Grande Futebol
O SC Braga armou-se em RoboCop mas esqueceu-se de controlar a cena
2018-08-16 23:15:00
Depois de ter chegado ao 2-1, a equipa bracarense não lidou bem com a "ratice" da equipa ucraniana

Numa daquelas conferências de imprensa em que costuma tirar da cartola uma frase desconcertante, o treinador do SC Braga Abel Ferreira disse um dia que Ricardo Esgaio era uma espécie de RoboCop, que não conseguia andar devagar. Pois bem, o empate com sabor a derrota do SC Braga com o Zorya não teve nada a ver com Esgaio, mas em termos coletivos foi isso que aconteceu esta quinta-feira à equipa bracarense que depois de ter estado duas vezes a ganhar, permitiu o empate e disse adeus à Europa, abrindo uma ferida na alma bracarense.

O SC Braga quis sempre jogar de tração à frente, mesmo quando chegou ao 2-1, e esqueceu-se de controlar o jogo, assumindo o risco quando o que aconselhava era colocar um travão ao ritmo de partida louca a que se assistiu a partir dos 65 minutos quando os minhotos abriram o marcador, com um golaço de João Novais na cobrança exemplar de um livre direto. O Zorya, diga-se, veio com a lição bem estudada, defendeu de forma compacta, e explorou bem o contra-ataque na segunda parte. Ganhou a aposta e agora vai defrontar o RB Leipzig no playoff da Liga Europa. Uma vez mais, começa a ser recorrente, quem teve mais posse de bola, o SC Braga (65 por cento contra apenas 35% da equipa ucraniana) não atingiu o objetivo.

Depois de uma primeira parte em que o SC Braga dominou o jogo por completo, mas sem conseguir criar oportunidades de golo flagrantes, muito por culpa de uma boa organização defensiva da equipa ucraniana, que atuou de uma forma muito compacta e só no último quarto de hora do primeiro tempo aventurou-se mais junto da área bracarense, a segunda parte trouxe um jogo mais aberto. Oito minutos loucos colocaram o SC Braga a vencer por 2-1. A equipa de Abel Ferreira chegou ao golo na altura mais difícil para a formação portuguesa, em que o Zorya estava a crescer no jogo e a aproximar-se da área arsenalista. Mas o génio de João Novais na cobrança de livres diretos (começa a ser um caso sério) abriu um caminho que parecia ir ser de felicidade, reforçando a vantagem dos bracarenses na eliminatória. Só que cinco minutos depois, Rafael Ratão empatou a partida num lance em que toda a defesa do SC Braga facilitou muito.

Com a eliminatória empatada, apenas três minutos depois do empate dos ucranianos veio o momento de magia de Ricardo Horta a colocar de novo o SC Braga em vantagem no jogo e na eliminatória. E foi a partir daqui que o SC Braga cometeu o pecado da gula, continuou de tração à frente quando podia ter tido mais contenção, até porque do outro lado estava uma equipa que se vinha revelando perigosa no contragolpe. Aos 83 minutos, muita passividade de novo do SC Braga no momento da transição defensiva e Karavaev, solto de marcação na pequena área, a empurrar a bola para o empate. Com pouco tempo para inverter o destino da eliminatória a favor, Abel Ferreira fez sair Diogo Figueiras e lançou Xadas, mandando a equipa ainda mais para a frente, acabando o jogo com três defesas. Mas foi tarde. O erro já tinha sido cometido. Uma ferida que se abriu por culpa própria.