Em dezembro de 2016, Carlos Tévez era um homem em forma. Quatro golos em três jogos, um bis perante o grande rival River Plate, três assistências em quatro jogos... O Boca Juniors voava e seguia lançado na liderança da liga argentina com apenas uma derrota e quatro empates nas primeiras catorze jornadas da temporada 2016/17. Tévez estava ao seu nível, nível de estrela do futebol mundial, nível que qualquer clube chinês que se prezasse necessitava para dar o salto qualitativo, de reputação, que procurasse e necessitasse dar. O Shangai Shenhua era um desses clubes e após uma proposta de cerca de dez milhões de euros, Tévez rumou à China assinando um contrato que o tornou, alegadamente, no jogador de futebol mais bem pago do Mundo. Em Xangai, Carlos Tévez encontrou à sua espera uma reforma dourada, porém, em campo, a história foi bem diferente.
Três meses mudaram tudo na carreira recente de Carlos Tévez. Contratado, sobretudo, pela equipa do Shangai Shenhua para a tentativa de o clube chinês alcançar a Liga dos Campeões asiática, não só Tévez e o Shangai Shenhua não o conseguiram, como o avançado argentino acabou por nunca encontrar a melhor forma em solo chinês. Das acusações de ser preguiçoso e estar fora de forma, à não convocação para jogos decisivos, como a final da Taça da China, a aventura chinesa de Carlos Tévez roçou o fiasco. A imprensa diz que Tévez quase desertou, regressou a casa com saudades, diz o clube. Dificilmente voltará. Um regresso ao Boca Juniors ou nova passagem pelo Brasileirão, ao serviço do Flamengo, parece ser a etapa seguinte na carreira de Carlos Tévez.
Mesmo após uma derrota por 3-2 perante o vizinho Xangai SIPG, o Xangai Shenhua levantou a Taça da China. Uma conquista permitida pela vitória por 1-0 do Xangai Shenhua na primeira mão. Em nenhuma delas, porém, jogou Carlos Tévez, algo que foi mais habitual do que o pretendido pelo clube chinês esta temporada. Entre lesões e opções técnicas, Carlos Tévez terminou a temporada chinesa participando em cerca de metade do total de jogos que poderia ter disputado. No total, Tévez realizou apenas 19 jogos pelo Xangai Shenhua e, pior, só mesmo o registo goleador em tal período. Nas 19 presenças registadas pelo clube, Tévez marcou apenas quatro golos, um desempenho que até o próprio clube definiu como desapontador e longe de corresponder às expetativas depositadas em Tévez aquando da sua contratação.
"Decidimos contratar Tévez pois a fase de qualificação da Liga dos Campeões asiática estava a começar. Tévez estava a jogar bastante bem pela Juventus e Boca Juniors, e visto que havia um verdadeiro braço de ferro na liga chinesa, fazia-nos falta um jogador com a reputação e o apelo mundial de Carlos Tévez. Claro que, contas feitas, Tévez não esteve à altura das expetativas" referiu há poucas horas o diretor desportivo do Xangai Shenhua à imprensa não fechando, ainda assim, a porta a uma possível renovação de contrato de Tévez com o clube chinês, contrato que termina apenas em 2018. A imprensa sul americana, porém, garante que tal dificilmente acontecerá e que o objetivo de Tévez é mesmo regressar a casa ou, pelo menos, prosseguir a carreira na América do Sul com a imprensa brasileira a dar conta de uma proposta do Flamengo no concurso de Tévez que, para ser libertado, deverá exigir o pagamento da sua cláusula de rescisão cifrada nos seis milhões de euros.
A história do Xangai Shenhua com estrelas do futebol longe de cumprir as expetativas do clube não é inédita com Tévez. Em 2012, Nicolas Anelka assinou pelo clube chinês, tendo sido emprestado à Juventus um ano depois, após três míseros golos em 22 presenças pelo Xangai Shenhua. Além de Anelka, também Didier Drogba passou de forma efémera pelo clube ainda que, no caso do marfinense, não tenham sido as más exibições que o motivaram tendo Drogba apontado oito golos nas onze presenças que fez pelo clube antes do avançado prosseguir a carreira na Turquia ao serviço do Galatasaray.
