Grande Futebol
"É como vender refrigerantes". Ex-benfiquista diz que jogador é "mercadoria"
2020-04-28 16:55:00
Jogador partilha pensamento que faz o adepto refletir neste futebol cada vez mais industrial

Longe vai o tempo do futebol romântico, de jogadores que alinhavam num só clube ou até faziam juras de amor eterno a um símbolo. No futebol cada vez mais tomado pelo negócio e numa indústria poderosa, capaz de movimentar verbas milionárias por todo o mundo, nem sempre os adeptos compreendem que um jogador possa estar com uma camisola e passado pouco tempo possa jogar no rival.

Portugal está carregado de jogadores que usaram a camisola do Benfica e passaram para o FC Porto, ou o inverso, ou até jogadores que transitaram de Alvalade para a Luz, ou fizeram o caminho contrário na Segunda Circular.

Lá por fora, quem esquece, por exemplo, a mediática mudança de Luís Figo, estrela no Barça, para o projeto galático de Florentino Pérez?

A verdade é que se vive uma nova era no futebol de um tempo a esta parte, na qual os jogadores são encarados como 'ativos'. E, como tal, num momento vestem de azul, no outro podem ser encarnados, verdes, ou de outra qualquer cor.

Neste sentido, o antigo jogador do Benfica, que em Portugal também representou o Belenenses, Deyverson partilhou um pensamento que permite aos adeptos refletirem.

O ex-atleta encarnado assume com naturalidade que um jogador atualmente possa alinhar num clube e depois no rival histórico, socorrendo-se de um exemplo curioso.

"Se eu falar, vão achar mal, mas eu sou mercadoria. Um dia estou num clube, outro dia noutro", explicou o brasileiro que está emprestado pelo Palmeiras, num testemunho muito realista na forma como muitos jogadores hoje em dia são encarados.

Deyverson explica que tranferir um jogador de futebol "é como vender refrigerantes".

Em declarações à Gazeta Esportiva, do Brasil, o atleta deixa ainda uma mensagem aos adeptos.

"Não entendem que nós não vamos viver para sempre no clube", assumiu o ex-jogador do Benfica e do Belenenses, desmistificando a ideia de rivalidade nos profissionais de futebol.

"As pessoas acham que somos mercenários, mas é questão de vínculo", defendeu Deyverson, assumindo que enquanto futebolista não tem rivais.

"Não tenho", salientou, não escondendo que gosta do Vasco da Gama mas se tiver de jogar no rival, o Flamengo de Jorge Jesus, o faz perfeitamente.