Grande Futebol
Líder de sindicato alerta para 1200 mortes na construção de estádios no Catar
2018-10-14 17:50:00
Números divulgados por Christian Gabrielsen, líder do Sindicato de Trabalhadores da Construção Civil da Noruega

Se se fizesse um minuto de silêncio por cada trabalhador morto em acidentes durante a construção dos estádios para o Mundial do Catar de 2022, os primeiros 44 jogos da competição seriam jogados em total silêncio. Foi a esta conclusão que chegou o Sindicato de Trabalhadores da Construção Civil da Noruega, que aponta para 1200 mortes em acidentes de trabalho durante a construção dos recintos que vão receber a maior competição de futebol do Mundo.

Foi com grande perplexidade que grande parte dos amantes do desporto rei recebeu a notícia de que o Campeonato do Mundo de 2022 ia ser organizado no Catar. Não se explica com facilidade porque diabo um pequeno país com pouco mais de 2 milhões de habitantes superou a Austrália na corrida à realização de uma dos maiores certames do planeta. Não seria mais lógico entregar a organização do Mundial a uma nação que está genuinamente interessada em desenvolver a prática do futebol entre a sua gente? Fica a questão.

 

Um estádio a cada 100 quilómetros

A decisão da FIFA em entregar um Mundial a um país que terá um estádio a cada 100 quilómetros, dada a sua reduzida superfície, foi recebida com algum ceticismo. O cenário ficou ainda mais negro quando uma série de investigações, levadas a cabo pelo FBI, apontaram para um esquema de corrupção montado para garantir que o Catar receberia a organização do Campeonato do Mundo de 2022.

A verdade é que se fez tábula rasa de todas as suspeitas e a organização do Mundial de 2022 será mesmo da responsabilidade do Catar. Nem que para isso se tenha de disputar durante o inverno. Exatamente. O próximo Mundial será disputado entre os meses de novembro e dezembro. Isto porque seria impossível jogar futebol debaixo das altíssimas temperaturas que se fazem sentir no Catar durante os meses de verão.

 

Direitos humanos em perigo

Porém, todos estes argumentos parecem de somenos quando comparados com questões que afetam os direitos humanos e as condições precárias oferecidas aos trabalhadores migrantes que ajudam na construção dos estádios. De acordo com Hans-Christian Gabrielsen, presidente do Sindicato de Trabalhadores da Construção Civil da Noruega, estima-se que cerca de 1200 trabalhadores tenham morrido em acidentes de trabalho durante a construção dos estádios para o Mundial de 2022.

Gabrielsen foi mais longe ao afirmar que "se se fizesse um minuto de silêncio por cada trabalhador morto em acidentes durante a construção dos estádios para o Mundial do Catar de 2022, os primeiros 44 jogos da competição seriam jogados em total silêncio". Isto era praticamente a totalidade da fase de grupos. Um dado estatístico que vai muito além das 21 mortes confirmadas durante a construção dos estádios para o Mundial da Rússia que se disputou no passado verão.

"A mão de obra migrante é um dos maiores desafios que os sindicatos internacionais enfrentam nos dias de hoje. O crescimento da globalização económica significa que cada vez mais haverá trabalhadores migrantes", acrescentou Hans-Christian Gabrielsen em declarações publicadas na sua página de Facebook. "Infelizmente as histórias dos trabalhadores no catar não são caso único. É o dia-a-dia de centenas de milhares de trabalhadores migrantes em todo o Mundo", pode ainda ler-se.