Opinião
A paciência para Rui Vitória acabou de vez
2017-12-14 14:00:00

Com a derrota em Vila do Conde, o Benfica foi eliminado da Taça de Portugal e, em dezembro, passou a estar fora da Europa e da segunda competição mais importante do panorama doméstico. Uma curta e rápida viagem pelas redes sociais espelha a ira e raiva dos benfiquistas depois do afastamento da prova rainha e, de um modo geral, o principal culpado apontado pelos adeptos é Rui Vitória.

Até ontem, o treinador do Benfica estava a salvo, ainda que a sua posição estivesse bem mais enfraquecida quando em comparação com o final da temporada passada. A vergonhosa e humilhante campanha na fase de grupos da Liga dos Campeões, com seis derrotas em seis jogos e apenas um golo marcado, foi um golpe duro na autoestima do grupo e, consequentemente, do treinador. Mas, apesar das críticas, pouco se falava em arranjar outro técnico. Num futuro próximo, se o Benfica continuar sem cumprir aquilo a que se exigiu, isso começará a acontecer e um eventual despedimento de Rui Vitória será cada vez mais discutido. Tudo porque a paciência para o antigo treinador do Vitória de Guimarães acabou, assim como para o seu discurso que balança entre o motivacional, o queixoso e o falso autoritário.

Rui Vitória parece ter três guiões preparados: um para as conferências de imprensa de antevisão, outro para quando fala depois de triunfos ou empates saborosos e ainda outro preparado para as vezes em que perde ou empata quando era favorito. Para além de repetitivo, Vitória demonstra não ter quaisquer problemas em contrariar aquilo que diz em função dos resultados dos jogos. Quando ganha, insiste em dizer que não fala de arbitragem, mas as exibições dos árbitros são tema habitual nas conferências de imprensa quando perde. Apresenta-se como um cavalheiro e é comum proferir frases que podiam ter sido escritas por Gustavo Santos, mas essa máscara cai quando lhe fazem perguntas incómodas e às quais não quer (ou não sabe) responder.

O Benfica nunca jogou um futebol extraordinário (ou, sequer, bonito) sob o comando de Rui Vitória - não que seja preciso, até porque eu defendo que, a este nível, o mais importante é ganhar, seja por 1-0 ou com uma goleada – mas a defesa sólida, o ataque eficaz e as as conquistas remetiam isso para segundo plano. Agora, quando os resultados não têm sido os esperados, Vitória nem se pode agarrar à qualidade exibicional da equipa porque essa qualidade não existe.

A culpa não é apenas de Rui Vitória. A temporada foi mal planeada e os jogadores que saíram não foram substituídos de forma decente, aceito e reconheço isso. Ainda assim, o Benfica continua com um dos três melhores plantéis da Liga, o que obriga os encarnados a jogarem muito melhor se não quiserem enfrentar as críticas dos adeptos.

Apenas o 'penta' pode salvar a época do Benfica. Tudo o que não seja o primeiro lugar no final do campeonato será considerado um fracasso para o clube e para Rui Vitória, e se os encarnados conseguirem superar a concorrência de FC Porto e Sporting, duas equipas que subiram muito o rendimento de 2016/17 para 2017/18, tudo será esquecido e o treinador vai voltar a ter paz e segurança quanto à sua continuação na liderança das águias. O dérbi com o Sporting, no início de janeiro, pode ser determinante nessas contas.