Grande Futebol
Luís Campos. Português é responsável por dois defesos históricos em França
2019-08-01 18:25:00
Diretor desportivo conseguiu que Mónaco e Lille tivessem os melhores períodos de transferência das suas histórias

Luís Campos é, por estes dias, um nome de sucesso na Ligue 1, em França. Depois do trabalho realizado ao serviço do Mónaco - que culminou com a conquista do campeonato em 2017 - o diretor desportivo chegou ao Lille para, em dois anos, estar no centro do melhor verão de clube no que à venda de jogadores diz respeito: cerca de 150 milhões de euros. 

No dia em que Rafael Leão e Nicolas Pépé abandonam o emblema francês, o jornal 'AS', de Espanha, dedica um artigo ao "estratega que colocou várias equipas francesas na montra dos grandes clubes da Europa". 

"O método de Luís Campos começou a construir-se no Principado. Antes do seu desembarque na Ligue 1, o diretor desportivo esteve uma temporada no Real Madrid, onde trabalhou como observador. Mourinho viu nele um enorme talento para recrutar jogadores e não hesitou em levá-lo para a capital espanhola para conseguir informações sobre jovens atletas. Porém, Luís Campos não se sentiu cómodo e decidiu mudar-se para o país vizinho", enquadra o jornal. 

A aparição de Dimitri Ryboloblev no Mónaco 'revolucionou' o campeonato francês. Decidido a ombrear com o Paris Saint-Germain, os monesgascos recrutaram nomes como Falcao, James Rodriguez, João Moutinho ou Abidal, o que chamou as atenções da Europa do futebol. Meses mais tarde, após problemas financeiros, o milionário viu-se obrigado a inverter a política de transferências. Luís Campos foi o escolhido para assumir o cargo de diretor desportivo. 

Privado dos milhões de Ryboloblev, o português apostou em jogadores jovens e 'mais em conta' que no anterior defeso: Thomas Lemar, Bernardo Silva, Sidibé, Mendy ou Glik. Escreve o 'AS' que Luís Campos foi ainda preponderante para que Mbappé renovasse com o Mónaco e se tornasse numa das figuras do plantel. 

Em resultado, Leonardo Jardim comandou o Mónaco à conquista de uma histórica liga, em 2017, além de alcançar as meias-finais da Liga dos Campeões, depois de eliminar equipas como o Borussia Dortmund e o Manchester City. No final dessa época, o Principado viu 'fugir' as principais estrelas da equipa: entre outros, Mendy e Bernardo Silva rumaram ao Manchester City e Bakayoko mudou-se para o Chelsea. Em resumo, mais de 200 milhões de euros em vendas, o valor mais alto na história do clube, e um novo desafio para Luís Campos. 

A cerca de 800 quilómetros de distância, o diretor desportivo era, à época, o homem forte das transferências de Marcelo Bielsa. O Lille reforçou-se com Nicolas Pépé (10 milhões de euros), Thago Mendes (nove milhões) e Kévin Malcuit (nove milhões), três das suas escolhas no primeiro verão no novo clube. A temporada não correu de feição - Bielsa nunca teve um feitio fácil - e Luís Campos assumiu mais protagonismo no verão seguinte, em 2018. 

Detentor de toda a responsabilidade para as transferências, o português viu-se ainda de 'braços atados' perante as regras do fair-play financeiro que o clube enfrentava. Porém, chegaram ao norte de França jogadores como Ikoné (cinco milhões de euros) e Celik (dois milhões). Jonathan Bamba assinou a custo zero, bem como os portugueses Rafael Leão e José Fonte. 

"Com um investimento de apenas oito milhões de euros e tendo recebido 69, o Lille realizou num dos melhores defesos da sua história. Ikoné, Bamba e Pépé multiplicaram o valor do investimento, o que aconteceu com Thiago Mendes e Rafael Leão, jogadores desconhecidos mas que em pouco tempo, graças à confiança de Campos, mostraram todo o seu potencial na Ligue 1", escreve o AS. 

Esta quinta-feira, confirmados os negócios de Rafael Leão para o Milan e Nicolas Pépé para o Arsenal, o Lille conseguiu o melhor período de transferências (em vendas) da sua história: mais de 150 milhões de euros. Thiago Mendes foi comprado por nove milhões e vendido por 22 para o Lyon; Koné, que custou um milhão, seguiu os passos do colega a troco de nove milhões; Pépé viu os 10 milhões investidos nele valerem hoje 80 para o Arsenal e Rafael Leão, que chegou a custo zero, custou 35 milhões aos cofres do Milan. 

"O Lille conseguiu receber a maior quantidade de dinheiro da sua história. Como no Mónaco, ambos têm uma figura em comum: Luís Campos. As mais-valias do português permitiram que a equipa do norte de França recebesse valores impensáveis há um ano. (...) Em resumo, Luís Campos é um estratega que colocou várias equipas francesas na montra dos grandes clubes da Europa", remata o jornalista Andrés Onrubia.