Grande Futebol
Sá Pinto: do inferno até ao céu, com muitos episódios caricatos à mistura
2018-03-19 11:00:00
Depois de um início de época e de alguns episódios caricatos, Sá Pinto está no bom caminho no Standard Liège.

Depois da tempestade vem a bonança. Assim o pode assegurar Ricardo Sá Pinto, que vive agora o melhor momento da carreira de treinador. A juntar ao recente apuramento para o play-off de campeão da Liga Belga, o técnico português levou o Standard Liège à conquista da Taça da Bélgica. Este foi o primeiro troféu para Sá Pinto desde que pendurou as chuteiras, ele que até já tinha perdido o jogo decisivo de uma taça, mais precisamente a de Portugal, em pleno Jamor, com o Sporting frente à Académica, na temporada 2011/12. À segunda foi de vez para o treinador de 45 anos.

Porém, nem tudo foi um mar de rosas até à glória que Sá Pinto conquistou este fim de semana. O português foi protagonista de um par de episódios caricatos e inclusive que marcam pela negativa. Aqui e ali, Sá Pinto envolveu-se em situações pouco aconselháveis, como foi a suspensão de duas semanas, aplicada pela Comissão de Apelo da federação belga, na sequência de ter invadido o relvado num jogo contra o Anderlecht. Sá Pinto interrompeu a partida e entrou nas quatro linhas a queixar-se de ter sido atingido por um objeto vindo das bancadas… que era um copo de plástico com cerveja. Com uma expulsão aos seis minutos de um compromisso particular pelo meio, Sá Pinto envolveu-se ainda numa altercação de palavras com Boloni, que o apelidou de “figura conflituosa”. O técnico do Standard mostrou-se, na altura, surpreendido com os comentários do colega de profissão.

A verdade é que o trajeto de Sá Pinto no Standard não começou nos eixos certos, mas tomou o melhor caminho pelo meio. O timoneiro português aterrou na Bélgica depois de andar por meio mundo. Quando saiu do comando técnico do Sporting, algumas semanas depois do começo da temporada 2012/13, os destinos do desporto rei levaram-no até à Sérvia para treinar o Estrela Vermelha. No emblema de Belgrado teve um registo positivo, com oito triunfos em onze partidas, mas essa senda não resultou na conquista do campeonato, mas sim no segundo posto da tabela classificativa. Seguiu-se, então, a aventura pelo sempre animado futebol grego, uma época no OFI e metade de outra no Atromitos. Depois de um regresso pouco conseguido a Portugal, com cerca de meia temporada como timoneiro do Belenenses, Sá Pinto rumou à Arábia Saudita, para treinar o Al Fateh e antes da Bélgica ainda voltou a orientar os destinos do Atromitos.

Crédito: Ricardo Sá Pinto Facebook

Em Liège, a estadia de Sá Pinto não começou no tom desejado. Nas primeiras sete jornadas do campeonato belga, o Standard somava apenas um triunfo… mas, tudo foi ao lugar. Dizem que o tempo cura tudo e neste caso foi com o passar dos dias, semanas e meses que os resultados do Standard começaram a mudar e as vitórias passaram a ser norma corrente. E Sá Pinto ainda perdeu o goleador Orlando Sá pelo meio, com o avançado português a rumar aos milhões do futebol chinês. A verdade é que Sá Pinto conseguiu mesmo operar uma reviravolta total numa temporada que aparentava estar condenada ao fracasso e atingiu o sexto lugar do campeonato, pelo que irá estar presente no play-off de apuramento do campeão e dos postos para as competições europeias. Além disso, na Bélgica não há Jamor, mas a final foi conquistada pelo Standard Liège e o desfecho envolveu Sá Pinto a tomar banho de cerveja, champanhe e a ouvir o nome ser entoado pelos jogadores da equipa.

"Acho que estava destinado ganharmos esta taça. Os jogadores fizeram um percurso extraordinário, muito bom, seguro e mereceram. Uma final é sempre uma final e não se joga tão bem de parte a parte. Houve alma, estratégia, organização, paciência, eficácia e portanto ganhámos. [Primeiro grande título enquanto técnico] significa que é bom ganhar. Um treinador vive de vitórias, eu gosto muito de ganhar. Já perdi algumas vezes e não gosto nada de perder, nem de empatar, portanto é um dia marcante na minha carreira como treinador", foram as palavras de Sá Pinto em declarações à RTP após a conquista. A conferência de imprensa foi ‘boicotada’ pelos jogadores do Standard, com cânticos de "Sá Pinto" e um banho para o técnico. Um dia que certamente perdurará na memória do treinador português.

Crédito: Ricardo Sá Pinto Facebook