Grande Futebol
Shevchenko e o crescimento de uma seleção renovada
2018-10-17 20:05:00
O antigo jogador pegou na equipa nacional da Ucrânia em 2016 e está a colher os frutos

Andriy Shevchenko pode ter sido um dos melhores avançados do seu tempo, tendo tido uma carreira brilhante em Dynamo Kiev, Milan e Chelsea, mas é nos bancos de suplentes que hoje, aos 42 anos, brilha. O selecionador da Ucrânia operou uma revolução na equipa nacional do país e vai já numa série de nove partidas consecutivas sem perder qualquer jogo. Mais: conseguiu fazer da Ucrânia a primeira seleção a garantir a subida de divisão na Liga das Nações, um lugar no playoff de qualificação para o Europeu de 2020 e uma entrada no pote 2 do sorteio de apuramento.

Num grupo com República Checa e Eslováquia, a Ucrânia venceu os três jogos que já disputou com Yarmolenko, Konoplyanka, Marlos ou Stepanenko em destaque. Os triunfos foram todos pela margem mínima (2-1, 1-0 e 1-0), mas demonstraram grande solidez defensiva dos amarelos e azuis e permitiram à equipa ter uma estreia na Liga das Nações bastante positiva - ainda que não tenha terminado. A juntar a estes resultados, a Ucrânia tem conseguido resultados bastante positivos em jogos de preparação. Empatou com a Itália (1-1), bateu a Albânia de forma confortável (4-1), derrotou o Japão (2-1), e teve empates não tão espantosos contra Marrocos (0-0) e a Arábia Saudita (1-1). Tudo isto em 2018, ano em que a seleção da Ucrânia ainda não perdeu qualquer partida.

Em entrevista ao site oficial da FIFA, Shevchenko explicou o que alterou na seleção assim que entrou para o cargo em 2016. "Herdei a equipa num momento difícil, logo a seguir a um Europeu que desiludiu. A imprensa, a moral dos jogadores - estava tudo contra nós. A seleção tinha de ser renovada no início do ciclo de qualificação para o Mundial. Exigia-se mudança e também resultados. Foi um curto período de tempo e provavelmente o mais difícil. Começámos a construir uma equipa no princípio da posse de bola. Para a Ucrânia isto é pouco comum visto que a equipa nunca demonstrou esse futebol antes e é muito difícil fazer essas mudanças rapidamente. Começámos o processo de renovar a equipa e desde então estreámos 20 jogadores. A derrota contra a Croácia, os futuros finalistas do Mundial, no último jogo do nosso grupo revelou-se decisiva", frisou.

O objetivo de Andriy Shevchenko, que pendurou as botas em 2012, é desenvolver os jovens talentos ucranianos. As presenças de Mykyta Burda, Mykola Matvienko ou Roman Yaremchuk no onze inicial que bateu a República Checa no último desafio para a Liga das Nações, assim como as entradas de Oleks Zinchenko e Viktor Tsyganov na segunda parte, são prova disso mesmo. "O futuro é sempre para os jovens e para os treinadores o importante é ter alguém com quem trabalhar. Temos jogadores muito talentosos, com muito potencial, e a tarefa é descobrir e perceber isso", adicionou Shevchenko à 'FIFA'.