Opinião
Começa hoje
2018-08-10 14:00:00
Luís Catarino é comentador da Sport Tv e escreve no Bancada às sextas-feiras.

Inicia hoje a edição 2018/19 do campeonato português. Porto, Benfica e Sporting ainda não têm os plantéis selados, mas, pelo menos no Dragão, ficou assente que Marega não sai já para o West Ham. Ao mesmo tempo, a novela-Jonas ainda não conheceu o seu epílogo. Na Luz, os adeptos anseiam pelo desfecho da história que envolve o melhor intérprete do elenco, enquanto o rumor do retorno de Ramires também alimenta o sonho benfiquista. O Benfica é o clube anfitrião para o primeiro jogo do campeonato. Receber o Vitória, agora treinado por Luís Castro, é um desafio ainda mais difícil por se realizar ensanduichado pelos embates com o Fenerbahçe.

Fazendo um pequeno parêntesis acerca da terceira pre-eliminatória da Liga dos Campeões, convenhamos que o apuramento do Benfica para a fase dos play-off ainda não está garantida. O Benfica foi bem superior aos turcos na Luz, sobretudo na segunda parte. Não ter sofrido golos em casa é um trunfo para o Benfica, mas Rui Vitória também deve ter percebido que Cocu foi a Lisboa sem particular ambição, na esperança de jogar todas as fichas em Istambul, já com Souza no meio-campo, André Ayew no lado direito do ataque e também Soldado na frente em vez de Alper Potuk. O Benfica até pode vir a exaltar mais as situações de contra-ataque no estádio Şükrü Saracoğlu, mas a capacidade para o Fenerbahçe se lançar para o ataque deverá ser bem superior à da primeira mão. Irá Jonas a jogo na Turquia?

Gostei da forma como o Porto se bateu com o Aves, na Supertaça, em Aveiro. As lesões de Brahimi e de Tiquinho até podiam ter sido mais nocivas, mas Corona jogou bem, numa noite em que era obrigatório não sentir a falta de Marega. Até porque o Benfica ainda está sem Krovinovic (deve voltar a jogar em setembro) e porque o papel de Jonas está indefinido, parece-me que o Porto, mesmo com as baixas de Marcano e de Ricardo, é o candidato ao título que menos adulterou a sua forma de querer dominar o adversário. Potência, agressividade, chegadas rápidas à frente e equilíbrio total nas coberturas são fatores que mantêm fortalecido o Dragão para esta época. Continuando Casillas na baliza, é meio caminho andado para a equipa não perder estabilidade.

Para além disso, Otávio continua a ser visto como uma unidade importante para assegurar dinâmicas na passagem do corredor direito da zona média para o centro. Tanto ele como Herrera movem-se bastante bem na receção na meia-direita, ajudando a que um dos atacantes (Marega ou André Pereira) se projete com mais espaço na aproximação à grande área, onde Aboubakar já está à espera da bola. Simultaneamente, na outra faixa, Alex Telles e Brahimi fazem uma dupla formidável. Sérgio Conceição aguarda a disponibilidade de Danilo para o meio-campo, mas Sérgio Oliveira tem mais uma meta de afirmação e não vai ser fácil tirar-lhe o lugar do onze.

O Sporting é o clube sobre o qual mais pontos de interrogação se colocam. Depois do pesadelo em Alcochete e mediante os sucessivos tumultos diretivos, não tem havido muito sossego em Alvalade. De qualquer forma, alguns danos foram minimizados, logo constatados nos regressos dos três B: Bruno Fernandes, Battaglia e Bas Dost. Peseiro não fez o grosso da pré-época com o ponta de lança holandês e veremos de que modo é que a bola lhe vai chegar. As combinações entre Nani e Bruno Fernandes prometem elevar o padrão técnico leonino, mas terá de haver iniciativa para possibilitar cruzamentos para aproveitar o recurso de jogo aéreo de Bas Dost. Jefferson, no lado esquerdo, é uma excelente unidade para o efeito. Mathieu lidera cada vez melhor o eixo defensivo e digamos que a baliza não fica mal entregue a Viviano, autor de um erro inusitado contra o Marselha, que, aliás, não retrata o guarda-redes toscano. O percurso na Sampdoria deu-nos a conhecer um guarda-redes pouco extravagante, mas muito regular na proteção da baliza. É tudo menos aquilo que mostrou naquele instante contra o OM.

Peseiro orienta, hoje, uma equipa bem mais competitiva do que aquilo que o cenário de múltiplas rescisões sugeria para a época 2018/19. Ainda assim, estão, neste momento, um degrau abaixo de Porto e Benfica. Talvez depois do fecho do mercado de Verão possamos ser mais conclusivos, sobretudo se se concretizar a chegada de Diaby para o ataque. A montante, seria sensato procurar um médio-centro credenciado e com bom controlo de bola, para que o Sporting ultrapasse a barreira da etapa inicial de construção. O pós-William vai conhecer, agora, os seus efeitos.

Luís Catarino é comentador da Sport Tv e escreve no Bancada às sextas-feiras.