Grande Futebol
Mbappé: o corte de cabelo à Zidane, os pósteres de Ronaldo e o recorde de Pelé
2018-07-16 15:10:00
Mbappé nem era nascido quando a França foi campeã do mundo em 1998 e aos 19 anos igualou o feito do ídolo Zidane.

Para conhecer a história de Kylian Mbappé terá que ouvir falar de Cristiano Ronaldo, de Zidane… e de um tal Pelé. O miúdo que acabou de se sagrar campeão do mundo com apenas 19 anos e levou para casa também o prémio de melhor jogador jovem da competição tem como ídolos alguns dos maiores craques do desporto rei. Foi graças a Zidane que Mbappé começou a gostar de futebol e quão irónico é que o jogador do Paris Saint-Germain tenha conquistado o Mundial com a camisola 10 vestida, precisamente a mesma que o ex-técnico do Real Madrid envergava quando os gauleses venceram o torneio pela primeira vez, há 20 anos atrás.

A caminhada de sonho de Mbappé neste Campeonato do Mundo começou a fazer-se cedo, caso da exibição que registo diante da Argentina, que fez correr tinta por todo o mundo. No entanto, foi este domingo que o jovem avançado ascendeu ainda mais ao topo do Olimpo do desporto rei, ao igualar uma marca que até então somente pertencia a Pelé. O golo que Mbappé marcou nos 4-2 da França perante a Croácia, na final, fê-lo entrar para a História, ao tornar-se no segundo jovem com menos de 20 anos a marcar na  final de um Mundial. Quem foi o outro jogador a fazê-lo? Pelé, claro está, há 60 anos atrás. O feito do atacante gaulês mereceu palavras do ídolo canarinho. “Se o Kylian continuar a igualar os meus recordes assim, terei que tirar a poeira das minhas chuteiras novamente”, pode ler-se na conta de Twitter de Pelé, que obteve resposta do miúdo. “O rei irá sempre permanecer rei”, escreveu Mbappé.

Uma dos momentos mais impactantes de Mbappé até agora teve Cristiano Ronaldo como protagonista. Dizem que uma imagem vale mais do que mil palavras e a fotografia de Mbappé no quarto com as paredes forradas com pósteres do internacional português nem necessita de descrição. “É um herói da minha infância e foi fantástico conhecê-lo quando visitei Valdebebas”, referiu o francês durante a temporada passada ao diário ‘Marca’, antes de um duelo entre Real Madrid e Paris Saint-Germain para a Champions. De facto, foi com 14 anos que o gaulês conheceu o português, quando esteve uma semana a treinar nas camadas jovens dos merengues.

Mbappé nasceu em 1998, ano de glória para os franceses, e cresceu em Bondy, nos subúrbios de Paris, a ouvir falar da magia com a bola nos pés de Zinedine Zidane e dos golos que o antigo internacional gaulês marcou na final do Mundial desse ano frente ao Brasil. Estranho era se ‘Zizou’ não tivesse sido o primeiro ídolo do miúdo de 19 anos. De facto, até foi ele quem fez Mbappé começar a gostar de futebol. “Aquele que me fez gostar de futebol foi Zidane. Depois, tive vários outros ídolos, mas o Zidane foi o meu primeiro”, revelou Mbappe à ‘Eurosport’ em 2017.

Mbappe até queria ter o cabelo como Zidane… mesmo que o corte do ex-jogador não fosse propriamente uma escolha premeditada. “Nessa altura, eu estava um pouco no meu mundo e foi por isso que queria ter o mesmo corte de cabelo que ele. Porque quando adoras um jogador, queres fazer tudo como ele. Se ele comer espinafres, um miúdo vai comer espinafres mesmo que não goste. Eu queria fazer tudo como ele e como não sabia o que era ficar careca, pedi ao cabeleireiro para cortar o meu cabelo da forma como ele tinha, e pensaram que estava maluco”, confidenciou Mbappé ao ‘RMC Sport’.

Durante o Mundial que agora chegou ao fim também se ficou a conhecer a natureza humilde de Mbappé, que doou todos os ganhos monetários durante a competição, assim como o prémio de vencer o troféu, a uma instituição de caridade que oferece apoios desportivos para crianças hospitalizadas e incapacitadas. “Para mim, o futebol é mais do que um desporto, basta olhar para o impacto que tem na sociedade. As pessoas chegam ao estádio e esquecem as suas vidas por 90 minutos, e cabe-nos a nós dar-lhes essa satisfação, levantá-los das cadeiras e irem dormir com estrelas nos olhos. Quando era mais novo, haviam jogadores que eu adorava ver e agora estou eu nesse papel. É o prazer do jogo, marcar, fazer o colega de equipa brilhar. Quando fazes aquilo que amas, não queres ser um passageiro: não sacrificaste a tua vida para ser um extra… espero deixar a minha marca no futebol”, salientou o melhor jogador jovem do Mundial em declarações ao ‘Le Monde’.