Grande Futebol
Um desabafo tremendo "sem bola e sem beijo a quatro mil quilómetros de Portugal"
2020-03-27 10:55:00
Treinador do Shakhtar Donetsk num texto emocionado em tempo de isolamento

"Sem a bola, sem o beijo e a quatro mil quilómetros de Portugal", Luís Castro, treinador português do Shakhtar Donetsk, deixa um depoimento que a todos permite refletir em tempos de isolamento forçado face à Covid-19 e compara mesmo o nível de dificuldade de fazer uma ida agora ao supermercado com um jogo de Champions contra Guardiola ou Gasperini.

"Hoje penso na máscara, no desinfetante, em lavar as mãos, em não cumprimentar o meu amigo, e na arriscada viagem ao supermercado, mais complexa do que o jogo contra o City ou a Atalanta. Como foi isto possível?", questiona Luís Castro, em declarações citadas pela 'Tribuna Expresso'.

Habituado a potenciar talentos desde meninos, como fez no FC Porto, ou à tensão dos jogos da Liga portuguesa e agora da ucraniana, Castro lamenta que tenha chegado o tempo de estar parado.

"Estou exausto, exausto de não fazer nada", desabafa, lembrando que nem as rotinas o têm ajudado.

"Por muito que me discipline, falta-me o treino, o jogo, o vídeo do adversário, o relatório, o vídeo da nossa equipa, o planeamento, a ansiedade pré jogo, o stresse competitivo, a dor, a angústia, a alegria da vitória, a tristeza solitária na hora da derrota: o alimento para ser feliz."

No mundo global, Luís Castro, que chegou também a lamentar o facto de se jogar à porta fechada, lembra como vinha sendo o comportamento humano.

"A ganância económica do mundo global esqueceu-se das regras para esse mundo. Correu mal."

Neste texto, o técnico do Shakhtar Donetsk espera em breve voltar a treinar, a jogar e quer "muito, muito, muito, muito, muito" que os que "estão a sofrer fiquem bem e voltem para o seio das suas famílias".