Grande Futebol
Um Superclássico argentino para a história: "Nada será igual depois disto"
2018-11-10 11:00:00
Boca Juniors e River Plate defrontam-se pela primeira vez na final da Taça Libertadores, a última disputada a duas mãos.

Uma rivalidade histórica, sem fim à vista, que se prepara para mais uma vez ‘incendiar’ o futebol argentino. Pois é, está aí à porta mais um duelo entre Boca Juniors e River Plate, desta feita com um troféu por conquistar. Os dois clubes fizeram história ao chegarem ambos pela primeira vez ao mesmo tempo à final da Taça Libertadores e não há ninguém no mundo do desporto rei que não esteja a falar disso neste momento. Para além disso, este confronto aglomera ainda mais história pelo facto de este ser o último ano em que a final da principal competição de clubes sul-americanos se disputa a duas mãos: e logo com a ‘Bombonera’ e o ‘Monumental’ a serem os cabeças de cartaz desta decisão.

Marque no calendário: neste sábado, dia 11 de novembro, a partir das 20h, tem lugar a primeira mão da final, com o Boca Juniors a receber o River Plate na ‘Bombonera’; o segundo encontro disputa-se no dia 24, também pelas 20h, com o River a receber o Boca no ‘Monumental. A verdade é que “nada será igual depois deste jogo”, tal como escreve o ‘UOL Esporte’ na antecâmara da partida. A Argentina (e não só!) vai, certamente, parar para um encontro que tem tanto de histórico como de decisivo.

“Isto está a deixar-nos loucos. Não conseguimos trabalhar, não conseguimos dormir, não conseguimos dormir bem, não conseguimos conversar sem falar disso”, foram as palavras de um adepto do River Plate, de nome Cristian Panadeiros, de 44 anos, aos microfones do ‘UOL Esporte’. “Não há nada que se pareça, nem nada que se venha a parecer com isto que vai acontecer nos próximos dias. Os mais jovens e os mais velhos sabem que o que está por vir é uma batalha épica”, acrescentou o ‘hincha’ do Millonarios.

Um dos pontos que levanta mais discórdia é o facto de os adeptos visitantes estarem proibidos de ir ver o jogo ao estádio do adversário, situação que não agradou a nenhuma das partes. “Há anos que defendemos que a festa do futebol argentino tem na disputa entre os adeptos nas bancadas o seu elemento mais emocionante. Isso só é possível com a presença dos visitantes, um habitante de La Boca e adepto do Boca Juniors, que deixou um apelo. “Que voltem os visitantes!”.

Sendo um dos clássicos mais importantes do futebol mundial, era de estranhar que não estivesse coberto de história e momentos fulcrais. 2 de agosto de 1908 foi a data do primeiro encontro entre Boca Juniors e River Plate, um particular vencido pela equipa ‘xeneize’. No entanto, o primeiro compromisso oficial entre estes rivais, considerado como o começo deste confronto futebolístico, aconteceu a 24 de agosto de 1913, com o River a ganhar por 2-1 numa partida disputada no estádio do Racing, em Avellaneda.

Agora numa base mais estatística, Reinaldo Merlo foi o jogador que mais vezes participou no Superclássico argentino, num total de 35 ocasiões, todas elas com a camisola do River Plate, único clube que representou na carreira. Ángel Labruna é o principal artilheiro dos duelos entre os dois rivais, com 22 remates certeiros entre 1939 e 1959. Ainda assim, as tragédias também já deixaram marca: a 23 de junho de 1968, após um nulo entre River e Boca, no Monumental, um grupo de adeptos tentou sair por um dos portões do estádio que estava trancado, o que levou a uma autêntica ‘avalanche’ humana, com 71 pessoas a morrerem, na maioria adeptos ‘xeneizes’ e mais de 100 feridos.

Jogadores a entrarem no relvado protegidos pelos escudos da polícia, porcos insufláveis vestidos com a camisola da equipa adversária, galinhas de brincar para ‘picar’ os rivais, adeptos a subirem as grades para tentar entrar em campo, confrontos, jogadores a serem escoltados pelas autoridades para fora de jogo, petardos… enfim, tudo pode acontecer num encontro entre Boca Juniors e River Plate.