Grande Futebol
Mkhitaryan, o homem que tem muitos sonhos, mas que pelo menos não confunde Belém
2018-01-24 19:55:00
Mkhitaryan cumpre um sonho sempre que assina por um novo clube, o que nos leva a pensar: e se um dia for o Belenenses?

Henrikh Mkhitaryan é um homem de vários sonhos. Só assim se percebe que, sempre que é concluída uma transferência na qual o arménio é personagem principal, o mesmo admita sempre estar a cumprir um sonho de criança. Sim, sabemos que tanto Borussia Dortmund, Manchester United e Arsenal são três dos maiores e mais importantes clubes europeus, mas… calma com isso, Henrikh. Naturalmente, as palavras do arménio não passaram despercebidas à impiedosa armada das redes sociais e Mkhitaryan tornou-se por estes dias um dos alvos preferidos da mesma. Na ânsia de querer dizer a coisa certa e agradar aos adeptos, ou talvez por ser um momento de pressão, a coisa nem sempre corre bem. Ou talvez estejamos a ser injustos ou Mkhitaryan é realmente um homem de vários sonhos. O arménio, porém, não é o único…

Já que estamos nisto, lembra-se daquela história do jogador brasileiro que chegou ao Belenenses e admitiu estar muito feliz por ingressar no clube da terra que viu Jesus Cristo nascer? Certamente já a ouviu em algum momento da vida. Aconteceu com Djair, em 2002, mas já vários anos antes tal havia sucedido. Voltemos ao Restelo. Ou a Belém, mais precisamente. A história realmente aconteceu, as palavras foram proferidas, mas, antes disso, noutro país, noutro continente e, até, noutro hemisfério.

Apresentamos o primeiro a confundir Belém... A frase realmente aconteceu e, pelo menos, o nome da localidade bate certo. Foi efetivamente uma das gaffes mais… brilhantes alguma vez proferida por um futebolista, só não aconteceu somente aquando da chegada de algum jogador ao Belenenses. Tudo remonta aos anos 70 quando o Internacional de Porto Alegre foi ao terreno do Paysandu disputar uma jornada do campeonato Brasileiro. 1972 para ser mais preciso. O jogador? Claudiomiro. Na altura, um jovem avançado de 22 anos que faria praticamente toda a carreira pelo Beira Rio e que para sempre ficou eternizado no estádio do Internacional. O “Bigorna”, como ficou conhecido, foi o autor do primeiro golo do estádio do Internacional, numa vitória por 2-1 do emblema de Porto Alegre frente ao Benfica. Claudiomiro que chegou mesmo a contar cinco internacionalizações pela seleção brasileira nos anos 70.

Voltemos à história. Como dizíamos, o Internacional foi ao terreno do Paysandu disputar um encontro do Brasileirão e foi então que Claudiomiro se saiu com a célebre frase: “Tenho o maior orgulho de jogar na terra onde Jesus Cristo nasceu”. Ora, tudo porque o Paysandu está sediado em… Belém. Belém, capital do estado do Pará, pois claro. Essa acabou não ser a única frase marcante da carreira de Claudiomiro que deixou de jogar futebol aos 29 anos devido a problemas físicos.

Podemos contar mais uma? Óptimo. Mantemo-nos pelo Brasil. Fabão, antigo defesa central que passou pela liga espanhola entre 2000 e 2002 ao serviço do Betis e do Córdoba, quando em 1998 deixou o Bahia para ingressar no Flamengo afirmou que a partir daí o seu coração só tinha uma cor: rubro-negra. Pois… tal como João Pinto, ex FC Porto também o disse. Azul e branco, no seu caso. Melhor, só mesmo quando Gustavo Nery, acabado de sair de uma experiência falhada no Werder Bremen, assinou pelo Corinthians a afirmou estar “muito feliz de jogar na Sociedade Esportiva Corinthians”. Naturalmente, querendo dizer Sport Club Corinthians, já que Sociedade Esportiva são os primeiros nomes do… Palmeiras, rival e arqui-inimigo do Timão. A geografia que não parece mesmo ser o forte de alguns jogadores brasileiros. Em 2003, Váldson, antigo defesa do Botafogo e Flamengo, chegou ao Querétaro do México e afirmou estar a cumprir um sonho ao chegar ao futebol europeu.

Como vês, Henrikh, não estás sozinho. E, tudo isto, somente em conferências de imprensa relativas a transferências, já que de frases emblemáticas (ou gaffes emblemáticas para sermos mais precisos) proferidas por jogadores está o Mundo do futebol cheio. Portanto, Henrikh, não te sintas mal mesmo que da próxima vez que sejas transferido não digas algo: “é um sonho tornado realidade pois sempre sonhei em jogar pelo Arsenal”, ou “esta transferência é um sonho que cumpro” como tweetou quando chegou a Manchester ou, até, quando chegou a Dortmund via Donetsk para também cumprir um sonho.

Um homem de muitos sonhos, este Henrikh Mkhitaryan. O bizarro da transferência para o Arsenal, porém, não fica por aqui. O arménio irá ter de utilizar dois números diferentes esta temporada, já que apesar de assumir o ‘7’ que era de Alexis Sánchez na Premier League, a UEFA não permite que o mesmo número seja utilizado por dois jogadores diferentes nas competições internacionais. Ou seja, Mkhitaryan terá um número diferente na Premier League e na Liga Europa. Como se uma troca por troca entre jogadores do Arsenal e do Manchester United já não fosse suficientemente estranha… Vamos esperar que Mkhitaryan assine pelo Belenenses um dia.