Imagine o que é Pelé dizer à malta, depois de vencer o Mundial de 1970, onde se consagrou como um dos melhores de todos os tempos, o seguinte: "Eu não vou jogar no próximo Mundial, mas não se preocupem, porque já tenho um sucessor, chama-se Teófilo Cubillas." Por muito que o jovem peruano tivesse caído no goto dos brasileiros por ter fechado a porta do México 1970 à Argentina, a verdade é que "O Bebé" - como ficou conhecido o peruano que brilhou com as cores do FC Porto - não era "zuca".
O que se passou foi o seguinte. A seleção peruana eliminou a seleção argentina na qualificação para o Mundial de 1970 e os brasileiros enamoraram-se por esta equipa da risca vermelha, ainda por cima era treinada por Didi - duas vezes campeão do mundo pelo Brasil. Quer dizer, qual é o brasileiro que não acha piada a quem trata assim os argentinos? Acontece que nessa equipa peruana havia um jovem que se distinguia dos demais. Esse mesmo. Teófilo Cubillas.
Pelé tinha o caneco na mão - era o terceiro depois de 1958 e 1962 - e já tinha metido na cabeça que, para ele, era o fim. Não queria mais mundiais - e tinha apenas 29 anos. Foi aí que disse, aos amantes do bom futebol, que nada havia a temer, pois o seu sucessor estava na calha. Era Cubillas. O peruano marcou cinco golos no Mundial - um deles frente ao campeão Brasil - e em certa medida era muito parecido ao próprio Pelé. Rápido a executar e mais rápido ainda a pensar.
O lendário número 10 brasileiro cumpriu e não esteve no Mundial de 1974, na Alemanha Ocidental, mas falhou numa coisa: o seu sucessor também não foi. O Peru não conseguiu repetir a façanha de 1970 e ficou de fora do torneio. Mas calma, a história de Cubillas e os Mundiais não fica por aqui. Muito pelo contrário. O jogador que fez as maravilhas dos portistas entre 1973 e 1977 figura numa lista muito restrita. Ao marcar outros cinco golos no Campeonato do Mundo de 1978 tornou-se, então, como o único jogador a marcar cinco ou mais golos em dois mundiais. Tendo apenas sido igualado, depois, por dois alemães: Klose (2002 e 2006) e Müller (2010 e 2014).
Percurso rumo à Rússia 2018
Como quinto classificado da zona sul-americana de apuramento para o Mundial da Rússia - deixando de fora o bicampeão sul-americano, Chile -, o Peru teve de disputar um play-off com o representante da Oceânia, neste caso a Nova Zelândia. Com um empate a zero em Wellington, aos peruanos bastava um empate com golos para poderem regressar a um Mundial 36 anos após a última participação. A verdade é que os sul-americanos fizeram melhor e venceram por 2-0. Golos de Jefferson Farfán e Christian Ramos.
Jogador a seguir: Paolo Guerrero
É verdade que tem 36 anos. É verdade que andou metido em coisas menos dignas - fora dos relvados. É verdade que há muito que está afastado dos palcos europeus. Mas caramba, já viram o homem jogar? De costas para a baliza não há como ele. Segura a bola como ninguém e só lha tiram à pantufada. Há outros jovens de valor na equipa peruana? Com Certeza que sim, mas Guerrero é o arquétipo do ponta-de-lança que joga para a equipa e se há jogador que nós estamos à espera de ver neste Campeonato do Mundo, ele é Paolo Guerrero.
Convocados
Guarda-redes: Pedro Gallese (Veracruz/Mex), José Carvallo (UTC), Carlos Cáceda (Municipal)
Defesas: Luis Advíncula (Lobos/Mex), Miguel Araujo (Alianza Lima), Aldo Corzo (Universitario), Nilson Loyola (Melgar), Christian Ramos (Veracruz/Mex), Alberto Rodríguez (Junior/Col), Anderson Santamaría (Puebla/Mex), Miguel Trauco (Flamengo/Bra)
Médios: Pedro Aquino (Lobos/Mex), Wilmer Cartagena (Veracruz/Mex), Christian Cueva (São Paulo/Bra), Edison Flores (Aalborg BK/Din), Paolo Hurtado (Vitória Guimarães/Por), Andy Polo (Portland Timbers/USA), Renato Tapia (Feyenoord/Hol), Yoshimar Yotún (Orlando City/USA)
Avançados: André Carrillo (Benfica/Por), Raúl Ruidíaz (Morelia/Mex), Jefferson Farfán (Lokomotiv/Rus), Paolo Guerrero (Flamengo/Bra).
Onze provável:
Treinador: Ricardo Gareca
