Grande Futebol
Jogar futebol profissional aos 50 anos? Chamem o Tsubasa da vida real
2018-01-13 15:35:00
Miura tem 89 internacionalizações pelo Japão, mas só conseguiu jogar num Mundial... com sapatilhas, ou seja, de futsal.

Quem está na casa dos 20 ou 30 anos e nunca viu os desenhos animados “Oliver e Benji” (Captain Tsubasa, em inglês) que se acuse. Como personagem principal, entre um grupo de jovens jogadores japoneses de ficção, estava Oliver Tsubasa, com o sonho de um dia ser futebolista e de sair do país natal para rumar ao Brasil. Da ficção para a realidade… existe, por terras nipónicas, o caso de Kazuyoshi Miura, uma das maiores figuras do desporto rei, que ainda joga profissionalmente aos 50 anos e que prosseguiu o sonho de ser futebolista com uma ida para o Brasil aos 15 anos.

O jogador conhecido popularmente como “Rei Kazu” vai para a 33.ª temporada como futebolista profissional, depois de ter sido anunciada a sua renovação de contrato com o Yokohama FC, da segunda divisão japonesa. Miura, que faz 51 anos a 26 de fevereiro, é o mais velho futebolista a competir profissionalmente no país e o estatuto de quinquagenário não o faz querer parar de evoluir neste fenómeno que conhecemos como desporto rei. “Vou sempre jogar com o meu coração e espero continuar a crescer” referiu Miura aquando da extensão de contrato por mais uma temporada.

Recuemos então no tempo… vários anos. Em 1982, então com 15 anos, Kazu Miura deixou o Japão e embarcou numa viagem que tinha como primordial intuito servir de rampa para uma carreira de renome mundial. O japonês foi para a “ordem e progresso” do Brasil para jogar nas camadas jovens do Clube Atlético Juventus. Quando chegou a sénior, rumou ao Santos e passou ainda por outros clubes como o Matsubara, o Clube de Regatas Brasil, o Esporte Clube XV de Novembro de Jaú, o Coritiba e novamente o Santos. Aquilo que procurava desde novo não conseguiu encontrar por terras canarinhas e o cenário que se seguiu foi o regresso ao país do sol nascente… pela mão do Tokyo Verdy.

Miura viu então o sonho brasileiro terminar aos 23 anos, mas quatro épocas depois do regresso ao Japão, surgiu uma nova aventura na carreira. Dessa feita, foi a Europa, através do Génova CFC. 22 jogos e um golo depois, voltou ao Japão e ainda passou pelo Dínamo Zagreb, também sem sucesso. Ainda assim, o legado do “Rei Kazu” é inigualável por terras nipónicas. Chegou ao Yokohama com 37 anos, ainda teve uma breve passagem pela Austália, mas é na terra natal que sustenta a sua lenda.

Internacional pela seleção japonesa em 89 ocasiões (com 55 golos marcados!), em Miura existe o desgosto de nunca ter jogado num Campeonato do Mundo de futebol, competição que conseguiu disputar, mas em futsal (com 45 anos, fez parte da seleção japonesa no Mundial de futsal disputado na Tailândia). Daqui a cerca de um mês, chega o aniversário número 51 para Kazuyoshi Miura. Depois de ter realizado 12 jogos pelo Yokohama em 2017, o que se segue? Ao que tudo indica, continuar a pisar os relvados, pois o jogador já manifestou a vontade de jogar profissionalmente até aos 60 anos. Um verdadeiro regalo para os amantes do desporto rei e uma prova viva da longevidade pela qual é conhecida o povo japonês.