Grande Futebol
Ruanda paga 30 milhões de euros para estar nas mangas do Arsenal
2018-06-07 20:30:00
Um país cuja ajuda externa é 17 por cento orçamento e 60 por cento da população vive com menos de 1,60 euros por dia

O Ruanda, um dos países mais pobres do planeta, chegou a acordo para pagar ao Arsenal cerca de 35 milhões de euros para que o nome do país apareça nas mangas das camisolas do clube inglês nos próximos três anos. O facto de o presidente Paul Kagame ser um adepto fanático do clube londrino originou ruído discordante, mas há quem veja a iniciativa como um belo investimento.

A questão que se levantou foi a seguinte: no que estaria a pensar Paul Kagame - presidente do Ruanda desde 2000 - quando decidiu investir uma boa fatia dos parcos recursos de um dos países mais pobres do Mundo num dos dos clubes mais ricos do planeta? Estaria Paul Kagame a ser indulgente ao ponto de alimentar uma paixão pessoal, ele que é assumidamente adepto do Arsenal? Ou, terá sido um investimento a pensar no futuro do turismo ruandês?

Paul Kagame, um antigo comandante do exército que saiu vitorioso da guerra civil no Ruanda, chegou à presidência em 2000. Recentemente fez uma alteração à constituição do país de forma a possibilitar-lhe que concorra a um terceiro mandato, depois de em 2017 ter sido reeleito com 98,8 por cento dos votos.

A ajuda externa de países como a Holanda e o próprio Reino Unido representa cerca de 17 por cento do orçamento do Ruanda, uma nação que, segundo os dados das Nações Unidas, tem 60 por cento da população a viver com menos de 1,60 euros por dia.

Do parlamento holandês já chegaram vozes de protesto. O acordo publicitário que envolve o Arsenal tem sido alvo de questões políticas. paul Kagame já respondeu afirmando que é um investimento no turismo: "Visite o Ruanda", é o que vai poder ler nas mangas das camisolas do Arsenal nas próximas três temporadas.

Clare Akamanzi, chefe executivo da direção de desenvolvimento do Ruanda veio explicar que "quem criticar o acordo com o Arsenal com base no facto de o país ser pobre, ou espera que assim permaneça ou não sabe que, em qualquer estratégia de marketing, os custos são parte do negócio", revelando ainda que o Ruanda espera dobrar as receitas do turismo para cerca de 800 milhões de euros.