Grande Futebol
Os contornos de uma crise real onde a culpa não morre solteira
2018-10-07 14:00:00
A imprensa de Madrid caiu em cima de Lopetegui depois da derrota em Alavés mas aponta outros 'culpados'

A crise é real. Três derrotas fora (Sevilha FC, CSKA Moscovo e Alavés) e um empate em casa (no dérbi com o Atlético Madrid) nos últimos quatros. Sete horas sem conseguir marcar um golo. Uma série de outros registos negativos e a imprensa espanhola a desancar este domingo no Real Madrid de Lopetegui e já se apontam culpados. E tudo a derrota com o Alavés, este sábado, agudizou ainda mais a desconfiança em relação a este Real Madrid pós-Ronaldo.

A "Marca" fala em "crise real" e aponta o dedo ao treinador espanhol que vive um momento complicado à frente do Real Madrid. "Lopetegui falou de tranquilidade, que ainda estamos em outubro, é verdade. Mas não se pode ter calma quando se leva 6 horas e 49 minutos sem marcar, quatro jogos seguidos sem vencer e sofre-se quatro derrotas em tão pouco tempo nesta época", pode ler-se naquela publicação.

Após a derrota com o Alavés, Lopetegui deu o peito às balas e atirou: "Eu sou o principal responsável". A imprensa espanhola não aponta, porém, só a Lopetegui a principal responsabilidade por este momento do Real Madrid. O momento de forma de alguns jogadores do Real também é invocado. "Modric, Ramos, Benzema, Bale ... Nenhum se aproxima de seu melhor nível. Nem aqueles que devem dar um passo em frente, caso de Asensio e Ceballos. Da mesma forma, ano após ano, o Madrid tem perdido jogadores de alto nível cujo vazio não foi preenchido", diz a "Marca".

O alarme soou e a imprensa de Madrid reservou o 'day after' ao descalabro em Alavés para encontrar justificações para "doença grave" que aflige este Real Madrid. A (má) planificação desportiva; a saída de Ronaldo e a não contratação de um substituto à altura da história do clube; Lopetegui; os jogadores; a onda de lesões [Benzema e Bale sairam ontem lesionados] um pouco de tudo terá contribuido para este arranque penoso do Real.

Num inquérito que está a decorrer no site da "Marca", à hora do fecho deste artigo, a planificação desportiva era, de longe, a causa apontada como a principal razão para este momento negro do Real Madrid, recolhendo 58 por cento dos ventos. Em segundo lugar surgia Lopetegui, com 23 por cento. E à pergunta se o ex-treinador do FC Porto é o homem ideal para inverter a situação do Real Madrid, a opinião é clara: 66 por cento dos que participaram no inquérito acham que o ex-selecionador espanhol não reúne condições para devolver o Real Madrid ao caminho do êxito.

De acordo com a imprensa de Madrid, no entanto, Lopetegui não está em perigo, mas há muitas vozes dentro da direção, assegura a "Marca", que já estão a pedir uma mudança, "um cenário impossível, por enquanto, mas a confiança no técnico caiu para limites inesperados", pode ler-se este domingo.

Os registos negativos do Real depois da derrota com o Alavés são assustadores e a equipa de Lopetegui já faz parte da história negra do clube. Há 33 anos que o clube merengue não estava tantos jogos seguidos (4) sem conseguir marcar. É preciso recuar até 1985 para encontrar uma série de 5 jogos em queo Real Madrid não conseguiu festejar um golo numa partida. Mais: há dois anos que o Real não estava tantos jogos (4) sem vencer. Em 2016/17, porém, com Ronaldo, esteve também quatro jogos sem vencer. A pior (5) registou-se em 2008/09, com Juande Ramos como treinador.

O campeonato espanhol vai agora parar devido aos compromissos das seleções. O interregno vai ser longo no Bernabéu... O Real Madrid só voltará a jogar a 20 de outubro, quando receber em casa o Levante UD. Uma semana depois visita o Campo Nou. Será o teste de algodão para este Real Madrid de Julen Lopetegui. Como recorda o "as", foi precisamente o Barcelona que traçou o destino do último treinador do Real Madrid demitido com a temporada a decorrer, quando derrotou o Real de Benítez e começou a 'Era Zidane'.