Grande Futebol
Ponto final. Guardiola não deixa Ederson marcar penáltis
2018-04-28 18:00:00
Treinador espanhol divulgou a decisão este sábado, mostrando-se irredutível

Ederson bem pediu, mas Guardiola não vai deixar o antigo guarda-redes do Benfica marca penáltis. A explicação, segundo o treinador do Manchester City, é bem simples e passa, sobretudo, por uma questão de... respeito pelo adversário. "Porque é guarda-redes e por respeito aos adversários. Num particular ou num desempate por penáltis até pode acontecer, mas num jogo oficial não!". Mais claro não podia ser o técnico catalão. "Há outros jogadores para efetuar a marcação. Temos de respeitar os nossos adversários e as competições. Uma coisa é um jogo particular ou uma disputa por penáltis, situação em que ele pode bater, mas durante um jogo oficial, não", reforçou.

A posição de Pep Guardiola decorreu do sucedido na última semana. Diante do Swansea City, de Carlos Carvalhal, depois de Sterling cair na grande área já com o Manchester City a vencer por 3-0, os adeptos que lotavam o Estádio Etihad, em ambiente de festa inerente à conquista do título de campeão, pediram para que fosse Ederson a marcar o pontapé de penálti, mas Guardiola manteve-se irredutível. Avançou Gabriel Jesus, que falhou (Bernardo Silva marcou na recarga), e no final, na onde de entusiasmo, o guarda-redes internacional brasileiro disse que teria marcado se o treinador lho tivesse pedido. Ederson garantiu até ter algum jeito, sublinhando que gostava de fazer um golo. "Eu ouvi-os a cantarem o meu nome, a pedirem-me para bater o penálti, mas o Gabriel foi lá. Infelizmente, ele falhou, mas o Bernardo, felizmente, marcou. Se o treinador me tivesse pedido para ir lá, eu teria marcado de certeza", referiu à "ESPN", definindo-se: "Não tenho a certeza se seria capaz de bater livres, mas sou bom nos penáltis, seja a usar a força ou a técnica a rematar."

Neste contexto, o guarda-redes manifestou o desejo de até ao final da época fazer o gosto ao pé. "O City tem os seus regulares marcadores de grandes penalidades e temos boas opções. Mas, se o Pep me pedir para bater, eu vou lá. Espero que isso aconteça até ao final da época, eu gostava de marcar." De penálti não será certamente, dada a posição assumida este sábado por Guardiola.

A Ederson não resta, desta forma, outra alternativa que não passe pela tentiva de marcar de bola corrida. Não seria o primeiro o fazê-lo, pois são alguns os guarda-redes que entraram para a história do desporto rei por essa particularidade: não só de marcar penáltis, como também de fazer golos, seja de livre direto, seja na sequência de pontapés de canto. 

O primeiro a notabilizar-se nessa "particularidade" foi Carlos Fenoy, o pioneiro na arte de guarda-redes goleadores. Em novembro de 1976, a lista dos melhores marcadores do futebol espanhol chegou a incluir o nome do argentino, que com quatro remates certeiros ombreava com nomes como o seu compatriota Mario Kempes, que acabou por conquistar o troféu. Ao serviço do Celta de Vigo, Fenoy, conhecido como "El Loco", fez cinco golos em 32 jogos, um dos quais ao Real Madrid, numa temporada épica. O sucessor de Fenoy foi outro sul-americano, de seu nome Nacho González. Ao serviço do Las Palmas ficou na história não só por apontar o golo 1000 na liga espanhola, como também por ter sido o primeiro a fazer dois golos num só encontro.

Os guarda-redes sul-americanos sempre se distinguiram pela capacidade goleadora. Não é por acaso que no top 3 estão um brasileiro, um paraguaio e um colombiano. Não é difícil adivinhar: estamos a falar de Rogério Ceni, Chilavert e Higuita. O primeiro fez... 132 golos, o segundo 62 e o terceiro 41 remates certeiros. O primeiro europeu é o búlgaro Ivankov, que ao longo da carreira somou 40 golos, numa lista onde consta o ex-benfiquista Hans-Jörg Butt. Contabiliza 29 golos e ainda hoje tem o recorde de golos apontados na Liga dos Campeões.