Luxemburgo), Sintra Football, Paraíba do Sul (Brasil) e no ano passado fez mais uma tentativa pela equipa B do Leixões. Ao todo foram 20 os clubes pelos quais Paim já passou, com 30 anos. Agora, segue-se o pendurar das chuteiras para dar primazia a modelar os jovens aspirantes a futebolistas.
