Demorou, mas o bom trabalho começa a estar à vista de todos. Unai Emery precisou de tempo para conhecer os cantos à casa e de se adaptar a uma realidade decorrente de um legado com o peso do deixado por Arsène Wenger, entrou em falso na Premier League com duas derrotas consecutivas, mas a partir daí foi sempre a somar. Depois de um início de tremideira, os "gunners", arrancaram para nove triunfos consecutivos e estão nesta altura apenas a dois pontos da liderança tripartida da Premier League, o mesmo é dizer a dois pontos de Manchester City, Chelsea e Liverpool FC. Já na Liga Europa, lideram de forma tranquila, com o mesmo número de pontos do Sporting, que vão defrontar em Alvalade, dentro de 15 dias.
Num plantel repleto de estrelas não foi fácil ao treinador espanhol encontrar um onze consistente, que lhe desse garantias inequívocas, mas depois dos inevitáveis testes e experiências, Unai Emery chegou a bom porto para agrado dos exigentes adeptos, que rejubilam com o atual momento vivido pela equipa expresso não só na qualidade do futebol praticado como também no número de golos apontados (só Aubameyang e Lacazette contam oito, repartidos irmamente), ao ponto de só o avassalador Manchester City ter mais remates certeiros (21 contra 19).
O sistema tático obedece a um criterioso 4x2x3x1, com uma dupla tremenda de médios de cariz mais defensivo (Torreira e Xhaka), que dão liberdade à imaginação de Ozil e Ramsey. De resto, Unai Emery até arranjou forma de conciliar Aubameyang e Lacazette neste esquema. Como? Derivando o ex-Borussia de Dortmund para a ala direita. E os resultados estão à vista. "Auba" não deixou de fazer golos e Lacazette mantém-se em grande na frente de ataque. O último e robusto triunfo obtifo fora de portas, diante do Fulham, de 5-1, é exemplo disso mesmo, com os dois jogadores a fazerem quatro golos à sua conta. Só Ramsey teve a ousadia de intrometer-se neste tufão de futebol atacante.
Mas vamos lá ao onze eleito por Emery. Petr Cech; Bellerin, Mustafi, Sokratis e Monreal; Torreira e Xhaka; Ozil, Ramsey e Aubameyang; Lacazette. Sobram ainda Iwobi, Wellbeck, Mkhitaryan, Guendouzi e Leno, entre outros. Não é, assim, preciso acrescentar muito relativamente ao poder de fogo dos "gunners", o próximo adversário do Sporting na Liga Europa, a competição de eleição do treinador espanhol, que ao serviço do Sevilha FC conquistou o troféu por três vezes e que esta terça-feira já avisou: "Estou na Liga Europa para a ganhar."
Neste sentido, Unai Emery tem dado o seu contributo para a mudança de mentalidade do futebol britânico relativamente à Liga Europa, até há pouco vista como uma competição menor. "Quando ganhei a Liga Europa com o Sevilha vi que os clubes ingleses nem tentavam ganhar. Mas a UEFA potenciou a Liga Europa ao dar ao vencedor um lugar na Liga dos Campeões, e nos últimos anos vimos três equipas inglesas na final. Estou nesta competição para ganhar e transmito isso aos meus jogadores. É um título e uma porta aberta para a Liga dos Campeões", sublinhou.
Disputar três jogos por semana é algo que não o incomoda, embora fale do curto de recuperação física a que o plante fica sujeito. "Quando se joga vários jogos durante uma semana é difícil, porque há menos tempo para se preparar os jogos e trabalhar fisicamente os jogadores, mas nos queremos que seja assim. Queremos jogar três jogos por semana."
A responsabilidade de Unai Emery é tremenda tendo em conta que o Arsenal está há duas temporadas consecutivas sem conseguir sequer um lugar na Liga dos Campeões. É neste contexto que a Liga assume (também) particular importância na carreira da equipa em 2018/19, até como forma de precaver mais um campeonato de desilusão.
