Grande Futebol
"Não és o Pelé". Harison recorda 'bronca' de Jorge Jesus
2020-01-03 18:55:00
Médio brasileiro trabalhou com o treinador na União de Leiria

Harison, médio brasileiro que trabalhou com Jorge Jesus na União de Leiria, apontou a exigência como o segredo para o sucesso do treinador do Flamengo.

Como exemplo, nesta entrevista à 'ESPN', o reforço leiriense nessa época de 2005/06 contou a 'bronca' que recebeu logo no primeiro treino.

"Eu comecei a segurar demais a bola. Ele parou a sessão e falou: ‘Tu não és o Pelé! Tens que tocar a bola’. Todo o mundo começou a rir-se", revelou.

Com o tempo, Harison entendeu o que Jorge Jesus pretendia.

"Em Portugal, não dá para prender tanto, porque a marcação é muito mais forte. Daí, ele me puxou para trás e me colocou de segundo 'volante'", explicou.

O médio tinha chegado como estrela a Leiria, mas aceitou com humildade as ordens do treinador.

"Eu poderia ter ficado p... e não ter feito o que ele queria, mas não iria jogar. Infelizmente, o jogador brasileiro é meio cabeçudo. A Europa acaba por mudar a gente", sustentou.

Ao olhar para o Flamengo, Harison revê-se em Gerson, cujo jogo evoluiu de forma semelhante sob a orientação de Jorge Jesus.

 

"Ele falava que, quando eu tocava a bola rapidamente, desmontava o adversário. Ele pediu para as jogadas saírem do meu pé, porque eu era um criador. Ele dizia que eu era um pouco lento e não iria conseguir fazer o que ele queria na frente. Eu tinha um passe muito bom, não perdia a bola e encontrava a solução para a equipa sair a jogar", descreveu.

Harison deixou de marcar com a regularidade que manteve no Ponte Preta, mas somou "mais de 20 assistências" em Leiria, mérito da exigência do treinador..

 

"Ele cobra demais para acertarmos os passes. A gente treinava até mesmo no dia dos jogos as situações de jogo e o posicionamento. Coisas que nunca vi em nenhum país no mundo. O Jesus corria com a gente e colocava estacas no campo para posicionamento. Ele gostava de automatizar o sistema dele de jogo nas nossas cabeças", lembrou.

A essa exigência, Jorge Jesus associa a justiça no tratamento do plantel.

"Ele não gosta de privilégios e nem que o cara seja humilhado. Mesmo quem está na reserva não se sente rejeitado. A mesma dura que ele dá no astro ele dá no reserva. Tem técnico que só liga para os titulares, o Jesus deseja ver os caras crescerem. Por exemplo, o Reinier estava dando vários toques de calcanhar e poderia errar. Ele falou aquilo e o moleque evoluiu muito em pouco tempo", concluiu Harison.