Roberto. Guarda-redes. Benfica. Estas três palavras, para os portugueses, significam o um período negro na baliza do Benfica. No entanto, o espanhol tem mudado isto e, agora, é apontado à Liga Inglesa, depois de um início de temporada “brilhante”, de um “valor decisivo” e de um “rendimento excelso” no Málaga CF. Ronaldo que o diga… Mas já lá vamos.

Primeiro, o Benfica.

O que nasce torto…

“O que nasce torto, tarde ou nunca se endireita”. Este ditado popular define, na perfeição, a passagem de Roberto pelo Benfica. Em 2010/11, logo no segundo jogo pelos encarnados, o guarda-redes espanhol “enterrou”. Bastante.

Num particular frente ao Sion, na Suíça, o Benfica perdeu 2-1, com patrocínio de Roberto. O espanhol diz ter sido traído pelo relvado sintético e deixou bater uma bola que lhe passou por cima, dando o primeiro golo dos suíços, antes de uma “mancha” defeituosa – até bizarra – dar o segundo golo do Sion.

Veja os dois lances.

A partir daqui, vida difícil. Demasiado difícil. Dificultada ainda por um erro num dos primeiros jogos da temporada. À segunda jornada, um erro caricato de Roberto, na Madeira, frente ao Nacional, deu aos insulares uma vitória, por 2-1.

No jogo seguinte, em plena Luz, frente ao Vitória de Setúbal, veio a redenção. Roberto foi relegado para o banco, mas, ironia suprema, teve de ser chamado aos 22 minutos, para render o expulso Júlio César. Entrou para defender o penálti e... defendeu mesmo. Uma redenção, nesse dia, mas nada que salvasse o percurso do espanhol no Benfica.

A constante insegurança de Roberto nas saídas da baliza foi, muitas vezes, ofuscada por grandes intervenções entre os postes, mostrando uma agilidade notável para a estampa física que tem e capacidade de fazer as chamadas defesas “impossíveis”. Suficiente para convencer Jorge Jesus, que lhe deu 41 jogos nessa temporada, mas insuficiente para convencer o clube a mantê-lo mais tempo na Luz.

Negócio obscuro

Para além do irregular desempenho desportivo, Roberto trouxe consigo um fardo pesado. Custou nada mais nada menos do que oito milhões e meio de euros. Um valor alto para a realidade do Benfica, que nunca tinha pago tanto por um guarda-redes. “Como é que um guarda-redes de oito milhões falha tanto?”. Esta questão era repetida nas bancadas da Luz e reforçada pelos valores que o espanhol continuou a movimentar.

Informações avançadas: Roberto chegou ao Benfica por 8 milhões, vindo do Atlético Madrid. Um ano depois, com uma má temporada pelo meio, valorizou-se e foi vendido por 8,6 milhões de euros, ao Saragoça (direitos desportivos) e a um fundo de investimento (direitos económicos). Como o fundo não liquidou a parte que lhe competia, o Benfica acabou por ficar de novo com os direitos do jogador, vendendo-o ao Atlético Madrid (por seis milhões de euros), que o emprestou ao Olympiacos. Confuso? É natural, dado que as cambiantes do negócio nunca foram 100% claras. O que se sabe é que a chegada de Pizzi ao Benfica (vindo do Atlético Madrid) foi um mecanismo de abate desta dívida por Roberto, substituindo os tais seis milhões.

Herói na Grécia e olho na Liga Inglesa

Números e negócios à parte, o certo é que, depois de duas épocas no Saragoça, Roberto foi para a Grécia e… teve sucesso. O espanhol foi campeão três vezes – algo que não é particularmente difícil para quem joga no Olympiacos – e considerado o melhor guarda-redes do campeonato.

A imprensa britânica chegou a garantir que o Arsenal estava interessado em Roberto, em 2015, para ser o suplente de Petr Cech. O negócio não avançou e Roberto voltou a Espanha. Depois de um mau ano no Espanyol, o guarda-redes, aos 31 anos, tem sido estrela num frágil Málaga.

A equipa ocupa a penúltima posição da Liga Espanhola, mas Roberto é definido pela imprensa local como “brilhante” e “de valor decisivo” em vários momentos da temporada do clube. O expoente disto foi a forma como parou Cristiano Ronaldo, com várias defesas importantes, bem como a defesa inicial de um penálti do português, que marcou na recarga. Parece pouco? Talvez. Mas o certo é que a imprensa espanhola está impressionada com o ex-guarda-redes do Benfica e, nesta quarta-feira, garante que há clubes da Liga Inglesa interessados em contratar Roberto. O que se diz é que o Málaga deverá pagar 1,2 milhões para ter o jogador em definitivo, vendendo-o por um valor superior, no verão.

Para quem gosta de Roberto, não será surpreendente. Para quem não gosta, também não. Afinal, este jogador conseguiu valorizar-se, em Portugal, depois de uma má temporada…