Grande Futebol
Jogadores regressam ao trabalho na China "com medo de se aproximar"
2020-04-02 20:45:00
Revelação de Canavarro, treinador do Guangzhou Evergrande

O regresso aos treinos do Guangzhou Evergrande contou com “jogadores com medo de se aproximarem”, revelou hoje o treinador Fábio Canavarro, certo de que o campeonato não recomeçará nos próximos meses face à covid-19.

“Estamos a começar a sair e a treinar. O primeiro dia foi muito esquisito, os jogadores tinham medo de se aproximarem. Tirei a máscara para lhes dizer que fizemos quarentena e estamos prontos para treinar, para tentar fazer uma vida normal”, contou o técnico italiano.

Em conversa nas redes sociais com o ex-guarda-redes Iker Casillas, agora na estrutura do FC Porto, Canavarro assumiu que, apesar de os treinos terem começado, “o governo chinês disse que nos próximos meses o desporto não vai regressar”, pelo que a competição “não vai começar sem se matar este vírus”.

Na Europa, onde a pandemia está ainda a crescer, a UEFA deu às várias federações como limite o fim de julho para se terminarem os campeonatos.

O capitão da seleção de futebol de Itália no Mundial 2006 da Alemanha diz que “a pouco e pouco a vida volta ao normal” na China, agora feita com novos hábitos.

“Sempre que alguém entra num lugar público é-lhe tirada a temperatura”, ao mesmo tempo que dão “em todo o lado material para limpar as mãos”.

O rigor quanto à forma de abordar a pandemia é geral: “Ao entrarmos na cidade desportiva até o carro nos desinfetam. Este vírus dá muito que pensar e até mudou a forma de irmos a um restaurante ou bar.”

O treinador informou que agora “praticamente não há europeus” no futebol chinês, até porque “o governo fechou a entrada a todos eles”.

“A minha família ficou em Nápoles e gostava de os ver, mas esta é a forma de matar o vírus e aqui deixaram isso muito claro. E acho que fizeram muito bom trabalho”, reconhece.

Canavarro sugeriu à Europa que veja o exemplo chinês na forma de tratar a pandemia, considerando que a Itália e a Espanha poderiam ter poupado muitas vidas se tivessem “fechado cidades logo no primeiro dia” de contágio.