Grande Futebol
Os segredos do sucesso de um Liverpool como há muito não se via
2018-12-22 21:00:00
Desde há vários anos que o Liverpool não é tão candidato ao título como esta temporada e isto explica-o.

Poucos jogadores no futebol atual transformaram tanto a capacidade de uma equipa como Alisson e Virgil van Dijk, em especial o defesa central holandês, o vão fazendo desde que ambos chegaram ao Liverpool. Pela primeira vez em muitos anos, o Liverpool é líder da Premier League no Natal e para quem acredita nestas coisas, este pode muito bem ser o ano de regresso dos Reds aos títulos. Da última vez que o Manchester City perdeu em casa frente ao Crystal Palace, o Liverpool acabou campeão inglês. Aconteceu em 1990 e pode muito bem repetir-se esta temporada com o Liverpool a assumir-se como um dos principais candidatos ao título inglês muito por culpa do defesa central holandês.

Virgil Van Dijk tem sido um verdadeiro colosso no centro da defesa do Liverpool desde que em janeiro de 2018 trocou o Southampton por Anfield a troco de uns impressionantes oitenta milhões de Euros. Muitos dirão ‘pudera, pelo preço gasto mau era se assim não fosse’, mas como dizia Cruyff, nunca vimos um saco de dinheiro fazer um golo. Pode ajudar, porém, tal como ajudaram as contratações de Virgil van Dijk e Alisson, já esta temporada, transformando uma equipa historicamente candidata ao título, num verdadeiro tubarão. 18 jogos volvidos esta temporada na Premier League, e o Liverpool ainda apenas perdeu pontos em três deles, três empates, mantendo-se invictos na competição. Isto, com um registo defensivo impressionante de apenas sete golos sofridos, de longe, o melhor registo defensivo da competição.

Van Dijk em muito ajudou a isto e os números não mentem. Desde que chegou ao Liverpool, e já lá vão 32 jogos, os Reds apenas sofreram 17 golos na Premier League e registaram outros 17 jogos sem sofrer qualquer golo. Poucas vezes um jogador teve uma influência tão determinante na capacidade de todo um processo defensivo. Desde que chegou ao Liverpool, Van Dijk domina todos os índices estatísticos relativos à competição em termos de mais toques na bola, mais minutos jogados, mais passes efetuados, mais duelos ganhos, maior número de alívios de bola, maior número de duelos aéreos ganhos, mais interceções feitas e mais remates bloqueados. Um verdadeiro colosso defensivo que levou para Anfield o ingrediente que faltava para que a equipa do Liverpool se tornasse num verdadeiro candidato ao título e chegasse ao Natal líder da competição com mais quatro pontos do que o City. E ainda o ataque do Liverpool não parece estar a carburar no máximo da força.

Para muitos, aquilo que evitava que o Liverpool pudesse ser um verdadeiro candidato ao título na Premier League foi esta temporada compensado. Do Top-5 da temporada passada, apenas o Liverpool não conquistou tantos pontos quantos aqueles que seriam previstos estatisticamente, com o Liverpool a terminar a época passada em quarto lugar com 75 pontos, quando as estatísticas previam que o Liverpool devesse ter terminado a época com 79 pontos. Além disso, o Liverpool sofreu mais golos do que aqueles que estatisticamente seriam previstos, resultado de não ter um jogador como Van Dijk ou Alisson que, por si só, garantiam pontos a partir da defesa.

Neste aspeto, o Manchester United de Mourinho foi o extremo oposto por culpa de um David de Gea em época de sonho. Estatisticamente seria de esperar que o United tivesse sofrido 43 golos dado o volume e qualidade de oportunidades permitidas ao adversário, com a equipa de Mourinho a ter terminado a época com apenas 28 golos sofridos. Isto permitiu que o United terminasse a Premier League na segunda posição com 81 pontos, quando as estatísticas previriam um um sexto lugar com 62 pontos. De uma forma muito simples: tinha um guarda redes que garantia pontos por si só.

Este ano, a história é bem diferente. Com David de Gea a fazer uma época normal e não de sobre rendimento como na temporada passada, o Manchester United tem registos piores do que os esperados. Tem mais golos sofridos do que os previstos estatisticamente, 29 contra 26, ainda que mais pontos do que os que se previa em termos estatísticos nesta altura. 26 pontos, contra os 23 previstos pela estatística em função da análise das oportunidades permitidas aos adversários.

Já o Liverpool, é o completo oposto. A chegada de alissonson e a consistência de Van Dijk permitem ao Liverpool estar acima das previsões estatísticas, o que é conseguido de duas formas: ou através de um sobre rendimento momentâneo e insustentável a longo prazo, ou através de jogadores de classe mundial, tal qual acontece esta temporada por Anfield. As chegadas de alissonson e Van Dijk permitem ao Liverpool ter neste momento mais oito pontos do que aqueles que seriam previstos em termos estatísticos, bem como menos sete golos do que aqueles que foram sofridos pelo conjunto de Klopp até aqui. De uma forma simples: com alissonson e Van Dijk, principalmente, a terem intervenções determinantes evitando golos em situações de grande probabilidade para que os mesmos acontecessem. Mesmo que só o City permita menos ocasiões de golo aos adversários do que o Liverpool, o conjunto de Anfield consegue superar os já de si bons comportamentos defensivos derivados do modelo de Klopp, com a qualidade individual. Nem sempre acontece, mas também no futebol, um mais um é igual a dois.

A ausência de jogadores que fizessem a diferença do ponto de vista defensivo foi o grande problema do Liverpool na temporada passada e que acabou por ser corrigido esta época. Apesar de ter terminado a Premier League em quarto lugar, só o City e o Chelsea revelaram comportamentos defensivos superiores aos do Liverpool na temporada passada e concederam menos oportunidades de golo aos adversários do que a equipa de Klopp. Estatisticamente, o Liverpool devia ter terminado a Premier League em segundo lugar na temporada passada e só a ausência de jogadores que marcam a diferença a nível defensivo o impossibilitou. Esse é, portanto, o grande segredo do sucesso do Liverpool esta temporada.