Grande Futebol
Portugal terá de lutar contra um violinista, um pastor e sushi
2018-06-21 11:00:00
A maior estrela da seleção do Irão é um português.

O apuramento de Portugal para os oitavos-de-final do Mundial 2018 terá de ser feito com criatividade e com recursos variados. É que, do outro lado, estará um Irão com valências diversas: pastores, violinistas, homens do sushi, suecos, voleibolistas, Lamborghinis e cavalos. Muita coisa para aguentar.

Expliquemos: a seleção do Irão é um autêntico cocktail de experiências de vida e de hobbies. Alireza Moharami é um jornalista iraniano que, à “Marca”, desvendou alguns dos principais segredos da seleção do Irão. Segredos bem guardados.

Beiranvand foi pastor, mas não só. É o homem que estará incumbido de, na segunda-feira, parar os remates de Ronaldo e companhia. É um homem que foi pastor de ovelhas no Lorestão, no noroeste do país. O pai não gostava que ele jogasse futebol e rompia-lhe as camisolas e as luvas. É também um homem que chegou a dormir na rua, por não ter dinheiro para mais. Fazia-o à porta do clube onde jogava. “Confundiram-me com um mendigo e acordei com moedas ao meu lado. Que pequeno-almoço que tive”, contou o jogador, ao “Guardian”.

Mais: antes de ser jogador, Beiranvand chegou lavar carros – devido à altura, ficava com os jipes –, a varrer ruas e a dar uma mãozinha num restaurante de pizza. Agora, dá uma mãozinha – ou melhor, as duas – para ajudar o Irão. Aguentou as bolas de Marrocos, aguentou quase todas as bolas da Espanha e, se isto continuar assim, dificilmente um português dará cabo dele.

Saman Ghoddos é sueco. Sim, no meio dos iranianos há um escandinavo. Nasceu em Malmö, na Suécia, e só no ano passado conseguiu a nacionalidade iraniana, país dos pais. Chegou a jogar dois particulares pela Suécia – até marcou um golo –, mas optou pelo Irão, mal conseguiu a cidadania do país do médio-oriente.

Reza toca violino, sabe quatro línguas e entende mais três. E é bom que lhe chame “Reza”, que o apelido, “Ghoochannejhad”, é bem mais complicado. Os predicados deste avançado vão à música, mas ser poliglota é mesmo o mais curioso: fala fluentemente inglês, francês, holandês e persa e compreende alemão, italiano e… português. Jogadores de Portugal, não falem da tática dentro do campo quando Reza estiver por perto. Ele entende-vos.

Azmoun é considerado o “Messi iraniano” e foi jogador de voleibol. Joga no Rubin Kazan – joga o Mundial “em casa” – e, dizem, tem pinta de Messi. O jogador diz que só dizem isso por usarem as mesmas botas e garante que sempre se reviu mais em Ibrahimovic. Chegou a ser convocado para a seleção sub-15 de voleibol, mas acabou por trocar os serviços e os blocos pelas fintas e os golos. E pelos cavalos. Tem vários.

Dejagah tem um restaurante de sushi, em Berlim. Chegou a ser internacional pelas camadas jovens da Alemanha – tem tatuagens de Berlim e Teerão nos braços – e é muito amigo de Kevin-Prince Boateng, jogador que esteve com um pé no Sporting, há algumas temporadas.

Rezaeian anda com um Lamborghini com detalhes em ouro. Chegou há poucos meses à Bélgica e surgiu num Lamborghini Aventador, com pormenores em ouro. Andava a grande velocidade no passeio marítimo de Oostende, cidade costeira do norte do país. Por lá, não gostaram muito da brincadeira.

Alireza Jahanbakhsh não gostava de bola. Ou melhor, até gostava, mas de outras. Em criança, preferia andebol, futsal e até ginástica. Acabou por optar pelo futebol e idolatra Ronaldo, que define como “simplesmente o melhor do Mundo”. É uma das principais estrelas desta equipa, depois de ter sido o melhor marcador da Liga Holandesa, com 21 golos, aos quais ainda somou 12 assistências. Craque.

Ansarifard, o homem da parca autoestima. “Se contasse tudo o que vivi, daria para escrever um livro”, chegou a dizer o próprio jogador. Confessou os problemas de autoestima e foi recuperado para o bom nível por… Paulo Bento. Foi importante para o português, no Olympiacos.

O jornalista iraniano que contou estas curiosidades garante que a maior estrela desta seleção é um português. “O selecionador Carlos Queiroz, sim, é uma estrela. É incrível que nos tenha qualificado duas vezes para Mundiais e teve de lutar com os clubes para que cedessem os jogadores com maior antecedência para prepararem esta prova”.