Grande Futebol
Marco Rose aprendeu com Klopp a "caçar" a bola e deu vida ao futebol austríaco
2018-05-03 18:15:00
O treinador do RB Salzburgo foi jogador do atual treinador do Liverpool FC e pode seguir-lhe os passos

Há quem defenda que o sucesso de um treinador não se mede apenas pelos títulos conquistados. O legado de Johan Cruyff como treinador, por exemplo, vai muito além dos troféus que conquistou. Mais do que qualquer pedaço de prata que o revolucionário holandês tenha conquistado, o que fica, de Cruyff, é o estilo e a inspiração que serve a outros treinadores. Pois bem. Isto para dizer que há que ter o olho em Marco Rose, treinador do semifinalista da Liga Europa, RB Salzburgo, que foi treinado por Jürgen Klopp no FSV Mainz e que já se fala que pode ser o próximo treinador do Borussia Dortmund.

E o que tem a ver o legado de Johan Cruyff com a carreira promissora de Marco Rose? Nada, é certo. O mítico treinador holandês serviu para explicar que há líderes que marcam pelo carisma e pelo que provocam nos outros e nessa perspetiva faz sentido abordar a influência que Jürgen Klopp tem em quem com ele trabalha. E o atual treinador do RB Salzburgo é um deles. Marco Rose tem tido um papel fundamental na reformulação deste clube/empresa. Venceu a UEFA Youth League na temporada passada, com os juniores, e esta temporada tomou de assalto a Europa dos grandes.

“Eu tive a sorte de trabalhar com grandes treinadores. Cruzei-me com Jürgen Klopp e Thomas Tuchel”, disse Marco Rose em declarações ao jornal inglês “Mirror”. O atual treinador do Liverpool FC começou a sua carreira como técnico no banco do FSV Mainz, da Alemanha. Foi lá que que encontrou Marco Rose, na altura um defesa mediano, mas com uma capacidade de liderança reconhecida por Klopp. Foi por esta altura que os laços entre os dois se começaram a formar. “Nós conversamos regularmente, como amigos”, disse Rose, de 41 anos.

A influência de Jürgen Klopp em Marco Rose pode identificar-se na forma voraz como o RB Salzburgo procura "caçar" a bola no momento que a perde, ou, a rapidez com que varia o centro do jogo. Este são alguns aspetos que Marco Rose admitiu reter dos tempos que trabalhou com Klopp, mas há mais: “Eu conheço o Klopp como treinador e como pessoa. Tudo o que ele faz tem de ser a 100 por cento, e uma das grandes virtudes dele é conseguir passar para os jogadores todo o entusiasmo que ele tem. E os jogadores acreditam nele”, explicou Rose, lembrando os tempos que trabalhou com Klopp numa equipa de segundo plano do panorama alemão.

Mas a história de Marco Rose como treinador é ainda uma brincadeira de crianças. Teve uma passagem fugaz como treinador adjunto da equipa B do FSV Mainz quando colocou um ponto final na sua carreira de jogador. O passo mais importante deu-o uns anos depois, quando aceitou trabalhar nos escalões de formação do RB Salzburgo. Um clube reformado nas costas do antigo Áustria Salzburgo com o suporte financeiro da Red Bull, conhecida marca de bebidas energéticas.

O investimento, da referida empresa, no clube é evidente, mas faremos justiça se afirmarmos que tem sido um investimento racional e com um fio condutor. Apostou-se nas infraestruturas e nos escalões de formação. Construiu-se a base para o futuro de um clube que tem dominado o futebol austríaco na última década e que agora surge na cena internacional colhendo os frutos do trabalho pensado e estruturado durante anos. E é aqui que entra Marco Rose, o treinador que se mostrou na UEFA Youth League da temporada transata e que recolocou o futebol austríaco no mapa internacional.

O modelo de gestão da Red Bull tem encaixado com o perfil de Marco Rose. Mais do que garantir o concurso de jogadores de nome feito, a empresa aposta em jovens valores com potencial. Fê-lo em Salzburgo e em Leipzig, a outra equipa sob os comandos da Reb Bull no panorama europeu. E Rose aproveitou da melhor maneira a oportunidade que lhe foi dada na equipa sub-19 do RB Salzburgo. Intrometeu-se entre os gigantes da Europa e bateu o Benfica na final da competição da UEFA em 2016/17.

Este ano foi-lhe entregue a equipa principal. Percebeu quem manda, que seria a pessoa ideal para fazer a transição para profissional de grande parte dos jovens craques que haviam conquistado a Europa dos “pequeninos”. As coisas não poderiam ter corrido melhor para Marco Rose. Se internamente, conquistar a liga não é um feito único, o facto de ter guiado a equipa às meias-finais de uma competição europeia, recolocando o futebol austríaco no mapa internacional, tem de ser relevado.

Mas o sucesso de Rose não se mede apenas pelo sucesso desportivo. O caráter positivo do futebol praticado pelo RB Salzburgo é uma evidência. Um equipa de futebol vertiginoso e sempre com os olhos nas balizas adversárias. O estilo imposto por Marco Rose lembra o Borussia Dortmund dos tempos de Klopp, uma equipa muito pressionante e que ataca sempre com muitos homens. E esta comparação com o clube alemão não é inocente. Correm já alguns rumores que Marco Rose é uma forte possibilidade para se sentar no banco do Borussia, já na próxima temporada.

Certeza só há uma: Mraco Rose já está identificado e se não for treinador do Borussia Dortmund na próxima temporada, outros clubes existirão de olho neste técnico que gosta de jogar ao ataque e que detesta perder a bola.