“Eu vim para o Brasil porque sou um trabalhador, como eles. Vim para trabalhar. Não vim tirar o lugar a ninguém, não vim ensinar ninguém. Vim trabalhar, dentro de uma metodologia. Não sou melhor nem pior do que qualquer treinador do Brasil”, afirmou Jorge Jesus, numa conferência de imprensa onde reagiu, de forma mais sentida, à onda de críticas de que tem sido alvo por parte de colegas da classe, provavelmente incomodados com as lições de um português – e quem diria que, do lado de cá do Atlântico, um dia alguém daria lições de futebol aos brasileiros.
Depois de derrotar o Grémio e praticamente selar a conquista do título, o técnico do Flamengo respondeu com grande nível – e, mais uma vez, quem disse que Jorge Jesus têm dificuldade em comunicar?
“Não é o facto de eu ter vindo para o Brasil que demonstra que os técnicos brasileiros têm menos valor. Queria lembrar aos meus colegas que estão aqui no Brasil que, em Portugal, já trabalhou um brasileiro, que se chama Scolari, um grande treinador, acarinhado por todos os treinadores portugueses. Lazaroni, Abel Braga, Carlos Alberto, Rene Simões, Paulo Autuori e mais alguns de que não me lembro”, apontou.
Numa curta declaração (aparentemente longa, pela riqueza do conteúdo), Jorge Jesus recordou ainda que os portugueses, quando acolheram treinadores brasileiros, tentaram aprender com eles.
“Nós, portugueses, quando eles estiveram lá, tentámos aprender, tentámos tirar alguma coisa positiva e nunca se viu esta agressividade verbal, constantemente, que os treinadores do Brasil têm sobre mim, até aqueles aposentados, que estão em casa, de luvas, a tremer”, realçou.
“Não entendo estas mentes fechadas. Espero bem que olhem para mim como um colega de profissão, independentemente de ser português, argentino, ou brasileiro”, concluiu o técnico português do Flamengo.
A declaração mereceu honras de destaque no programa 'FOX Sports Rádio', daquele canal televisivo. Foi ouvida com direito a tradução, para que ficasse bem registada. E mereceu também um forte aplauso dos presentes.
No estúdio, concordaram o Jesus, bateram palmas e falaram do “ridículo” que é “o protecionismo nacional”.
Eis o vídeo:
